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Vaguinaldo Marinheiro

Vaguinaldo Marinheiro
vmarinheiro@uol.com.br
  4 de janeiro de 2001
  Marta e Maia começam cheios de factóides e citações
 

Jornalistas do Rio e de São Paulo devem estar em festa. Aquela máxima da profissão, de que falta de notícias é má notícia, está totalmente afastada com as posses de César Maia e Marta Suplicy. Com esses dois, não faltaram manchetes.

Os primeiros dias já deram o tom do que será o início das duas administrações nas maiores cidades do país.

Só no dia da posse, César Maia, o rei dos factóides, baixou um pacote com 90 medidas, sendo 84 decretos, quatro mensagens e dois avisos de audiência pública.

Resolveu também revogar as 43 últimas medidas tomadas por seu antecessor, Luiz Paulo Conde.

Maia atirou para todos os lados. Mandou baixar o pedágio na Linha Amarela, proibiu a divulgação de pesquisas de opinião na cidade, mexeu na cobrança do ISS dos bancos, regulamentou a atuação das funerárias, anunciou que vai desapropriar o prédio do Cassino da Urca, proibiu os videojogos e cirurgias experimentais em animais. Ontem, mandou a Guarda Civil retirar todos os mendigos, e seus animais, da rua.

Muitas medidas do prefeito carioca serão consideradas inconstitucionais, outras não sairão do papel, por dependerem da Câmara Municipal ou por serem esquecidas pelo próprio prefeito. Mas ele não deve parar de fazer marola, faz parte de seu estilo.

Marta, por enquanto, está gerando mais notícias referentes a seu relacionamento com a imprensa do que com medidas efetivas. Primeiro achou estranho que repórteres estivessem de manhã na porta de sua casa. Depois, seus seguranças na prefeitura confinaram alguns jornalistas numa sala para impedir que eles acompanhassem a prefeita numa visita pelo Palácio das Indústrias.

Ontem (3/1), Marta admitiu que não sabe lidar com o assédio da imprensa. Mas terá que se acostumar, uma vez que tem ambições maiores que a Prefeitura de São Paulo.

A prefeita também vai dar trabalho aos jornalistas com seus atos fora da prefeitura, como aconteceu na terça-feira, quando decidiu almoçar com moradores de rua. Por erro de sua assessoria e dos organizadores do evento, mais de 800 pessoas apareceram para o almoço, programado para 60. Houve confusão no centro, até que restaurantes resolveram distribuir lanches para os "sem-convite"

O próximo evento do tipo da nova prefeita será pintar, com torcedores de times de futebol, o estádio do Pacaembu, no dia 20.

Os dois novos administradores também parecem estar num concurso de citações. No longo discurso de posse (36 minutos), Marta foi eclética. Parafraseou Karl Marx e citou o jazzista Thelonious Monk, o poeta e tradutor Augusto de Campos, o escritor uruguaio Eduardo Galeano e o arquiteto espanhol Jordi Borja Sebastiá.

Maia, por sua vez, ataca de ditadores e clássicos da ciência política em qualquer entrevista: Maquiavel, para falar da relação com o governador Antony Garotinho; Mussolini para tratar de nepotismo.

Tomara que no meio das exibições de erudições e de factóides sobrem mesmo medidas para a melhoria das cidades. Afinal, foi para isso que eles foram eleitos, não para alegrar ou dar serviço para jornalistas.

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24/12/2000 -Não racionalize o Natal, ou feliz aniversário Jesus Cristo
17/12/2000 - Um caipira no topo do mundo
29/10/2000 - A festa de Marta; a sobrevida de Maluf
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