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6 de dezembro
  Previsões, ora as previsões
  Quando desembarquei em Davos, nos Alpes suíços, em janeiro, para cobrir mais um encontro anual do Fórum Econômico Mundial, até os flocos de neve pingavam otimismo.

A "Folha", um jornal frequentemente acusado de ser "fracassomaníaco", até deu manchete de capa a partir de um texto por mim enviado dando conta do otimismo predominante entre os bambambãs planetários da economia, do governo e da academia, a clientela que se reúne todo ano em Davos.

Meses depois, foi Praga, na República Tcheca. Todos os relatórios e depoimentos sobre a economia mundial emitidos durante a assembléia-geral do FMI (Fundo Monetário Internacional) e Banco Mundial eram cor-de-rosa, para dizer o mínimo.

A única sombra que pairou sobre o encontro (fora, é claro, os protestos nas ruas adjacentes) foi o preço do petróleo. Mas os especialistas, na maioria, diziam que o problema era passageiro.

A assembléia do Fundo foi em setembro, há, portanto, três meses. Tempo suficiente para desbotar o cor-de-rosa de maneira até assustadora.

Hoje, não há jornal importante no planeta que não traga, diariamente, uma ou mais notícias relatando inquietações sobre o tal de "soft landing" da economia norte-americana, que, se de fato ocorrer, permitirá que o mundo inteiro se acomode sem maiores trancos.

O mais recente pronunciamento é da mais alta autoridade monetária dos EUA, Alan Greenspan, o presidente do Fed (o Banco Central). Ele continua apostando no "soft landing", mas avisa aos agentes econômicos para que fiquem alertas para a possibilidade de que uma maior cautela e uma queda ainda mais forte no valor das ações negociadas em bolsas de valores possam "precipitar uma contenção excessiva dos gastos das famílias e das empresas".

Como se sabe, o motor da economia norte-americana tem sido, acima de tudo, o fato de que a turma torrou dinheiro feito louca, apostando em uma valorização sem fim das ações que tem na Bolsa. É o que os especialistas chamam de "efeito riqueza".

Você pode não ter um centavo no bolso, mas tem, digamos, mil ações da Microsoft, que valem US$ 10 mil, US$ 12 mil no seguinte, US$ 15 mil no terceiro dia. É por conta desse "lucro" que você vai gastando.

Agora parece que chegou a hora do freio. Mas, se Greenspan estiver certo, ainda não é a hora do capotamento. De todo modo, como economistas mudam de previsões como mudam de camisa, a melhor aposta a fazer é não fazer aposta alguma.




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