|
|
|
|
|
João Havelange, o homem que mais defende um Mundial na África,
comentou, na sede da Fifa, no dia 2 de julho de 1993, poucas horas
após o lançamento da candidatura alemã a sede
da Copa do Mundo de 2006, o que achava da proposta da Alemanha.
A Alemanha é um grande país, que tem todos
os atributos para hospedar com sucesso a Copa do Mundo: uma economia
forte, uma moeda estável, uma grande cultura, uma excelente
infra-estrutura, uma federação exemplarmente organizada,
amplos estádios e uma forte seleção nacional.
A Alemanha merece ser premiada com a Copa de 2006.
Um ano e 13 dias após o lançamento da candidatura alemã,
o sonho do Mundial africano sofreu seu primeiro grande revés.
Em um Congresso Extraordinário da Fifa, em Chicago, em meio
à Copa do Mundo dos EUA, um pedido dos africanos para o rodízio
de continentes na organização dos Mundiais foi rejeitado.
A Alemanha merece ser premiada com a Copa de 2006,
repetiria João Havelange no dia 30 de janeiro de 1995, em um
evento da Unesco, em Stuttgart.
Mesmo com todo o projeto social da candidatura da África do
Sul, mesmo com o desejo quase que universal de uma Copa do Mundo na
África, mesmo com a derrota do sueco Lennart Johansson para
o suíço Joseph Blatter na eleição para
presidente da Fifa em 1998, a Europa continuou sendo a força
maior do futebol.
Uma atitude simples, como oferecer uma repescagem para a Ásia,
garantiu um apoio decisivo para mais um Mundial europeu.
Pressão sobre membros do Comitê Executivo da Fifa, tentativas
de suborno, ameaças de morte.
Verdade ou mentira, brincadeira ou não, a Alemanha (leia-se
Europa) conseguiu vitória histórica. Nunca o continente
esteve tão ameaçado por outro na disputa de uma Copa
e nunca os europeus haviam tido duas fortescandidaturas a um Mundial.Assim
mesmo, eles venceram.
O rodízio de continentes que tanto pede a África e outras
regiões do mundo, agora novamente colocado em discussão
por Josep Blatter, ainda não venceu o rodízio de continentes
que impõe a Europa (Copa sim, Copa não, o Velho Continente
leva o torneio).
Pelo rodízio de continentes que Havelange idealizou e que Blatter
retoma, o Brasil será o anfitrião da Copa em 2014, após
o tão esperado Mundial na África (não há
como passar de 2010 agora).
Mas esse rodízio ainda não está vigorando. A
Europa mostrou de novo sua força e não deve esmorecer
diante da possibilidade de receber a Copa a cada 24 anos.
Continuando o rodízio vigente, em 2014 o Mundial será
disputado na Inglaterra, cuja candidatura a 2006 teve as asas cortadas.
Assim, a América voltaria a ter a Copa só em 2018. O
Brasil, pelo menos, já garantiu politicamente o direito de
fazer o próximo Mundial no continente americano.
Ricardo Teixeira, o presidente da CBF que errou (de forma tola) ao
investir na candidatura a 2006 e errou (de forma ainda mais tola)
ao retirar a candidatura poucas horas antes da votação
(não alterou o resultado e caiu ainda mais em descrédito)
deverá completar 71 anos em 2018 _Havelange veria a Copa com
102.
Notas
A Copa da Alemanha começa no dia 9 de junho e termina exatamente
um mês depois.
Local: O Mundial-2006 começa em Munique e acaba em Berlim.
Ingressos: Nenhuma entrada para a Copa de 2006 será vendida
até 2005, disse o assessor de imprensa da federação
alemã, Wolfgang Niersbach.
Audiência: Franz Beckenbauer, em seus agradecimentos aos patrocinadores,
disse que a Copa-2006 terá audiência acumulada maior
do que a Copa-98 (40 bilhões de pessoas).
Classificação: A Alemanha se garantiu em 2006, mas pode
não ir a 2002 (vive a pior fase de sua história e duela
com a Inglaterra nas eliminatórias européias).
E-mail: rbueno@folhasp.com.br
Leia
mais:
Leia
as colunas anteriores:
02/07/2000 - Campeões melhores
do mundo
25/06/2000 - Desunião européia
18/06/2000 - A volta dos gols
11/06/2000 - Quanto vale o show?
04/06/2000
- Camisa 10 da seleção
28/05/2000 - Licença para jogar
21/05/2000 - Saem os clubes
e entram as seleções
14/05/2000 - "Minhas Desculpas"
07/05/2000 - "Gatos" na Nigéria
30/04/2000 - Presente e Passado
23/04/2000 - Superligas
|
|
|
|