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11 de novembro |
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Tecnologia
convergente, interesses conflitantes |
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Está
a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações)
em vias de divulgar o regulamento do Serviço de Comunicação
Multimídia. A primeira versão da norma esteve em audiência
pública no mês passado e desencadeou uma rebelião
entre as emissoras de rádio e TV do país.
Temem os donos das emissoras que o novo serviço sirva de "cavalo
de Tróia" para grandes grupos internacionais de comunicação
entrarem no mercado brasileiro.
Vale destacar: a Constituição proíbe qualquer
participação de capital estrangeiro no setor de radiodifusão.
As concessões são acessíveis apenas a empresas
registradas em nome de brasileiros natos ou naturalizados.
Existe um projeto de emenda à Constituição tramitando
no Congresso, que admitirá, se aprovado, uma participação
estrangeira de até 30% no capital das emissoras.
Mas este projeto encontra-se praticamente paralisado, pois não
há consenso entre as redes de televisão sobre o assunto.
Externamente, a Globo diz ser favorável a ele, mas, na prática,
sempre trabalhou pelo seu engavetamento, pois considera que o capital
nacional, neste setor, seria engolido rapidamente pelo estrangeiro.
SBT, CNT e Bandeirantes querem a aprovação da emenda,
mas não têm força política para neutralizar
as pressões da Globo. A Record _por ser financiada pela Igreja
Universal do Reino de Deus_ não precisa de capital estrangeiro,
mas apoia a emenda por outro motivo: a nova redação
permitiria que a igreja do bispo Edir Macedo figurasse oficialmente
como acionista da Record.
Foi nesse contexto que a Anatel tirou do bolso o regulamento do Serviço
de Comunicação Multimídia, que admite a participação
irrestrita de grupos estrangeiros.
Para as emissoras de TV, o novo serviço será um "posto
avançado" dos provedores internacionais de conteúdo,
vale dizer, dos provedores de informação e entretenimento.
O texto do regulamento define o serviço como sendo a transmissão
de sinais de áudio, vídeo e dados, por meios físicos
(redes de cabos) ou por microondas. Televisão, dizem os donos
das emissoras, está incluída neste universo.
O regulamento proposto diz que tal serviço exclui TV por assinatura,
radiodifusão e telefonia. Mas os empresários de radiodifusão
consideram o texto dúbio e, por vias das dúvidas, querem
que a discussão sobre este serviço seja adiada até
a regulamentação da TV digital no país.
As companhias telefônicas avaliam que os donos das emissoras
têm razão de estarem preocupados, porque a convergência
tecnológica é inevitável. A partir de janeiro
de 2.002, os titulares das licenças de serviço multimídia
já poderão oferecer telefonia. A televisão virá
em seguida.
Leia colunas anteriores
04/11/2000 - A
força da Globo
28/10/2000
- Denuncismo inútil
21/10/2000
- O puxão de orelhas de Quintão
14/10/2000 - A lição do Nobel
07/10/2000 - Teleproblema
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