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Nelson de Sá
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  1º de novembro
  Ratinhos e Bicudos
 
O texto escrito aqui semana passada foi parar na home page do Uol, o que provocou algumas dezenas de e-mails, a quase totalidade questionando o que falei de Ratinho.

Foi meio assustador _e revelador, imagino, de como pensa o leitor médio da web. Em síntese, o que mais apareceu, de longe, foi gente defendendo a exibição de tortura de criança na televisão.

Os argumentos eram aqueles, ecoados do próprio Ratinho. Mas um _em mais de uma mensagem_ me incomodou especialmente. Dizia que gente como eu, com as imagens, ficava sabendo finalmente o que se passa no Brasil.

Sei bem o que se passa de violência, no país e em São Paulo. Já estive sob mira de arma, ao lado de meu filho, por uma hora, enquanto limpavam a casa.

Nem por isso caí no fascismo que grassa ultimamente. Em particular, ao que parece, no mundo livre da web.

Escreveram também sobre a comparação feita entre os candidatos petista e pepebista, no que concerne ao moralismo. O problema foi indicar, no texto, que quem entrou primeiro no quarto do adversário foi o PT.

Para recordar, foi a acusação de que Maluf havia engravidado uma adolescente. Feito o exame de DNA, a paternidade era de outro, mas então o problema passou a ser simplesmente as relações _supostas_ com a adolescente.

Se não é moralismo, não sei o que possa ser. Toda vez que Maluf falava barbaridades sobre Marta, na campanha, era isso o que vinha à cabeça: ela deu a desculpa para ele atacar como bem desejasse.

De outra parte, Marta, festejada por si mesma como representante da "igualdade da mulher", é a mesma que escolheu Hélio Bicudo para vice, para anular o impacto de sua própria defesa _anterior_ do aborto.

Não há melhor exemplo de que, mais do que o PT, essa é a Marta light.

Para encerrar, um registro mais para o patético. Participei de uma entrevista de Marta, tempos atrás. Perguntaram sobre uma "calça de oncinha" que ela usou em campanha e causou escândalo. Ela disse que usou porque a calça era "uma delícia".

Aí entro eu:

_ Você está tendo que fazer diversas concessões em função da campanha. Não está mais usando calcinha...

(risos)

_ Calcinha, uso sempre. E vermelha.

_ Desculpe, eu quis dizer não usar mais a tal calça de oncinha. Você teve que fazer concessões como abrir mão de projetos seus, como o da parceria homossexual, que criaram problemas até dentro do PT.

_ Não abri mão. Acontece que em uma campanha majoritária isso não entra.

Para além do que ela respondeu sobre suas concessões, que eram já sinal da Marta light, eu gostaria de comentar o ridículo do meu próprio erro _que acabou publicado e me deixou semanas envergonhado.

Creio que foi causado pelo que considero a maior qualidade de Marta. Sua sensualidade, sua Vontade, diriam os nietzschianos, é a maior esperança de que, mais que uma "boa administração", ela poderá mudar alguma coisa neste país de Ratinhos e Bicudos.

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