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Quarta-feira, 2 de agosto de 2000

Match point

Thales de Menezes
     
Diego Medina


Pete Sampras, entre outros recordes, estabeleceu um no ano passado que não será batido: 276 semanas no topo do ranking mundial. Este colunista chega hoje a uma marca que pode até ser superada, mas vai demorar: 336 semanas de contato com os leitores fãs de tênis. E esta, que pena, é a última.
Novos desafios profissionais fazem o colunista tomar outros rumos, longe dos comentários sobre esse fascinante esporte de raquetes. O que não vai dar é parar de acompanhar os jogos, um hábito desde os anos 70, quando um jovem Bjorn Borg jogou em São Paulo de camiseta vermelha e cabelos compridos, mostrando para a garotada que tênis também podia ser "cool", embora a gíria ainda não existisse na época.
Para continuar falando do passado, mas não tão passado assim, vale lembrar o cenário do tênis quando a coluna começou, em janeiro de 1994. Pete Sampras já era o melhor tenista do mundo, mas ainda não era o melhor de todos os tempos. Naquela época, o colunista defendia John McEnroe em qualquer votação. E o "Big Mac" pode ser um Maradona do tênis, craque de talento natural, mas a coleção de títulos de Sampras nesses seis anos fez dele o Pelé desse esporte.
Nesse período, a coluna acompanhou a ascensão e queda do tênis "porrada", imposto pelos reis do saque-canhão. Krajicek, Ivanisevic, Philippoussis e o resto da patota. Mas a ditadura dos sacadores a mais de 200 km/h foi respondida por uma nova geração de trocadores de bola, gente que conseguiu criar um estilo agressivo mesmo jogando do fundo, aceitando o duelo de rebatidas com os adversários.
O público e o colunista, cansados do jogo definido rapidamente, aplaudiram a volta do espectáculo com Sampras (tão bom que passou da turma dos canhões para essa sem problemas), Agassi, Kafelnikov, Enqvist, Ríos e, lógico, Kuerten.
O bicampeão de Roland Garros foi tema principal de 96 colunas. A surpresa de 1997. O difícil aprendizado da nova vida de fama nos meses seguintes. A má fase, não tão má assim, mas alardeada injustamente pela imprensa. O longo processo de adaptação às quadras rápidas. A espetacular vitória sobre a Espanha na Davis, na casa do adversário (quando Kuerten jogou uma barbaridade e deixou sem ação este colunista, que previra vitória espanhola por 5 a 0). As críticas duras ao péssimo início de temporada neste ano. A constatação de como Kuerten melhorou em questão de meses. A afirmação de que ele venceria Roland Garros e seria número um do mundo, seis semanas antes disso ser fato concretizado. De vez em quando a gente acerta, não?
Imaginar a situação de hoje do tênis no país em 1994 era uma loucura. Nem a mais otimista das previsões vislumbrava as transmissões de jogos de um tenista brasileiro parando o país. Ou a existência de uma coluna sobre tênis neste jornal que recebesse em um só dia 251 e-mails, como aconteceu na final recente de Roland Garros.
Este colunista dá uma parada nesse contanto intenso com os leitores com Kuerten novamente ocupando o primeiro posto na Corrida dos Campeões, que, apesar das muitas críticas, é o novo ranking mundial. Ver Kuerten por cima não deixa de dar uma certa sensação de dever cumprido. Afinal, hoje é mais fácil comentar o tênis, que está na boca do povo. Por mérito único de Kuerten e Larri Passos, porque os dirigentes do esporte no país nada fizeram para contribuir com essa popularização.
E, como Kuerten tem muitos anos de estrelato pela frente, pode ser que a gente volte a se encontrar. Valeu.


Notas

Muitos amigos

O colunista conseguiu cadastrar mais de 600 leitores que enviaram e-mails. O número real de correspondentes é muito maior, talvez três ou quatro vezes isso, mas a falta de tempo e paciência fez com que muitas e muitas mensagens fossem perdidas. O número de elogios superou o de críticas. Alguns ataques pessoais deram um tempero especial na correspondência, e não deixaram nenhum rancor.


As últimas
O que ficou faltando falar: tênis é o maior barato, quem nunca jogou não sabe o que perde; Gustavo Kuerten é mesmo bom e vai ganhar por anos e anos; Steffi Graf é a mulher mais fascinante que já jogou tênis; Pete Sampras é o máximo, mas eu queria ter nascido o John McEnroe.



E-mail: thalesmenezes@uol.com.br



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