NOSSOS
COLUNISTAS

Amir Labaki
André Singer
Carlos Heitor Cony
Clóvis Rossi
Eleonora de Lucena
Elvira Lobato
Gilberto Dimenstein
Gustavo Ioschpe
Helio Schwartsman
Josias de Souza
Kennedy Alencar
Lúcio Ribeiro
Luiz Caversan
Magaly Prado
Marcelo Coelho
Marcelo Leite
Marcia Fukelmann
Marcio Aith
Nelson de Sá
Vaguinaldo Marinheiro

Vaguinaldo Marinheiro
vmarinheiro@uol.com.br
  24 de dezembro
  Não racionalize o Natal, ou feliz aniversário Jesus Cristo
 

Todo ser racional sabe que datas são apenas convenções. Comemoramos o Natal e o Ano Novo agora como poderíamos comemorá-los em qualquer outra data, como fazem os que adotam outro calendário que não o gregoriano.

Além disso, a própria celebração do nascimento de Jesus Cristo é equivocada. Ninguém sabe ao certo quando Jesus Cristo nasceu, mas quase todos já admitem que não foi no 25 de dezembro, nem no ano 1 dC. Jesus deve ter nascido entre os anos 8 e 6 aC, quando houve um recenseamento na Palestina (lembra da história bíblica de procurar os recém-nascidos?). Quanto ao 25 de dezembro, era uma data pagã em homenagem ao Sol que foi adotada pelos cristãos somente no século quarto.

Com relação ao Ano Novo, ao fim do século e do milênio..., ora, se Jesus não nasceu no ano 1, toda a contagem da era cristã está errada e o milênio já poderia ter virado há 8 anos.

Mas nesta véspera de Natal, pouco deveriam importar os racionalismos e a arbitrariedade das datas. O Natal, que correta ou incorretamente marca o nascimento de Jesus Cristo, acaba servindo para as pessoas chegarem mais perto de uma religiosidade no sentido amplo.

Deixando de lado o consumismo desenfreado, é nesta época que mais nos reunimos com a família, quando deixamos o egoísmo extremo um pouco de lado, damos alguns presentes e até desejamos sinceramente felicidades às demais pessoas.

Já o Ano Novo acaba sendo uma possibilidade de repensar a vida e de acreditar que teremos um recomeço e que desta vez vamos fazer as coisas certas.

Então, para que pensar na arbitrariedade das datas ou no mercantilismo que também cerca esta época? Para que tentar reduzir a importância desses símbolos?

O escritor argentino Ernesto Sabato, por exemplo, escreveu em seu brilhante livro de memórias "Antes do Fim", que esse século da racionalidade deixou o homem num beco sem saída

Talvez seja o caso de seguir os conselhos de Sabato e de tantos outros e deixar de racionalizar e de negar o Natal e apenas desfrutá-lo.

E, para começar, desejo um feliz Natal para todos e um feliz aniversário para Jesus Cristo, seja em que data for.


Leia colunas anteriores
17/12/2000 - Um caipira no topo do mundo
29/10/2000 - A festa de Marta; a sobrevida de Maluf
22/10/2000 - Debate político só vale com detector de mentira
15/10/2000 - A religião de Freud
08/10/2000 - Bem próximos do admirável mundo novo


| Subir |

Biografia
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A - Todos os direitos reservados.