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  18 de novembro
  Carta ao presidente
  Recebo, pela Internet, cópia da carta que o secretário-geral da Associação Internacional de Gays e Lésbicas (Ilga), Kursad Kahramanoglu, enviou há dois meses, ao presidente Fernando Henrique Cardoso.

Na carta, Kursad _que é professor universitário e presidente do sindicato dos servidores públicos da Inglaterra_ pede que o presidente lidere uma campanha pelo fim da violência contra homossexuais no Brasil.

Eis um trecho da carta:

"Aumenta nossa preocupação saber que muitos gays, lésbicas, travestis e transexuais são objeto de violência desproporcionada, coisa que tem sido documentada por algumas organizações filiadas à Ilga. A maioria dos casos não é notificada e os que são registrados não são satisfatoriamente resolvidos pelas autoridades policiais. O Brasil se converteu na capital da violência desmedida contra os homossexuais, com o maior número de assassinatos do mundo".

Em seguida, ele diz que existem 15 milhões de gays, lésbicas e transexuais no Brasil e que a cada dois dias um deles é assassinado.

Não sei se os dados estatísticos da Ilga são corretos, mas, de qualquer modo, são os divulgados no exterior.

Kursad diz ter recebido as informações estatísticas do Grupo Gay da Bahia, que já publicou um livro relacionando 1.830 assassinatos de homossexuais no país nos últimos 15 anos.

O Palácio do Planalto confirmou o recebimento da carta, mas o presidente ignorou o pedido para que liderasse uma campanha nacional.

"Talvez ele não considere nossa associação importante", diz Kursad, lembrando, em seguida, que a entidade foi responsável pela passeata de 700 mil homossexuais em Roma, em julho deste ano.

"Solicitamos que sua Excelência tome medidas imediatas para garantir a vida e a segurança dos gays, lésbicas, bisexuais e transexuais no Brasil", escreveu Kahramanoglu na carta, que está até hoje sem resposta.

O presidente deveria se manifestar sobre o assunto. Ao contrário do que sugere o silêncio do Planalto, o governo tem se aproximado das organizações representativas dos homossexuais.

O Ministério da Justiça indicou o presidente do Grupo Arco-Íris, Cláudio Nascimento, para compor a comissão que vai representar o Brasil na Conferência Mundial contra o Racismo, Xenofobia e Discriminações Correlatas, que será realizada em agosto do ano que vem, na África do Sul.

O mesmo Ministério da Justiça bancou 60% dos gastos 2ª Conferência Regional da Ilga na América Latina, realizada há uma semana no Rio. Kursad Kahramanoglu esteve no país para participar do evento.

A propósito: a Ilga (que tem sede em Bruxelas) estuda a possibilidade de promover protestos em frente às embaixadas e consulados do Brasil no exterior.

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