NOSSOS
COLUNISTAS

Amir Labaki
André Singer
Carlos Heitor Cony
Clóvis Rossi
Eleonora de Lucena
Elvira Lobato
Gilberto Dimenstein
Gustavo Ioschpe
Helio Schwartsman
Josias de Souza
Kennedy Alencar
Lúcio Ribeiro
Luiz Caversan
Magaly Prado
Marcelo Coelho
Marcelo Leite
Marcia Fukelmann
Marcio Aith
Nelson de Sá
Vaguinaldo Marinheiro

Eleonora de Lucena
eleonora@uol.com.br
2 de novembro
Vitórias das esquerdas trazem de volta tema da frente única
 
   
 

O governo quis defender a tese de que o voto da oposição foi só um repúdio à corrupção. Maluf pretendeu divulgar que saiu ganhando. Os partidos mais conservadores contabilizaram microprefeituras e alardearam vitória. Foi uma enxurrada de avaliações sobre as eleições de domingo.

De concreto, o que ficou valendo mesmo foi a vitória da oposição, capitaneada pelo PT. E não dá para explicar o resultado como uma simples onda moralizadora da política ou um processo fragmentado focado em questiúnculas paroquiais.

As eleições municipais mostraram um movimento claro do eleitorado das grandes cidades em direção à esquerda. Em maior ou menor grau, os vitoriosos da oposição condenam a atual política do governo Fernando Henrique Cardoso. Criticam a adesão do país ao neoliberalismo e sustentam a necessidade de medidas na área social para enfrentar a vergonhosa distribuição de renda.

Esse foi o recado das urnas. O resto é tergiversação. É claro que são grandes as diferenças dentro do campo oposicionista. Dentro do PT também. Basta comparar, por exemplo, os discursos de Marta Suplicy, de São Paulo, e de João Paulo, do Recife. Enquanto Marta insistiu na necessidade de negociação e de parcerias com os governos (estadual e federal) do PSDB, João Paulo criticou, de forma dura, a gestão FHC.

De qualquer forma, a oposição se deu conta que detém uma parcela importante _e crescente_ do eleitorado e começou a olhar com mais otimismo para a sucessão presidencial. O problema é o de sempre: ter um nome que reúna forças díspares e que supere rejeições.

A expressão "frente única" já voltou ao vocabulário da esquerda. Nos anos 70 e 80 era o princípio que amalgamava, no MDB, os contrários à ditadura militar. Naquela época o ponto de acordo era a redemocratização. Ela foi conquistada e a oposição se esfacelou. Esmagada pela onda liberal, nunca chegou a formular um projeto alternativo para o Brasil.

Se quiser disputar o Planalto, a oposição que saiu dessas urnas terá que enfrentar esse problema e resolver suas divergências. Não bastará apenas a discussão em torno de nomes de presidenciáveis. Ou sobre soluções para os buracos urbanos. O buraco do país é muito maior.

Leia colunas anteriores
26/10/2000 - "S" do BNDES se espicha só para os grandes grupos
28/09/2000 - Protestos contra globalização são mixórdia, mas rompem consenso
21/09/2000 - Instabilidade no Peru é mais um alerta para a América Latina
14/09/2000 - Percepção de corrupção cresce no Brasil; miséria não arreda pé
07/09/2000 - Concentração de terras cresce e violência no campo aumenta


| Subir |

Biografia
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A - Todos os direitos reservados.