Diego
Medina
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A placa
acima está exposta em algumas das principais federações
nacionais do planeta, como a brasileira e a inglesa.
Nos
bastidores, porém, o que mais vemos é sonda-se técnico.
Até aí nenhuma novidade. O fato novo e curioso é
que surgem as primeiras sondagens e especulações sobre
as contratações de téc nicos estrangeiros por
parte de tradicionais escolas de futebol.
A Inglaterra,
talvez o país mais conservador quando o assunto é
futebol, abriu as portas para os treinadores gringos. Mais que isso,
para os franceses, historicamente rivais dos ingleses em tudo.
Wenger,
Houllier, Jacquet, Lemerre. Todos esses nomes estiveram na pauta
dos jornais ingleses nesta semana, em que o English Team, em busca
de um substituto para Kevin Keegan, penou para empatar com a Finlândia
e acenou com a possibilidade de desistir da Copa do Mundo de 2002.
A maluca
idéia teria explicação em um projeto para formar
um time em condições de ser campeão mundial
em 2006. Mas tal idéia bate com o final do contrato de Arsene
Wenger, técnico francês que dirige há anos o
Arsenal, com o clube londrino (meio de 2002).
Os
ingleses mostram pouca confiança em técnicos que já
passaram pela seleção nacional, como Terry Venables,
Bryan Robson ou Glenn Hoddle. Também temem a radicalidade
que poderia trazer um técnico de outro país ao mais
que secular futebol britânico.
Wenger
seria um técnico estrangeiro já adaptado ao futebol
inglês, o meio termo, o homem.
O quadro
acendeu a discussão em todo o mundo sobre o trabalho de um
técnico estrangeiro em uma seleção de ponta.
Sir Bobby Charlton teve seu orgulho inglês ferido, dizendo
que técnico gringos são para seleções
menores, pensamento que é compartilhado por boa parte da
elite do futebol mundial, incluindo o Brasil.
O Uruguai,
cujo futebol teve assustadora decadência, deu o braço
a torcer e deixou sua seleção, sua maior honra, nas
mãos de um gringo, um argentino, desafiando os uruguaios
mais ferrenhos.
Contra
a Argentina, na semana passada, Passarella admitiu fraqueza antes
do clássico sul-americano, dizendo que não comemoraria
gol de seu time, que seria duro encarar o Monumental de Nuñes
cheio de conterrâneos.
O que
dizer então se Passarella fosse técnico do Brasil
e enfrentasse a Argentina na final da Copa?
A imprensa
brasileira ainda não teve a ousadia
de sugerir Passarella ou outro técnico de um país
rival para dirigir a seleção.
Mas, entre devaneios e sérias reflexões, já
foram sugeridos os no
mes do holandês Johan Cruyff e do sueco Sven Goran Eriksson.
Dificilmente
a CBF arrancaria qualquer um dos dois de suas tranquilas situações
na Europa. Mas, mais difícil ainda, seria um dos dois treinadores
convencer Ricardo Teixeira a contratá-los.
A auto-estima
do futebol nacional nunca esteve tão baixa, o que
inclusive fomentou a idéia de encontrar treinadores no exterior.
Mas, para muitos, aceitar um gringo à frente da seleção
brasileira seria como admitir um presidente da República
estrangeiro.
O técnico
argentino Filpo Nuñes dirigiu o Brasil nos 3 a 0 con
tra o Uruguai em 1965. Doeu?
Itália
Depois da nova camisa do time masculino, mais colada ao corpo, que
fez sucesso na Euro-2000, chegou a vez das mulheres. A seleção
feminina italiana ganhará novo uniforme, também colante,
adaptado às curvas das garotas, que
usarão calções curtinhos. Enquanto isso, no
Brasil, as jogadoras lutam por emprego.
Holanda
Louis van Gaal não tem tantos problemas pessoais como
Wanderley Luxemburgo, mas tem um perfil profissional bem parecido
com o do ex-técnico da seleção. Disciplinador
e amante do marketing, gosta de aparecer mais que os seus jogadores.
Começou há algumas semanas na seleção
da Holanda falando em vencer a Copa de 2002. Após três
jogos, tem grande chance de nem ir ao Mundial.
rbueno@folhasp.com.br
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