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Lúcio Ribeiro
lucio@uol.com.br
  31 de janeiro de 2001
  Gritos e sussurros
 
Boas!

A coluna hoje está muito contente e muito triste.

Os gritos do título são de alegria, pelo sucesso do cinema nacional no exterior. O quê?!?

Explico: foi condecorado com uma valiosíssima "Menção Especial do Júri" no prestigioso e descolado festival de Sundance, ainda o mais bacana evento do cinema independente, um documentário brasileiro sobre o cineasta e gênio José Mojica Marins, o Zé do Caixão.

O documentário foi feito por dois jovens jornalistas, escritores e cineastas: Ivan Finotti e André Barcinski, este último já conhecido da galera roqueira, apresentador do único programa de rádio decente no Brasil, o paulistano Garagem (segundas na Brasil 2000 FM).

A babação de ovo vai além da camaradagem, porque os dois são meus amigos. E não tem nada a ver com patriotismo, tipo produto nacional se dando bem nos EUA.

A "vitória" do Barcinski e do Finotti deve servir de exemplo para a galera que neste país quer fazer alguma coisa que preste e não depender da indústria cultural coronelista. Seja a moçada envolvida com bandas indies, de literatura marginal seja de cinema caseiro.

Da primeira linha do livro que os caras começaram a escrever sobre o Mojica em 1996 ("Maldito - A Vida e o Cinema de José Mojica Marins, o Zé do Caixão", editora 34, 1998) até o último segundo gravado do documentário premiado em Sundance, eles não receberam um único tostão do governo e suas leis de incentivo furadas ou da iniciativa privada, que não ia mesmo botar dinheiro em um cineasta folclórico como o Mojica.

Na raça e torrando grana do próprio bolso, Barcinski e Finotti levaram os produtos no boca-a-boca, apelando para alguns setores da imprensa, batendo na porta de editoras, carregando o documentário por festivais.

Não descansaram. Fizeram acontecer. E aconteceu. De tudo isso fica o recado para muitos leitores desta coluna que são chegados em banda, literatura e cinema, no aprecio e na feitura. Mexa-se.

Já o sussurro do título é de profundo pesar. Faleceu há duas semanas o jornal "Notícias Populares", diário popular que atendia com extrema honestidade a relativa fome de saber da classe popular menos privilegiada.

Jornal que carregava o incômodo e inverídico estigma de que seu lema era o de "espreme e sai sangue", o "NP" contrapunha a má-fama com uma equipe mista de jovens e tarimbados soldados famintos por traduzir ao povão um jornalismo sem ranço, descompromissado e verdadeiro.

Trabalhei no "NP" durante três anos de minha vida, antes de "descer" à Folha ("Notícias Populares" era editado pela empresa que rege a Folha, no mesmo prédio do centro de SP; o "NP" era no 5º andar, a Folha fica no 4º).

Durante esse tempo deu para travar contato com um grupo dos mais talentosos jornalistas que eu já conheci. Muitos deles estão bem colocados em importantes postos da imprensa brasileira, seja a mídia que for.

É que no NP era fácil vestir a camisa do jornal, pelo clima instituído da responsabilidade de falar a uma gente que mal sabia falar sem errar o nome "Notícias Populares".

Além disso, dentro de um ambiente de coleguismo difícil de encontrar em qualquer lugar, existiam chefes sempre preocupados em fazer todo dia chegar à banca um "New York Times" popular, mas com o prestígio e as condições técnicas de um jornal de campus universitário.

É por causa desse esforço triplicado no exercício das reportagens e da edição que o "NP" saía de manhã com edições fantásticas e melhores que outros jornais ditos "sérios". Mas muito pouca gente sabia disso.

Existe um sem-número de histórias engraçadas sobre a confecção de pautas do "NP". Mas essas histórias, agora, vão ficar só na memória. Triste.

PRIMEIRA MÃO

Voltando à história dos bravos Barcinski e Finotti, os do documentário premiado em Sundance, parece que a fama vai levar os garotos à indelével revista "Caras", a revista dos, hã, famosos, que já está assediando os meninos.

Eles deviam aceitar, só para fazer a mesma história que o Nirvana fez no "Top of the Pops", conhece a história?

"Top of the Pops" é um baita programa popular e brega que passava na TV inglesa até uns anos atrás. Tipo "Globo de Ouro", para quem lembra. A banda tinha que tocar de mentirinha, em playback, porque a coisa não rolava ao vivo.

