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  25 de novembro
  Guerra sem limite
  Parece não ter mais fim a guerra entre o Opportunity, os fundos de pensão e o grupo Italia Telecom pelo comando da empresa de telefonia fixa Brasil Telecom.

No momento, as partes estão envolvidas na disputa pelas duas representações dos fundos de pensão no conselho de administração da companhia.

O Opportunity tenta, até o mo mento sem sucesso, destituir o representante da Petros (fundo de pensão da Petrobrás), Ronnie Vaz Moreira, e da Previ (Banco do Brasil), Sérgio Rosas. Pretende o banco indicar representantes dele para os dois postos.

Chegou a ser marcada, para o último dia 23, uma Assembléia Geral Extraordinária dos acionistas para a destituição dos dois conselheiros.

No dia anterior, porém, os fundos conseguiram, por via judicial, esvaziar a assembléia.

A guerra entre os acionistas da Brasil Telecom começou em fevereiro deste ano e já se vão dez meses de brigas incessantes. A cada dia surge um novo ingrediente nesta batalha sem fim.

Vale lembrar aqui que a Brasil Telecom é uma das maiores empresas de telefonia do país. Resultado do desmembramento da antiga Telebrás, ela foi privatizada em julho de 98. Tem concessão em dez Estados e faturamento de R$ 1 bilhão no terceiro trimestre.

Me pergunto onde vai parar este processo. Os acionistas admitem que chegaram a um ponto sem retorno. Ou seja, não seria mais possível o apaziguamento entre eles. Me refiro, obviamente, ao relacionamento entre os italianos e o Opportunity e deste com os fundos de pensão. Entre a Telecom Italia e os fundos, não há crise.

Dois pontos me preocupam sobremaneira neste caso. O primei ro é com relação aos usuários. Serão eles prejudicados por esta guerra interminável? Os acionistas sustentam que não, mas é preciso conferir.

O segundo ponto diz respeito à representação dos fundos de pensão. É fato notório que eles colocaram grande parte do dinheiro na compra da Brasil Telecom e parece inadmissível que sejam afastados do conselho de administração.

Alega o Opportunity que possui um acordo de acionistas com os fundos de pensão (assinado por gestões anteriores) que os obriga a votar em bloco com ele. Como os representantes atuais dos fundos têm desobedecido o acordo, a lei lhe permitiria substituí-los. Não entendo de leis. Tal medida pode ser legal, mas não é razoável.

Quando a Telebrás foi privatizada, imaginava-se que a Telemar seria um foco de problemas. O governo foi o primeiro a levantar suspeitas de que o consórcio vencedor não teria condição de tocar a companhia e chegou a batizá-lo, nos bastidores, de ‘‘tele-gangue’’.

Lembro-me do famoso diálago entre o ex-presidente do BNDES, André Lara Resende, e Fernando Henrique Cardoso, em que Resende pedia apoio de FHC para pressionar os fundos a ficarem no consórcio do Opportunity/Telecom Italia, com o argumento de o grupo da Telemar não era sólido.

Erraram o alvo.



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