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Domingo, 15 de outubro de 2000

Sonda-se treinador estrangeiro

Rodrigo Bueno
     

Diego Medina
A placa acima está exposta em algumas das principais federações nacionais do planeta, como a brasileira e a inglesa.

Nos bastidores, porém, o que mais vemos é sonda-se técnico. Até aí nenhuma novidade. O fato novo e curioso é que surgem as primeiras sondagens e especulações sobre as contratações de téc nicos estrangeiros por parte de tradicionais ‘‘escolas de futebol’’.

A Inglaterra, talvez o país mais conservador quando o assunto é futebol, abriu as portas para os treinadores gringos. Mais que isso, para os franceses, historicamente rivais dos ingleses em tudo.

Wenger, Houllier, Jacquet, Lemerre. Todos esses nomes estiveram na pauta dos jornais ingleses nesta semana, em que o English Team, em busca de um substituto para Kevin Keegan, penou para empatar com a Finlândia e acenou com a possibilidade de desistir da Copa do Mundo de 2002.

A maluca idéia teria explicação em um projeto para formar um time em condições de ser campeão mundial em 2006. Mas tal idéia bate com o final do contrato de Arsene Wenger, técnico francês que dirige há anos o Arsenal, com o clube londrino (meio de 2002).

Os ingleses mostram pouca confiança em técnicos que já passaram pela seleção nacional, como Terry Venables, Bryan Robson ou Glenn Hoddle. Também temem a radicalidade que poderia trazer um técnico de outro país ao mais que secular futebol britânico.

Wenger seria um técnico estrangeiro já adaptado ao futebol inglês, o meio termo, o homem.

O quadro acendeu a discussão em todo o mundo sobre o trabalho de um técnico estrangeiro em uma seleção de ponta. Sir Bobby Charlton teve seu orgulho inglês ferido, dizendo que técnico gringos são para seleções menores, pensamento que é compartilhado por boa parte da elite do futebol mundial, incluindo o Brasil.

O Uruguai, cujo futebol teve assustadora decadência, deu o braço a torcer e deixou sua seleção, sua maior honra, nas mãos de um gringo, um argentino, desafiando os uruguaios mais ferrenhos.

Contra a Argentina, na semana passada, Passarella admitiu fraqueza antes do clássico sul-americano, dizendo que não comemoraria gol de seu time, que seria duro encarar o Monumental de Nuñes cheio de conterrâneos.

O que dizer então se Passarella fosse técnico do Brasil e enfrentasse a Argentina na final da Copa?

A imprensa brasileira ainda não teve a ‘‘ousadia’’ de sugerir Passarella ou outro técnico de um país rival para dirigir a seleção.
Mas, entre devaneios e sérias reflexões, já foram sugeridos os no­
mes do holandês Johan Cruyff e do sueco Sven Goran Eriksson.

Dificilmente a CBF arrancaria qualquer um dos dois de suas tranquilas situações na Europa. Mas, mais difícil ainda, seria um dos dois treinadores convencer Ricardo Teixeira a contratá-los.

A auto-estima do futebol nacional nunca esteve tão baixa, o que
inclusive fomentou a idéia de encontrar treinadores no exterior.
Mas, para muitos, aceitar um gringo à frente da seleção brasileira seria como admitir um presidente da República estrangeiro.

O técnico argentino Filpo Nuñes dirigiu o Brasil nos 3 a 0 con­
tra o Uruguai em 1965. Doeu?


Itália
Depois da nova camisa do time masculino, mais colada ao corpo, que fez sucesso na Euro-2000, chegou a vez das mulheres. A seleção feminina italiana ganhará novo uniforme, também colante, adaptado às curvas das garotas, que
usarão calções curtinhos. Enquanto isso, no Brasil, as jogadoras lutam por emprego.

Holanda
Louis van Gaal não tem tantos problemas pessoais como
Wanderley Luxemburgo, mas tem um perfil profissional bem parecido com o do ex-técnico da seleção. Disciplinador e amante do marketing, gosta de aparecer mais que os seus jogadores. Começou há algumas semanas na seleção da Holanda falando em vencer a Copa de 2002. Após três jogos, tem grande chance de nem ir ao Mundial.

rbueno@folhasp.com.br



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