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Eleonora de Lucena
eleonora@uol.com.br
10 de agosto
Caso EJ não pode ficar na base do "nunca ouvi falar"
 
   
  Uma semana depois do depoimento do ex-ministro Eduardo Jorge Caldas Pereira, a história continua esquisita. Aqui e ali surgem contestações à versão apresentada pelo primeiro-auxiliar do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Primeiro, foi a famosa lista de juízes, base da argumentação de Eduardo Jorge para tentar justificar a fileira de ligações telefônicas entre ele e o juiz foragido Nicolau dos Santos Neto. A relação, apresentada com pompa no depoimento no Senado, foi refutada oficialmente pelo TRT de São Paulo. Após isso, o advogado de EJ acabou divulgando uma nova listagem.
Depois, veio a versão do secretário-executivo do Ministério da Justiça, Antônio Anastasia, sobre a ação de EJ no sistema de registro de veículos. Enquanto o ex-ministro conta que apenas alertou o governo para a necessidade de realização de uma rápida licitação para o "bem do serviço público", Anastasia afirma que a Montreal já estava trabalhando no Renavam sem licitação. Procuradores suspeitam que EJ fazia lobby a favor dessa empresa dentro do governo. EJ nega.
Aliás, Eduardo Jorge rejeita a tese de que ele faça lobby. Em linguagem tucana, diz que apenas "ajuda empresas a entender o governo". De qualquer forma, tenha o nome que tiver o seu trabalho, o fato é que, ao saltar do Planalto para a iniciativa privada, ele praticamente dobrou o seu patrimônio, conforme apurou o repórter Mário Magalhães.
Não é pouca coisa. Quem pode contar história de tamanho sucesso profissional? O ex-ministro deve ter uma explicação.
Assim como deve ter uma explicação a troca de acusações e versões sobre as sobras de campanha de FHC. O ex-ministro Andrade Vieira, hoje desafeto do presidente, fala em dinheiro não declarado que pode ter ido para contas no exterior.
O ex-ministro Bresser Pereira responde, indignado, que tudo o que sobrou está declarado oficialmente. Descarta irregularidades e diz que Vieira está delirando. Há diferença de milhões de reais entre essas histórias.
Nesse quadro, surpreende que o porta-voz presidencial tenha dito que FHC "nunca ouviu falar" de sobras de campanha. O que não pode é essa crise ficar na base do ouvi falar. É preciso fornecer os dados, agir com transparência, esclarecer os fatos. Se não ficará a impressão, de novo, de mais um escândalo abafado e escondido debaixo do tapete.



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