Parece
não ter mais fim a guerra entre o Opportunity, os fundos de
pensão e o grupo Italia Telecom pelo comando da empresa de
telefonia fixa Brasil Telecom.
No
momento, as partes estão envolvidas na disputa pelas duas
representações dos fundos de pensão no conselho
de administração da companhia.
O Opportunity
tenta, até o mo mento sem sucesso, destituir o representante
da Petros (fundo de pensão da Petrobrás), Ronnie Vaz
Moreira, e da Previ (Banco do Brasil), Sérgio Rosas. Pretende
o banco indicar representantes dele para os dois postos.
Chegou
a ser marcada, para o último dia 23, uma Assembléia
Geral Extraordinária dos acionistas para a destituição
dos dois conselheiros.
No
dia anterior, porém, os fundos conseguiram, por via judicial,
esvaziar a assembléia.
A guerra
entre os acionistas da Brasil Telecom começou em fevereiro
deste ano e já se vão dez meses de brigas incessantes.
A cada dia surge um novo ingrediente nesta batalha sem fim.
Vale
lembrar aqui que a Brasil Telecom é uma das maiores empresas
de telefonia do país. Resultado do desmembramento da antiga
Telebrás, ela foi privatizada em julho de 98. Tem concessão
em dez Estados e faturamento de R$ 1 bilhão no terceiro trimestre.
Me
pergunto onde vai parar este processo. Os acionistas admitem que
chegaram a um ponto sem retorno. Ou seja, não seria mais
possível o apaziguamento entre eles. Me refiro, obviamente,
ao relacionamento entre os italianos e o Opportunity e deste com
os fundos de pensão. Entre a Telecom Italia e os fundos,
não há crise.
Dois
pontos me preocupam sobremaneira neste caso. O primei ro é
com relação aos usuários. Serão eles
prejudicados por esta guerra interminável? Os acionistas
sustentam que não, mas é preciso conferir.
O segundo
ponto diz respeito à representação dos fundos
de pensão. É fato notório que eles colocaram
grande parte do dinheiro na compra da Brasil Telecom e parece inadmissível
que sejam afastados do conselho de administração.
Alega
o Opportunity que possui um acordo de acionistas com os fundos de
pensão (assinado por gestões anteriores) que os obriga
a votar em bloco com ele. Como os representantes atuais dos fundos
têm desobedecido o acordo, a lei lhe permitiria substituí-los.
Não entendo de leis. Tal medida pode ser legal, mas não
é razoável.
Quando
a Telebrás foi privatizada, imaginava-se que a Telemar seria
um foco de problemas. O governo foi o primeiro a levantar suspeitas
de que o consórcio vencedor não teria condição
de tocar a companhia e chegou a batizá-lo, nos bastidores,
de tele-gangue.
Lembro-me
do famoso diálago entre o ex-presidente do BNDES, André
Lara Resende, e Fernando Henrique Cardoso, em que Resende pedia
apoio de FHC para pressionar os fundos a ficarem no consórcio
do Opportunity/Telecom Italia, com o argumento de o grupo da Telemar
não era sólido.
Erraram
o alvo.
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