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Não
vou tratar aqui dos quase 1.000 atletas da Nike que estarão na Olimpíada
de Sydney no mês que vem. Basicamente, tratarei de dois, que simbolizarão
os prováveis títulos de seus times. Brasil e EUA, a menos que ocorra
um acidente de percurso, ficarão com as medalhas de ouro nos Jogos
deste ano.
Uma vez no alto pódio, os dois times evidenciarão Ronaldinho (o
que só dá os primeiros passos com a Nike) e Mia Hamm (que já caminhou
bastante com a empresa norte-americana de materiais esportivos).
Pelas primeiras linhas, deverei ser acusado de ufanismo, por antecipar
o ouro tão esperado pelos brasileiros, e de estar vendido, por estar
tratando tão abertamente da Nike, que ganhou uma aura de vilã após
o fracasso nacional na final da Copa da França.
O fato é que o quadro olímpico é altamente favorável às duas principais
equipes da Nike hoje no planeta. Sem esquecer do grande poderio
de ambos os times, a quase certeza do sucesso, especialmente no
caso masculino, deve-se à escassez de grandes adversários. Na Copa
de 98, a Nike dividia com a Adidas as forças e as atenções do futebol.
Quis o destino que um acidente de percurso derru basse Ronaldo,
símbolo da empresa, poucas horas antes da decisão contra a França
da Adidas. Em Atlanta, outro acidente, a Nigéria de Kanu, impediu
um triunfo que parecia tão certo quanto o deste ano.
Mas a Nigéria também se aliou à Nike, e Kanu não deve ser liberado
para provocar outro acidente agora. Os times que mais ameaçam a
seleção de Luxemburgo em Sydney ameaçam mais a Nike hoje do que
a própria seleção.
A Nigéria ainda está vestindo Nike, mas a relação entre a federação
nigeriana e a empresa norte-americana está cada vez mais deteriorada.
Os nigerianos reclamam que não houve um cumprimento devido do contrato:
poucos amistosos de nível, pouco inter câmbio, pouco investimento.
Para piorar, a Nigéria ganhou o direito de fazer uma preparação
na Holanda, mas sem muitos recursos humanos, já que poderosos clubes
europeus, alguns patrocinados pela Nike, estão brecando a liberação
de jogadores (Kanu, do Arsenal, é o maior exemplo).
Já a Itália, campeã do ‘‘Pré- Olímpico europeu’’, por problemas
diferentes dos da Nigéria, rompeu com a Nike recentemente. A ‘‘Squadra
Azzurra’’ (e a Kappa) vai ao ataque com um uniforme colado ao corpo,
quase ao estilo ‘‘tubarão Ian Thorpe’’, que pode aquecer o mercado.
Problemas de contrato e de mercado à parte, no campo o desfile da
Nike está garantido.
Entre as mulheres, Michelle Akers, a melhor do mundo antes de Mia
Hamm, se despede dos gramados em Sydney _recuperada de contusão,
foi confirmada no evento. E Mia Hamm, que comerciali zou até boneca
Barbie no Mundial feminino, colocará na vitrine sua chuteira personalizada,
a M9 (algo a ver com a R9 de Ronaldo). Após a Copa de 98, torcedores
brasileiros crucificaram a Nike. Passados quase dois anos, no jogo
contra a Argentina, torcedores sorridentes empunharam, ingenuamente,
bandeiras verde-amarelas com o logo da empresa. A cena pode muito
bem se repetir em Sydney, não tão ingenuamente.
Notas
Por cima
Depois de tudo que passou, seja na final da Copa, seja na sala de
cirurgia, Ronaldo continua sendo um verdadeiro fenômeno. Quem acompanhou
sua chegada ao hotel da seleção antes do jogo com a Argentina ou
ao Morumbi sabe que sua popularidade é algo absurdo. Não é por acaso
que ele foi convocado pela Fifa para o jogo da França contra o resto
do mundo, apenas como espectador.
Por
baixo
A seleção
da França, campeã do mundo e da Europa com a Adidas, continua atrás
do Brasil no ranking da Fifa. A diferença é pequena, de apenas 11
pontos, mas a Fifa já alertou que, como a França não jogará as eliminatórias,
dificilmente alcançará o Bra sil. O jogo contra a seleção de estrelas
da Fifa desta quarta- feira é apenas um consolo.
E-mail:
rbueno@folhasp.com.br
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06/08/2000 - Pré-temporada de luxo
30/07/2000 - Século brasileiro
23/07/2000 - Troca de Comando
16/07/2000 - Caça às
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09/07/2000 - Brasil-2018
02/07/2000 - Campeões melhores
do mundo
25/06/2000 - Desunião européia
18/06/2000 - A volta dos gols
11/06/2000 - Quanto vale o show?
04/06/2000 - Camisa 10 da seleção
28/05/2000 - Licença para jogar
21/05/2000 - Saem os clubes
e entram as seleções
14/05/2000 - "Minhas Desculpas"
07/05/2000 - "Gatos" na Nigéria
30/04/2000 - Presente e Passado
23/04/2000 - Superligas
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