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Eleonora de Lucena
eleonora@uol.com.br
7 de dezembro
Governo FHC enterra crescimento e também faz seus "esqueletos’’
 
   
 

De tempos em tempos, o debate sobre o desenvolvimento volta à cena. Agora, coube ao ex-ministro Mendonça de Barros criticar o governo por sua opção pelo crescimento medíocre. Como se sabe, o ritmo da economia nos anos 90 foi menor do que nos 80. O país parece perdido num pântano. Carências e desigualdades internas se aprofundam. Rápidos momentos de avanço foram sufocados.

O discurso oficial busca culpados pela crise no exterior. Alega que a dependência externa é inexorável e que devemos ter paciência _um dia sairemos do atoleiro. Não diz que o modelo em vigor foi uma opção política do atual governo. Afinal, apesar de ser dominante na América Latina, a f‘órmula neoliberal não é única rota possível no planeta.

Enquanto adia soluções para os problemas sociais, o governo tenta enfrentar a insatisfação popular com a surrada bandeira da "estabilidade". Uma tática que funcionou até a reeleição. A dúvida é se será suficiente para a sucessão em 2002. Não deve ser por outra razão que o ex-ministro do PSDB ataca a paralisia e a "covardia" oficiais.

Mendonça de Barros sabe que onde o governo está vulnerável e corre riscos eleitorais. Busca espaço dentro da coalizão governista para suas idéias _diversas vezes escanteadas pelo presidente e seu escudeiro Malan.

Enquanto a disputa pelo poder volta ao noticiário, vão aparecendo fiapos da conta da tão alardeada "estabilidade". Nesta semana, o IBGE divulgou alguns números interessantes sobre cinco anos de FHC (95-99). Os gastos do governo com pagamentos de juros aumentaram mais de 420%. Só no ano passado foram R$ 84 bilhões, ou 8,7% do PIB. Em 95, esse percentual era de 2,5%.

Outro dado. A remessa líquida de recursos para o exterior mais que dobrou no mesmo período, pulando de 1,54% do PIB para 3,6% no ano passado. Seriam esses os "esqueletos" da era FHC? É essa a tal "estabilidade" tão glorificada no discurso oficial?

Dá para entender porque Mendonça de Barros está tão preocupado a ponto de sugerir que o presidente do Banco Central tome uma cachacinha para reduzir os juros.

Armínio Fraga já mandou dizer que raramente bebe.

Os credores agradecem e brindam com vivas à "estabilidade".



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