Diego
Medina
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Eles
se preparam para ir embora. Discretamente, sem dizer tchau,
já abrem
caminho para quem está chegando por aí. Andre
Agassi e Pete Sampras, sim, estão já prontos
para deixar o tênis em segundo plano.
Nenhum
dos dois admite, mas é nítido que não
têm mais a empolgação necessária
para fazer frente a Marat Safin, Gustavo Kuerten, Magnus Norman...
Como
"desculpa", Sampras diz que está entrando
em uma nova fase de sua vida, pessoal. Nos três meses
pós-casamento, treinou, se tanto, três semanas.
"Só quero me casar uma vez, então preferi
ficar curtindo essa".
Questionado
sobre a dura decisão de ficar longe das quadras na
temporada indoor de carpete na Europa, aquela que tanto gosta,
responde com um tranquilo "não foi difícil
escolher isso".
Em
quase uma hora de conversa com jornalistas, o momento de maior
empolgação é quando fala da mulher, que
está longe. "Nunca estivemos tão longe.
Adoraria se ela estivesse aqui."
O
melhor jogador da década reconhece que precisaria se
dedicar intensamente ao tênis para ficar no topo. "O
futuro do tênis está ali", disse aqui em
Lisboa, apontando Safin, Hewitt e Kuerten.
Uma
outra frase de Sampras mostra seu menor envolvimento com o
tênis: "Tenho certeza que o espaço será
cada mais maior para os jovens, aqueles que têm as pernas
mais novas".
A
um jornalista simpático, que lhe pergunta quase afirmando
que ele pode compensar com a experiência, Sampras diz
que não. Que, experiência, todos os "top
players" já têm de sobra.
E
Agassi? Ainda menos paciente e contente que Sampras (que está
apaixonado, não se esqueça), deixa claro que
não suporta mais rodar o circuito profissional.
"Que
dia é hoje? É dezembro? Ainda é novembro?
Ainda não acabou a temporada, ainda", afirma,
indignado.
Um
membro da ATP então balbucia, um tanto constrangido,
que a temporada já está acabando. "Só
vou acreditar quando acabar mesmo", responde, seco, Agassi,
olhando para o teto.
"É
difícil quando se tem uns 30 anos. Fica cada vez mais
e mais difícil. A temporada precisa ser mais curta,
um pouco menor."
Sozinho
em Lisboa (diferentemente de Hannover, onde, motivado, não
desgrudou da namorada, Steffi Graf), Agassi não esconde
também seu descontentamente com a Corrida dos Campeões.
E
se atreve a fazer críticas mais pesadas aí,
nesse ponto. "Você tem a Corrida, tem o ranking
de entradas, tudo isso. Em vez de vender esse sistema, existem
coisas mais importantes para vender, como simplesmente dizer
que o jogo é um programa bacana", fala, sem se
policiar.
Olhar
morto, Agassi mostra-se uma "presa", fraco fora
de quadra (dentro, ainda não se sabe). Se vai jogar
a Copa Davis no próximo, responde que é essa
a última coisa que vai pensar. Se conseguiria viver
sem jogar tênis, a resposta de Agassi é uma só
palavra, sem hesitação: sim.
É
assim, melancólico, que Agassi termina a conversa.
E assim levanta-se e vai embora, mudo, sozinho. Discretamente,
sem sorrir, sem dar tchau a ninguém.
Notas
Terra
estrangeira
Os tenistas que disputam o Masters Cup estão aparentemente
estranhando a disputa do torneio em Lisboa, uma cidade onde
poucos haviam estado antes.
Futebol
Jornalistas portugueses insistiam em saber de Sampras se ele
usaria uma camiseta da seleção portuguesa de
futebol que havia ganhado. Depois, tentavam arrancar uma declaração
de amor pelo futebol. "Estou aprendendo a gostar",
falou, para em seguida virar a um amigo e dizer "boa
resposta essa, hein?"
Bacalhau
Magnus Norman até disse que gostou da comida portuguesa,
mas, sua namorada, não. No cocktail após o sorteio
dos grupos, ela o apressava para ir embora, de volta para
o hotel.
Cama
Ainda é aguardada em Lisboa a chegada de Steffi Graf,
namorada de Agassi. Na lista de convidados do tenista consta
seu nome. E, no hotel Ritz, uma cama king size foi colocada
em seu quarto.
E-mail: reandaku@uol.com.br
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