O Nirvana foi convidado e, não é difícil imaginar, a gravadora deve ter sugerido: "Vão lá. É bom para vocês aparecerem para o grande público inglês, que compra disco como compra comida...".

Cobain, Grohl e Novoselic toparam e zoaram o programa, cantando "Smells Like Teen Spirit" em uma rotação devagar, todos fazendo cara de bobos.

Sugestão para o Barcinski e para o Finotti. Irem à Ilha de Caras vestidos de Zé do Caixão, com a capa e a cartola e as unhas compridas. E botar um terno e gravata no cineasta. Para ficarem bonitos na foto. É só uma sugestão.

NAPSTER

Já cataram os melhores shows do Rock in Rio no Napster, já ouviram a Britney falaram palavrão, já baixaram o Oasis ao vivo e acústico na Rádio Cidade, FM carioca. Não?


MAIS NAPSTER (MANIC STREET PREACHERS)

Falando na comunidade mais legal do mundo, estão dando sopa cinco músicas novas do próximo disco da adoradíssima banda galesa Manic Street Preachers. O CD novo só sai em maio e se chamará "Know Your Enemy". As faixas liberadas são "Ocean Spray", "Found That Soul", "Freedom of Speach Won’t Feed My Children", "Miss Eu­ropa Disco Dancer" e "So Why So Sad".

E MAIS NAPSTER (STEPHEN MALKMUS)

Curte o extraordinário Pavement?

Não é lá muita novidade o álbum solo do líder (ex, a banda acabou) do Pavement: Stephen Malkmus, se jogou em carreira solo e vai lançar seu primeiro álbum no dia 12 de fevereiro.

As faixas do disco são as seguintes: "The Black Book", "Phantasies", "Jo Jo's Jacket", "The Hook", "Discretion Grove", "Church On White", "Troubbble", "Pink India", "Trojan Curfew", "Vague Space", "Jennifer and the Ess-Dog" e "Deado".

E sabe onde você pode ouvir o álbum inteiro AGORA?

CORRA ENQUANTO É TEMPO

Quitutes e delícias novidadeiras do Napster devem virar coisa paga em breve. A comunidade de distribuição de MP3 deve instituir uma mensalidade até junho ou julho. Fala-se em até US$ 30 por mês, preço salgadinho. Mas o valor ainda está sendo estudado.

Tudo que é bom...

ROCK IN RIO EM CD

Já escrevi na Ilustrada, da Folha, e repito aqui, agora.

Nas Grandes Galerias, em São Paulo, maior reduto de lojas de disco, camisetas, memorabílias e afins do Brasil, é possível achar, por 20 lascas cada, CDs das apresentações de Neil Young (duplo, logo R$ 40), do REM, Oasis, Foo Fighters, Iron Maiden, Sepultura e Rob Halford, pelo que sei.

Tenho do Neil Young e Oasis, e ouvi os do Foo Fighters e REM. A qualidade é bem legal.

FALANDO EM ROCK IN RIO (FOFOCAS)

Algumas notícias de bastidor do Rock in Rio 3, apuradas pelo jornalista Roberto Ortega, do saudoso "NP", que não puderam ser publicadas com o fim do jornal. E foram gentilmente cedidas a esta coluna:

* Segundo um garçom, um cara que trabalha para o Papa Roach entrou no camarim do Oasis e deu duas cuspidas na sala. Uma espécie de macumba para gorar o show dos ingleses. O Oasis tocou logo depois do Papa Roach, na noite do Guns N’ Roses.

* O guitarrista mascarado do Guns, Bucketthead, ficou até as 7 horas da manhã tomando banho quente dentro de uma banheira improvisada no camarim da banda, depois do show do primeiro domingo do festival. Detalhe: Alguns funcionários tiveram que esquentar a água numa cafeteira e depois despejá-la na banheira pro cara. Segundo o garçom, o músico acendeu várias velas pretas e vermelhas.

* Os funcionários dos camarins tiveram muito trabalho com a dupla Gil e Milton. Os gênios da MPB pediram, de última hora, 50 cocos gelados.



PROMOÇÃO MOMENTOS DO ROCK IN RIO


Foram tantos os momentos, não é mesmo? Faço abaixo uma espécie de seleção dos mais votados pelos leitores da coluna, que estiveram em loco no festival ou viram pela TV.

