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Eleonora de Lucena
eleonora@uol.com.br
9 de novembro
Eleições nos EUA colocam em xeque fórmula democrática, marketing e mídia
 
   
 

Com uma ponta de sarcasmo, o mundo acompanhou a ópera-bufa em que se transformou a apuração das eleições nos Estados Unidos. O país mais rico e poderoso do mundo assistiu a um inédito vaivém de resultados, projeções e análises sobre nada menos do que o próximo presidente, o super-homem do planeta.

Em poucas horas, ícones da cultura norte-americana pareciam se esfarelar na tela da TV. Primeiro, a própria mídia. TVs, Internet e jornais encenaram um fiasco de precipitação e arrogância sem precedentes. Baseados em idolatradas pesquisas, proclamaram vencedores. Foi patético. Teses e mais teses serão produzidas para tentar explicar o que aconteceu com o jornalismo naquela noite. Seminários discutirão o desastre homérico do "quarto poder" nos EUA em plena virada do século.

Depois, o próprio marketing político. Essa "invenção" _creditada a gurus norte-americanos_ terá que arrumar explicações para o empate (nesse momento, o resultado ainda não é conhecido). Até pouco tempo, os "especialistas" reverenciavam o desempenho econômico como instrumento vital para as campanhas eleitorais. "É a economia, estúpido!", frase de marqueteiro de Clinton, virou bordão da política.

Pois a economia norte-americana nunca viveu período igual de prosperidade e isso não bastou para garantir a vitória do governista Gore. É possível argumentar que a riqueza gerada durante os anos de bonança da era Clinton ficou concentrada. Que a turbulência nas Bolsas já afeta a política.

De qualquer forma, a partir dessa eleição, os manuais de marketing político terão que revisar algumas de suas certezas. Afinal, nem com um gasto estratosférico (US$ 100 milhões apenas no último dia), as campanhas conseguiram o desempate claro. A influência real da economia na hora do voto será questionada.

Por fim, a própria fórmula adotada pela democracia norte-americana ficou em xeque. Se a vitória de Bush for confirmada, o presidente eleito não terá a maioria dos "votos populares". Se isso ocorresse em qualquer republiqueta de bananas, Jimmy Carter já estaria chiando. Mas como se trata do império maior, não há contestação_está tudo dentro da regra do jogo de lá.

Por aqui, chacotas. Enquanto dá.

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