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Nelson de Sá
nelsonsa@uol.com.br
  25 de outubro
  Brasil cão
 
Só vi à distância a tortura da criança, no SBT. Semanas atrás, por dever de ofício, tive de acompanhar as imagens do menino palestino preso entre os tiros, até sua morte. Foi além do que qualquer pai pode suportar.

Desta vez, acompanhei à distância, imagens vagas. A vileza do ato e de seu uso na televisão é tão grande que deixa uma sensação nem tanto de revolta, mas de bestificação. Como é possível chegar tão baixo, no ato e em sua utilização?

Nem questiono se foi eleitoral ou não. A justificativa dada, de divulgar as imagens para levar governantes a agir, não muda coisa nenhuma.

Para levantar uma bandeira, para eleger alguém ou simplesmente para recuperar audiência, apresentaram na televisão a sessão de tortura de uma criança. O fato é monstruoso em si mesmo.

Da mesma maneira, acompanhei à distância a campanha política, estes meses todos.

Além de não ter mais de assistir à propaganda eleitoral, o que fiz por longos dez anos, não consigo acreditar que a eleição deste ou daquele faça diferença quanto ao que realmente importa _diante da penúria orçamentária.

Este ou aquele vai precisar passar por pressão, para que aja como deve e não ceda aos interesses vários que o elegem. Mas, de todo modo, uma coisa me incomodou em especial, nesta campanha.

O que se viu no SBT, ainda que se aceite que não teve intuito eleitoral, é parte do mesmo ambiente que permitiu a um candidato apontar a suposta "vida devassa" de adversário e outro a denunciar o suposto filho ilegítimo de adversário.

É tudo tão baixo que, vença direita ou esquerda, um dos possíveis resultados será a exacerbação do moralismo _além da nova vitória, odiosa, do mundo cão.

Um registro à parte, nesta campanha, foi a participação da atriz Samantha Monteiro como garota-propaganda malufista. Já vi isso acontecer antes, com a atriz Helen Helene, que desapareceu depois do palco e da televisão.

Espero que isso não aconteça com Samantha, que vi em atuações memoráveis como a Lady Macbeth e a Chapeuzinho Vermelho de Antunes Filho e, mais recentemente, como a prostituta de "Perpétua", de Dionísio Neto.

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