Segura. Avisei na coluna passada que não valia citar as garrafas na cabeça do Carlinhos Brown. Seria covardia.

* A garrafada que o Carlinhos "Nada Me Atinge" Brown levou do público.

* O choro do Axl Rose. Meu, o cara é o máximo. Ele conseguiu mesmo fora de ritmo e com a banda dele ainda não muito bem entrosada fazer muita muita gente chorar por causa dele e com ele.

* O show do Neil Young

* O show do REM

* Dave Grohl tocando bateria. Eu amo o Nirvana e fui muito bom ver o Dave na batera. Sensação nostálgica...

* O Brasil inteiro querendo assistir aos shows pela Globo, e o Márcio Garcia entrevistando Max de Castro, Supla etc... No meio dos shows... Toda hora... Sem contar um outro apresentador da Globo, que não sei o nome, que não parava de falar no meio da transmissão... Quem manda eu não ter TV a cabo?

* O Márcio Garcia chamando a entrevista com o Liam Gallagher (não sei se é assim que escreve) quando, na verdade, era o Noel. E, depois da entrevista, repetindo que era o Liam.

* Quando o Márcio Garcia parou uma música do Iron Maiden para dizer: "Olha lá, olha lá, temos novidade. O vocalista está com novo corte de cabelo

* Noite Teen: Ok, eu vi tudo pela TV, mas não é difícil de imaginar essa. Deve ter sido a maior concentração de ninfetas no mundo! Tem que ir para o "Guiness"! Se bem que, na mesma proporção, deve ter sido a maior concentração de gordinhas pré-púberes espinhentas do interior já vista...

* Lasanha congelada vendida no festival.



VENCEDORES DA PROMOÇÃO


Júlio de Pádua
Fortaleza, CE
CD do Queens of the Stone Age

Clarice Overats
Blumenau, SC
CD do Foo Fighters

Rômulo Nagib
São Paulo (?)
CD do Oasis



PROMOÇÃO DA SEMANA

Já que o consenso é o de que os melhores shows do festival foram os do Neil Young e do REM, vá lá:

Valendo, a escolher, um CD "Harvest Moon" (1992), clássico do guitarrista canadense, ou um CD "Green" (1988), preciosidade do REM, ambos relançados agora pela Warner, responda o seguinte:

Em quem você arremessaria uma garrafa d’água no nariz? Vale citar qualquer pessoa do mundo: no Carlinhos Brown, no Romário, no papa, no Márcio Garcia, na Dolly, em mim, no Sadam, no Bush, no Galeano do Palmeiras. Descola sua garrafinha e vote aqui: lucio@uol.com.br



DEPECHE MODE


Atenção, que a notícia é das melhores: a partir de HOJE, o site www.depechemode.com, soltará diariamente um preview do novo álbum dos bacanaças do Depeche Mode. O disco, que se chamará "Exciter", só sai no dia 14 de maio. A banda não lança nada desde "Ultra", de 1997. Serão duas faixas por dia, segundo informação da banda. Tô nessa.

LÚCIO DJ

Conforme divulgado aqui na última coluna, levei um som para rolar na pista do DJ Club, casa bacana e calorenta nos Jardins, em São Paulo. Consegui não esvaziar a pista, o que me deixou muito orgulhoso. Toquei esquisitices, e as pessoas gostaram e vinham perguntar o que era, o que também me deixou satisfeito.

O legal é que, quando assumi as pick-ups (aparelho de CD, na verdade), quem tava dominando o som era a Gláucia ++,, conhecida DJ de fazer pista de dança virar local de festa. Tinha rolado Prince e Madonna, quando me aproximei para tocar. A pista fervia, e todo mundo parecia bem contente.

Aí pensei: "Caneco, agora eu vou chegar e afugentar todo mundo com minha barulheira". Pensei em colocar umas babas pop que levei, logo de saída, mas fuck, tinha que sair como o planejado.

De cara meti "Tapinha", funk carioca pegajoso e engraçado, da nova MPB (algum problema aqui?). Olhares incrédulos dirigidos a mim duraram só alguns segundos. Depois o povo começou a dançar.

Aí seguiu-se Add N to (X), Queens of the Stone Age, Mudhoney (afinal...), Nirvana (do "Bleach")... Só tosqueira. Urros de contentamento eram ouvidos. Curti a empreitada.


SEM ÁUDIO, SEM FOTO E MUDHONEY

Sem tempo para áudios legais (tenho alguns) e fotos descoladas (tenho umas). Estou ocupado escrevendo uma matéria sobre o Mudhoney, para a Ilustrada.

