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24 de agosto
"Código EJ" é tentativa tardia e fraca para atacar corrupção
 
   
  Passados cinco anos e meio de governo, o presidente Fernando Henrique Cardoso resolveu anunciar, com pompa, um código de ética para o funcionário público. Em seu discurso, falou de cadeados colocados em casa arrombada e constatou que a corrupção está cada vez mais ousada.
Não se sabe porque só agora FHC decidiu adotar um discurso mais duro contra a corrupção. Desde o início do seu primeiro mandato, pipocaram vários casos obscuros _Sivam, compra de votos, grampos da privatização, dinheiro barato para bancos quebrados, viagens em jatinhos particulares. Mas nenhum recebeu tanto empenho retórico como o episódio envolvendo seu ex-auxiliar Eduardo Jorge. Daí as medidas já terem recebido o apelido de "Código EJ".
O próprio EJ não passaria pelo código, assim como muitos outros que atuaram no primeiro escalão do governo. Público e privado se misturaram em diversas ocasiões, sem merecerem críticas severas. Até essa semana, o presidente não parecia tão empenhado em demonstrar que é um combatente contra o desvio de dinheiro público. Logo que assumiu, em janeiro de 95, ele extinguiu a Comissão Especial de Investigação, que apurava denúncias de irregularidades no governo. Pelo menos 15 inquéritos ficaram sem conclusão.
Agora, quando o discurso parece que vai mudar, já surgem "rebeliões" contra as medidas nas chamadas bases governistas. O líder do PSDB no Senado, Sérgio Machado, por exemplo, protestou contra o corte de verbas para as obras consideradas irregulares. O vice-presidente do PFL, senador José Jorge, argumentou: "Paralisar a obra é jogar no lixo o dinheiro já aplicado".
Ambos parlamentares tratam cuidar de construções polêmicas em seus Estados. O governo diz que vai manter a decisão de cortar o dinheiro para empreitadas sob suspeita. Vamos ver se vai segurar a pressão política.
Outro ponto de divergência é a tal quarentena para o funcionário público _afastamento de quatro meses de funções na iniciativa privada que tenham alguma relação com a exercida pelo servidor. No dia seguinte ao anúncio do código, já se ficou sabendo que a medida é inviável na prática, pois ninguém pode ser impedido de trabalhar. Um indicativo de que o pacote moralizante foi feito às pressas, para enfrentar a crise política.
Mas se o código não ficar só na retórica, o caso EJ já terá cumprido um papel: o de colocar a questão da corrupção no centro do debate. Vamos ver agora como ficam as ações (e punições) práticas. Para enfrentar a maré, elas também vão precisar de mais ousadia.

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Charge (Jean)


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