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Domingo, 13 de agosto de 2000

Os Jogos da Nike

Rodrigo Bueno
     
Diego Medina


Não vou tratar aqui dos quase 1.000 atletas da Nike que estarão na Olimpíada de Sydney no mês que vem. Basicamente, tratarei de dois, que simbolizarão os prováveis títulos de seus times. Brasil e EUA, a menos que ocorra um acidente de percurso, ficarão com as medalhas de ouro nos Jogos deste ano.
Uma vez no alto pódio, os dois times evidenciarão Ronaldinho (o que só dá os primeiros passos com a Nike) e Mia Hamm (que já caminhou bastante com a empresa norte-americana de materiais esportivos). Pelas primeiras linhas, deverei ser acusado de ufanismo, por antecipar o ouro tão esperado pelos brasileiros, e de estar vendido, por estar tratando tão abertamente da Nike, que ganhou uma aura de vilã após o fracasso nacional na final da Copa da França.
O fato é que o quadro olímpico é altamente favorável às duas principais equipes da Nike hoje no planeta. Sem esquecer do grande poderio de ambos os times, a quase certeza do sucesso, especialmente no caso masculino, deve-se à escassez de grandes adversários. Na Copa de 98, a Nike dividia com a Adidas as forças e as atenções do futebol. Quis o destino que um acidente de percurso derru­ basse Ronaldo, símbolo da empresa, poucas horas antes da decisão contra a França da Adidas. Em Atlanta, outro acidente, a Nigéria de Kanu, impediu um triunfo que parecia tão certo quanto o deste ano.
Mas a Nigéria também se aliou à Nike, e Kanu não deve ser liberado para provocar outro acidente agora. Os times que mais ameaçam a seleção de Luxemburgo em Sydney ameaçam mais a Nike hoje do que a própria seleção.
A Nigéria ainda está vestindo Nike, mas a relação entre a federação nigeriana e a empresa norte-americana está cada vez mais deteriorada. Os nigerianos reclamam que não houve um cumprimento devido do contrato: poucos amistosos de nível, pouco inter­ câmbio, pouco investimento.
Para piorar, a Nigéria ganhou o direito de fazer uma preparação na Holanda, mas sem muitos recursos humanos, já que poderosos clubes europeus, alguns patrocinados pela Nike, estão brecando a liberação de jogadores (Kanu, do Arsenal, é o maior exemplo).
Já a Itália, campeã do ‘‘Pré- Olímpico europeu’’, por problemas diferentes dos da Nigéria, rompeu com a Nike recentemente. A ‘‘Squadra Azzurra’’ (e a Kappa) vai ao ataque com um uniforme colado ao corpo, quase ao estilo ‘‘tubarão Ian Thorpe’’, que pode aquecer o mercado. Problemas de contrato e de mercado à parte, no campo o desfile da Nike está garantido.
Entre as mulheres, Michelle Akers, a melhor do mundo antes de Mia Hamm, se despede dos gramados em Sydney _recuperada de contusão, foi confirmada no evento. E Mia Hamm, que comerciali­ zou até boneca Barbie no Mundial feminino, colocará na vitrine sua chuteira personalizada, a M9 (algo a ver com a R9 de Ronaldo). Após a Copa de 98, torcedores brasileiros crucificaram a Nike. Passados quase dois anos, no jogo contra a Argentina, torcedores sorridentes empunharam, ingenuamente, bandeiras verde-amarelas com o logo da empresa. A cena pode muito bem se repetir em Sydney, não tão ingenuamente.

Notas

Por cima

Depois de tudo que passou, seja na final da Copa, seja na sala de cirurgia, Ronaldo continua sendo um verdadeiro fenômeno. Quem acompanhou sua chegada ao hotel da seleção antes do jogo com a Argentina ou ao Morumbi sabe que sua popularidade é algo absurdo. Não é por acaso que ele foi convocado pela Fifa para o jogo da França contra o resto do mundo, apenas como espectador.

Por baixo
A seleção da França, campeã do mundo e da Europa com a Adidas, continua atrás do Brasil no ranking da Fifa. A diferença é pequena, de apenas 11 pontos, mas a Fifa já alertou que, como a França não jogará as eliminatórias, dificilmente alcançará o Bra­ sil. O jogo contra a seleção de estrelas da Fifa desta quarta- feira é apenas um consolo.

E-mail:

rbueno@folhasp.com.br



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