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Amir Labaki
labaki@uol.com.br
  23 de novembro
  Oscar 2001: O mundo contra Ang Lee
  Quem vai concorrer com Ang Lee? É esta a verdadeira questão por trás da lista recorde de 46 filmes indicados para a disputa do Oscar de melhor filme estrangeiro (clique aqui para ler a relação completa).

O novo membro do clube é o Equador, que indicou "Sonhos do Meio do Mundo" de Carlos Naranjo Estrella. O Brasil, por sua vez, jogou sua mais forte carta: "Eu Tu Eles" de Andrucha Waddington.

Tudo muito bonito, mas a competição nunca pareceu tão previsível. Há um e apenas um favorito, até mais do que era "A Vida É Bela" há dois anos e tanto quanto "Tudo Sobre Minha Mãe" no ano passado. É "Crouching Tiger, Hidden Dragon", com o qual Ang Lee (Razão e Sensibilidade) representa sua Taiwan natal.

Lee estréia aqui no mais mítico e típico gênero chinês, o "wu xia", equivalente lá ao faroeste americano. Trata-se do tradicional filme de artes marciais, aqui turbinado com balés aéreos que tornam "Matrix" um exercício de sapateado.

"Crouching Tiger" só chega no Natal às telas americanas mas já despontou com um dos favoritos da safra 2000 para a crítica. Com estupenda carreira comercial na Ásia, o novo Ang Lee desembarcou no Ocidente colhendo aplausos em cena aberta nos festivais de Cannes (como hors concours) e Toronto. Parece ter a combinação certa de tempero nacional e apelo universal que encanta a Academia. Os Oscars nas estantes de Benigni e Almodovar estão ai para comprovar a tese.

Cumpre, assim, atirar a toalha? Não é simples assim. O valor mercadológico de uma indicação ao Oscar não pode ser desprezado. Não se pode dizer que uma vaga entre os cinco concorrentes atrapalhe a carreira de alguém. E milagres, sob a forma de mancadas da Academia, por vezes confundem-se com a história do Oscar.

"Eu Tu Eles" me parece bem posicionado para ficar entre os cinco finalistas.

É o concorrente latino-americano com melhor currículo (roteiro com selo Sundance, sucesso em Cannes e Toronto, prêmios mundo afora etc.). Não que esteja sozinho: o mexicano "Amores Perros", de Alejandro Gonzalez Inarritu, o chileno "Coronación", de Silvio Caiozzi, e o argentino "Felicidades", de Emilio Bender, nesta ordem, têm deixado boa impressão no circuito de festivais.

Uma certa ajuda vem da timidez da própria lista. Apenas dois outros títulos parecem inevitáveis: a deslumbrante melancolia de "Amor à Flor da Pele", de Wong Kar-Wai (Hong Kong), e a recuperação do cinema cívico italiano por "Os Cem Passos" de Marco Tullio Giordana. A comédia francesa "Le Gout des Autres" (O Gosto dos Outros), de Agnès Jaoui, corre por fora, mas seu charme por enquanto limita-se a seduzir o público francês (é um dos finalistas para o European Film Awards).

As faces dos concorrentes de Ang Lee serão conhecidas na manhã de 13 de fevereiro próximo. Tomara que uma delas traga as bochechas de Andrucha Waddington -e que a febre das disputas anteriores seja substituída por um saudável ceticismo.


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02/11/2000 - Do direito de odiar

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