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27 de julho |
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Socorro
a bancos tem meia (esquisita) história contada |
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O
ex-presidente do Banco Central Francisco Lopes declarou que relatou
ao presidente da República a existência de problemas
na Bolsa de Mercadorias e de Futuros no dia do socorro bilionário
aos bancos Marka e FonteCindam. Lopes diz que não citou os
bancos na conversa com Fernando Henrique Cardoso.
O ex-diretor de assuntos internacionais do BC Demósthenes Madureira
de Pinho Neto também afirmou à Justiça que FHC
era informado dos "acontecimentos" na época da desvalorização
do real. Só não soube dizer "em que nível
o presidente era informado".
Muito esquisita essa história. Rememorando. Não se tratava
de um período qualquer do governo. Era a semana mais crítica
_até então_ da gestão FHC. O todo-poderoso Gustavo
Franco tinha caído do BC. Ocorria uma atabalhoada mudança
cambial. Havia fuga de capital e o mercado financeiro estava em polvorosa.
No meio de tudo isso, o BC fez uma operação apontada
como lesiva aos cofres públicos. Ajudou bancos quebrados, despejando
R$ 1,6 bilhão para Salvatore Cacciola (ele ainda está
foragido) e outros menos famosos que operavam na BM&F.
O argumento oficial é de que havia o risco de uma "crise
sistêmica" caso os (pequenos) bancos Marka e FonteCindam
quebrassem. Daí a necessidade do socorro. O ministro Pedro
Malan _que esteve no Banco Central no dia da decisão da ajuda
polêmica_ e o presidente da República sempre negaram
que tivessem sido consultados sobre a "decisão técnica"
do BC em favor dos bancos amigos.
E continuam negando. Mas não é estranho que o presidente
tenha sido informado de que havia problema e não tenha perguntado
nada mais. Afinal, o assunto não era receita de bolo ou piadas
picantes. Será que Chico Lopes falou para FHC sobre a crise
na BM&F e o tema da conversa saltou para a sobremesa?
Fica difícil imaginar como pode ter transcorrido esse papo
durante o almoço no Alvorada em 14 de janeiro de 99. Também
não está claro como o ministro Malan, que estava no
Palácio, acabou não sendo informado da gravidade do
tema.
Volta a questão principal. Se, de fato, o país estava
correndo o risco de viver uma "crise sistêmica", como
o ministro e o presidente não ficaram sabendo de nada? Como
não foram informados da operação que livraria
o país de cair no buraco?
Ou será que não havia "crise sistêmica",
mas apenas um socorro camarada?
Um dia a história inteira precisa ser contada. Pode ter havido
má-fé, omissão, negligência ou um simples
erro de avaliação. Em qualquer hipótese, a figura
do governo não fica bem.
E o que preocupa, de novo, é a insistência do discurso
nunca-vi-nem-ouvi-nada.
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