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  28 de outubro
  Denuncismo inútil
  O segundo turno da eleição municipal em Belém mostrou a banalização das denúncias como instrumento de campanha. Empatados tecnicamente até as vésperas da eleição, os candidatos Edmilson Rodrigues (PT) e Duciomar Costa (PSD) atacaram de forma tão brutal a idoneidade um do outro que acabaram se nivelando.

Chegaram ao final da campanha com o mesmo slogan. "Contra passado sujo, candidato limpo", dizia o candidato petista. "Contra campanha suja, candidato limpo", respondia Duciomar Costa.

Acusações graves foram retiradas do baú nos últimos dias da campanha, com o intuito de destruir a moral do adversário e deixando claro o oportunismo do acusador.

Faltando apenas três dias para a eleição, a bancada estadual do PSDB (que se aliou a Duciomar Costa) divulgou documentos mostrando que o apartamento onde mora o prefeito Edmilson Rodrigues pertence ao ex-sócio da empresa que faz a limpeza urbana de Belém.

Certidões do cartório e da Junta Comercial do Pará foram exibidos como trunfo de guerra e, de certa forma, o eram.

Em agosto de 98, Mário Sérgio Ismael assinou, como diretor e representante legal da empresa Terraplena, um contrato de R$ 60,7 milhões, válido por cinco anos, para limpeza de metade das ruas de Belém.

Um ano depois, o mesmo Ismael arrematou, em um leilão da Caixa Econômica Federal, o imóvel onde o prefeito da cidade mora, desde 97, como inquilino. Os documentos, evidentemente, não provavam corrupção do prefeito, mas o deixaram em um situação embaraçosa.

Edmilson Rodrigues foi obrigado a mostrar na televisão os recibos de pagamento do aluguel, mas, ao ser questionado pela imprensa sobre o problema, deu uma resposta típica de político. Simplesmente, disse que não sabia quem era o dono do apartamento: "Quem cuida disso é a minha companheira", desconversou.

Duciomar Costa teve seu passado revolvido por profissionais contratados pelo PT para investigá-lo, os quais, rapidamente, repassavam as informações à imprensa. A mais bombástica delas vem de 1985, quando ele foi flagrado usando um diploma falso de médico para passar receitas de óculos. Naturalmente, era dono de uma ótica e usava o expediente para incrementar seu negócio.

Tive a oportunidade de acompanhar a última semana da campanha eleitoral em Belém e saí da experiência com a sensação de ter emergido de um mar de lama.

A gestão petista foi acusada de superfaturamento em contratos a nepotismo, mas o PT conseguiu carimbar a testa do adversário com o rotulo de falsário. O duro é saber quem é pior, quando as coisas são vistas por este ângulo.


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