Vai ser histórico. Já comprou seu ingresso? NÃÃÃÃÃÃO????

Para não dar desculpas a você, de não prestigiar uma das bandas mais sensacionais da história e lotar eventos independentes bacanas no país, confira o servição Mudhoney:

14/02 (Quarta-feira) - Porto Alegre, RS
Local: Teatro de Elis (Av. Protásio Alves, 1670 - Fone: 0/xx/51/330-4444)
Horário: 23h
Ingressos: R$ 20
Informações: 0/xx/51/286-3475

15/02 (Quinta-feira) - Curitiba, PR
Local: Moinho São Roque (Av. Des. Westphalem, 4.000 - Fone: 0/xx/41/333-3964)
Horário: 22h
Ingressos:
R$ 15,00 antecipados e R$ 20,00 na portaria.
Obs: Preços promocionais para membros do Clube do Assinante "Gazeta do Povo" e estudantes.

16/02 (Sexta-feira) - Belo Horizonte, MG
Local: Lapa Multshow (Rua Álvares Maciel, 312, Santa Efigênia – Fone 0/xx/31/3241-2074)
Horário: 22h
Abertura: Unfashion e Zippados
Ingressos: R$ 15 antecipados e R$ 20 na portaria.
Postos de venda: Motor Music (Rua Pernambuco, 1000 loja 10 Savassi), Lapa Multshow (Rua Alvares Maciel, 312, Santa Efigênia), 53 HC (Galeria Praça 7, loja 53), Sweet Dream (Minas Shopping)
Informações: 0/xx/31/3326- 9464

17/02 (Sábado) - Goiânia, GO
Local: Usina Café (Av. 85, Setor Marista)
Horário: 22h
Abertura: MQN
Ingressos: R$ 10 antecipados

18/02 (Domingo) - Rio de Janeiro, RJ
Local: Ballroom (Rua Humaitá, 110 - Botafogo)
Horário: 21h
Abertura: Autoramas
Ingressos: R$ 20 antecipados e R$ 25 no dia.
Postos de venda: Point HQ (Visconde de Pirajá, 207/ lj 316, Ipanema)
Metrópolis (Rua Dias da Cruz, 203/ lj 11, Méier)
Teleingresso (entrega em domicílio) - Fone: 0/xx/11/266-1014

21/02 (Quarta-feira) - São Paulo, SP
Local: Olympia (Rua Clélia, 1517, Pompéia - Fone 0/xx/11/3675-3999)
Horário: 22h
Ingressos: R$ 30 pista/ R$40 mesa (setor C)/ R$ 60 camarote.
Obs: Meia entrada para estudantes à venda exclusivamente na bilheteria do Olympia. Censura 14 anos.
Postos de venda: Lojas Overboard (info geral: 11 533 0032)
Zeitgeist (Rua 24 de Maio, 62, 3° andar, loja 456/458 – f. 0/xx/11/222-8173), London Calling (Rua 24 de Maio, 116 sobreloja 15 – f. 223 5300), FNAC Pinheiros (Av. Pedroso de Moraes, 858 – f. 0/xx/11/30970022), FNAC Shopping Metro Tatuapé (Piso Térreo – f. 0/xx/11/6192 9400), Olympia (Rua Clélia, 1517 – f. 0/xx/11/3675-3999)
Teleingresso: Statione (entrega a domicílio) - Fone: 0/xx/11/5589-8202


E TEM O YO LA TENGO, HEIN?

Mais perto no calendário que o lendário Mudhoney, os heróis indies do Yo La Tengo inicia turnê no Brasil no dia 9, no Rio. No dia seguinte, a banda toca em Maringá (PR). Nos dias 14 e 15 chega a vez de os paulistanos assistirem aos filhos bastardos do Velvet Underground no Sesc Pompéia, em São Paulo.

Informações de ingressos no tel. 0/xx/11/3871-7700 ou no site www.sescsp.com.br.


Falei? (estou com a impressão de ter esquecido de escrever sobre alguma coisa...)

 

 

 

Leia colunas anteriores:
24/01/2001 - Britney despirocada e o melhor (e o pior) do Rock in Rio
17/01/2001 - Larga do meu pé, Liam
10/01/2001 - Incrível! Morrissey previu a morte da princesa Diana
03/01/2001 - 2001 é show
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