Na minha primeira coluna
após Wanderley Luxemburgo ter
assumido a seleção brasileira,
apresentei números curiosos do
treinador, que jamais havia vencido um jogo oficial no exterior.
Se é que posso me orgulhar
disso, fui o primeiro colunista do
país a criticar Luxemburgo no comando do time nacional. Agora,
em sua saída, quando todos não
poupam pedras ao técnico, tentarei fazer um balanço racional de
sua incursão no futebol mundial.
Fora do Brasil, Luxemburgo confirmou sua fama de caseiro.
Por mais que tenha se empenhado em conseguir ternos europeus
e aprender a língua inglesa, o técnico conseguiu resultados pouco
expressivos mundo afora.
Com a seleção principal, venceu fora de casa amistosos só con
tra equipes de pouca expressão,
como Tailândia, Equador, Japão
e País de Gales. Ganhou apenas
um jogo no exterior pelas elimi
natórias da Copa, batendo por 1 a
0 o Peru, que já mostrou ter um
time bastante limitado.
Contra Espanha, Holanda e
Inglaterra, Luxemburgo arrancou empates, ou seja, a igualdade no marcador foi bem mais co-
memorada pelo time brasileiro
do que o contrário dado o que
aconteceu nas partidas.
¦A conquista da Copa América,
maior façanha do técnico, foi pra
ticamente uma conquista caseira.
Isso porque a seleção brasileira
montou base em Foz do Iguaçu,
jogou em cidade quase na fron-
teira com o Paraguai e não enfrentou a seleção anfitriã. Encarou equipes reservas, mistos, times jovens e ficou com o título.
Na Copa das Confederações,no México (onde a seleção brasi
leira tradicionalmente se sente
em casa), Luxemburgo ousou le
var um time jovem, que fez o nome em cima de uma decadente
Alemanha (4 a 0), mas sucumbiu
quando jogou de fato fora de casa
(3 a 4 diante de uma seleção mexicana só esforçada e motivada).
A imprensa, de uma forma geral, enalteceu demais a participa
ção do time brasileiro nessas duas
competições, mesmo tendo ambas um nível técnico baixo.
Em contrapartida, a mídia talvez tenha exagerado nos vexa-
mes da seleção. Uma derrota de
2 a 0 para a Argentina em Buenos
Aires é algo perfeitamente normal, em qualquer condição. Um
tropeço de 2 a 1 para o Paraguai
em Assunção, no futebol atual,
não chega a ser surpreendente.
A primeira derrota na história
para a Coréia do Sul já era para ter
acontecido com Zagallo. O treinador tetracampeão penou para
segurar os sul-coreanos em Seul.
Ainda existe bobo sim no futebol
mundial, mas a Coréia do Sul já
superou há bom tempo essa fase.
Derrota acachapante do time
principal de Luxemburgo, a bem
da verdade, foi só os 3 a 0 diante
do Chile. Jogar em Santiago é difí
cil, contra Salas e Zamorano mais
ainda. Mas os chilenos não se
acertaram até agora nas eliminatórias, e o placar dilatado é pouco
aceitável para time de alto nível.
Quanto à seleção olímpica, a
história é bem diferente. O Brasil
é um dos poucos países que mantêm o mesmo técnico para o time
principal e o sub-23. Tal planejamento, certo ou errado, é bem anterior à gestão de Luxemburgo.
O time cumpriu boa fase de
preparação, mas venceu o Pré-
Olímpico, outro título que foi superestimado, em casa.
Na Austrália, a equipe sofreu
até para ganhar de times locais. A
derrota para a África do Sul por 3
a 1 foi vexatória, tanto que os sul-
africanos conseguiram apenas os três pontos contra o Brasil.
Os frágeis adversários e a tabela favorável me fizeram inclusive
apostar na seleção na coluna anterior à Olimpíada, mas o que a
equipe brasileira conseguiu fazer
diante de nove jogadores de Ca
marões que não ficaram na retranca é algo impensável.
Os 2 a 1 que eliminaram a seleção foram muito piores que os 4 a
3 diante da Nigéria em 96. Não há
justificativa técnica para a forma
como o Brasil deixou os Jogos.
Luxemburgo começou como
um técnico caseiro na seleção
brasileira. E deixa a seleção da
mesma forma. Recado aos times
que buscam sucesso internacional: cuidado com o Wanderley.
E-mail:
rbueno@folhasp.com.br
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24/09/2000 - Um detalhe interferiu: a bola
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10/09/2000 - Dando a cara para
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03/09/2000 - Veja
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27/08/2000 - Racismo
20/08/2000 - O jogo do milhão
13/08/2000 - Os jogos da Nike
06/08/2000 - Pré-temporada de luxo
30/07/2000 - Século brasileiro
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11/06/2000 - Quanto vale o show?
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28/05/2000 - Licença para jogar
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