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Diego
Medina
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Quando
Wanderley Luxemburgo assumiu a seleção brasileira, escrevi logo
na primeira coluna seu pobre currículo internacional, sendo crítico
único em meio aos tantos elogios que ele recebeu no início de sua
gestão.
Na coluna de hoje, também farei questionamento negativo sobre Leão,
o novo técnico do Brasil, mas estou certo de que a crítica ao ex-goleiro
não é algo pioneiro.
Após tantas renúncias ao cargo de treinador da seleção, algo que
os estrangeiros até agora não entendem, a CBF içou Leão. Não era
a primeira nem a segunda nem a terceira e nem sei qual opção ele
era. Está claro apenas que a escolha foi fruto de um momento conturbado.
Até aí nada de novo.
O currículo de jogador de Leão é muito mais qualificado que o seu
currículo de técnico. Não que isso o descredencie, mas, ao analisarmos
o que tem acontecido com os profissionais do tipo pelo mundo, o
futuro do novo treinador da seleção é, no mínimo, problemático.
Dino Zoff na Itália, Kevin Keegan na Inglaterra, Frank Rijkaard
na Holanda, Daniel Passarella na Argentina, Rudi Völler na Alemanha.
Esses são alguns exemplos de grandes jogadores, muitos inclusive
da mesma geração de Leão, que foram guindados ao comando de suas
seleções nacionais e, por uma razão ou por outra, não lhes foi permitido
ter boa sequência de trabalho.
Assim como Leão, todos assumiram (sem querer) com a marca de jogador,
que nunca conseguiram perder. Alguns não incorporam bem a face de
treinador e outros simplesmente não conseguem fazer o grande público
desassociar suas imagens daquela construída na época de atleta.
A ligação forte e próxima com os jogadores, vista sempre como uma
vantagem para esses profissionais, nem sempre evita problemas. Se
sobra tato em campo, às vezes falta com os dirigentes, com os jornalistas
ou mesmo com os torcedores (o lado jogador do técnico acaba falando
mais alto).
Beckenbauer e Cruyff foram os que mais furaram o ditado de que grandes
jogadores não dão grandes técnicos. Os dois, porém, figuram entre
os mais inteligentes e diplomáticos jogadores de todos os tempos,
muito habituados com os holofotes, a exposição máxima.
Nas Copas do Mundo contemporâneas, exceção feita a Beckenbauer-1990,
os técnicos consagrados estão mais para a teoria do que para a prática.
Isso vai desde o filósofo Rinus Michels, passa pelo falastrão Menotti,
o realista Bearzot e o pouco compreensível Bilardo, indo até o estudioso
Parreira e o pensador Jacquet.
No Brasil, os técnicos que mais têm obtido sucesso são ex-jogadores
medianos ou mesmo ‘‘grossos’’. Luxemburgo, Scolari, Culpi e tantos
outros quase nada significam para as pessoas como atletas hoje.
São mais técnicos de futebol que qualquer outra coisa.
Leão está bem longe de ser um ‘‘player manager’’ no estilo inglês,
como foram com relativo sucesso Gullit e Vialli _os dois craques
de fato eram grandes jogadores e técnicos simultaneamente.
Mas o ex-goleiro, engravatado ou não, é muito mais personagem do
‘‘Gol - o Grande Momento’’ do que do ‘‘Super Técnico’’.
Na prática, Leão é expert quando o assunto é Copa do Mundo. Na teoria,
vamos ver agora.
Notas
Racismo?
O zagueiro Roque Júnior recebeu nota 6 do jornal ‘‘Corriere della
Sera’’ pela sua atuação na derrota do Milan por 2 a 1 para o Bologna.
Para o jornal, ele jogou com dignidade numa confusa defesa. Já para
a ‘‘Gazzetta dello Sport’’, ele mereceu nota 4. Foi ridicularizado,
visto como ‘‘terrível’’, como se não soubesse tocar na bola. Depois,
é comparado a N’Gotty, outro negro estrangeiro que passou pelo time.
João Bittar, editor de fotografia da Folha e seguidor do futebol
europeu, me alertou para a cobertura da imprensa italiana, que apóia
a iniciativa do treinador Tardelli de dispensar outro selecionável,
o volante Vampeta, da Internazionale.
Racismo!
Mihajlovic chamou Vieira de ‘‘negro de merda’’ em meio ao Lazio
x Arsenal. Até agora, ficou por isso mesmo.
e-mail:
rbueno@folhasp.com.br
Leia
mais:
Leia
as colunas anteriores:
15/10/2000 - Sonda-se treinador
estrangeiro
08/10/2000 -
Superseleção ou supertécnicos?
1º/10/2000 - Fora daqui
24/09/2000 - Um detalhe interferiu:
a bola
17/09/2000 - Excessivo excesso
de otimismo
10/09/2000 - Dando a cara para
bater
03/09/2000 - Veja
agora o campeão da Copa-2002
27/08/2000 - Racismo
20/08/2000 - O jogo do milhão
13/08/2000 - Os jogos da Nike
06/08/2000 - Pré-temporada de luxo
30/07/2000 - Século brasileiro
23/07/2000 - Troca de Comando
16/07/2000 - Caça às
bruxas
09/07/2000 - Brasil-2018
02/07/2000 - Campeões melhores
do mundo
25/06/2000 - Desunião européia
18/06/2000 - A volta dos gols
11/06/2000 - Quanto vale o show?
04/06/2000 - Camisa 10 da seleção
28/05/2000 - Licença para jogar
21/05/2000 - Saem os clubes
e entram as seleções
14/05/2000 - "Minhas Desculpas"
07/05/2000 - "Gatos" na Nigéria
30/04/2000 - Presente e Passado
23/04/2000 - Superligas
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