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Vaguinaldo Marinheiro

Vaguinaldo Marinheiro
vmarinheiro@uol.com.br
  31 de dezembro
  Ainda uma era de incertezas,
mas com esperanças
 

O que esperar do século 21? Com a virada formal do milênio, que acontece agora, não de 1999 para 2000, essa pergunta é a mais ouvida. O que queremos são certezas, mas é pouco provável que elas venham neste século ou nos próximos. Continuaremos caminhando na escuridão das incertezas com relação a Deus, à morte, ao destino, ao futuro, enfim.

Mas há esperanças e especulações fora da metafísica.

Por exemplo na medicina, que é um dos ramos que mais nos interessam, uma vez que somos hipocondríacos e só temos a certeza (ela de novo) de que a morte virá.

Afinal, vamos poder desfrutar das descobertas na área da genética? Será que com o mapeamento do DNA vamos poder acabar com as doenças e viveremos para além dos 120 anos?

Que a engenharia genética vai nos ajudar não há dúvida. Que o ser humano estenderá sua expectativa de vida também não. Há até aqueles que acreditam que o homem vai morrer de tédio, não mais de doenças.

Por exemplo, me lembro da profecia do professor Marvin Minsky do MIT (Massachusetts Institute of Technology) feita num seminário para céticos em 1998. Segundo ele, num futuro não muito distante os avanços da medicina vão permitir que o homem viva quanto quiser. "Basta consertar alguns genes", disse ele.

Além disso, vamos poder passar em uma loja para comprar mais capacidade de memória para nós mesmo, como fazemos hoje com os computadores.

Mas o mesmo professor ressaltava que para muitos a vida vai ser um pouco chata, tediosa, e que vários vão preferir é morrer mesmo.

De qualquer forma, tomara que essa profecia não siga o caminho de tantas outras e se concretize. Afinal, é melhor morrer de tédio quando quiser que inesperadamente, sem querer.

Outro avanço deve estar ligado à Internet, que nem existia na última virada do século. Talvez nada muito radical tecnologicamente aconteça, mas já está ocorrendo uma revolução silenciosa, uma revolução de acesso, que deve tornar o mundo ainda mais aberto para a troca de informações e conhecimentos.

Um exemplo é Cuba, onde a Internet tem permitido furar o bloqueio de informações externas decretado pelo Estado. Hoje, ainda são poucos os cubanos com acesso a computadores e Internet, mas quem consegue esse acesso não respeita a determinação de Fidel de não consultar sites noticiosos estrangeiros.

Isso deve ocorrer em todos os lugares e vai ser cada vez mais difícil manter um país fechado, sem informações do mundo. Vai ser cada vez mais difícil controlar as mentes humanas.


E com relação à economia. Será que a ela também trará boas novidades? A globalização e o neoliberalismo, por exemplo, vão se transformar numa força para reduzir a desigualdade no mundo ou vão apenas contribuir para a total segregação dos países pobres?

E a nova economia, vai provocar um crash global e jogar toda a economia mundial numa recessão?

Bom, nesse campo é bem mais difícil dar um "chute" e há argumentos convincentes para os múltiplos cenários possíveis.

Além disso, certezas nessa área tornariam qualquer um bilionário.

Por fim, para não se alongar muito, o que acontecerá com a nossa religiosidade? Vamos nos tornar ateus radicais ou vamos iniciar uma era de crenças, principalmente esotéricas, como o final do milênio prenuncia?

Isso vai depender de Deus, caso ele exista. Darci Ribeiro costumava dizer que Deus era culpado por ele ser ateu. E explicava: se Deus fez tudo, como afirmam aqueles que acreditam nele, me fez um homem descrente, e isso eu não posso mudar.

Se isso é verdade ou mentira, muito provavelmente nem nos próximos milênios nos vamos saber, ou ter certeza.

Feliz ano novo, década nova, século novo, milênio novo




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