Diego
Medina
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Pete
Sampras, entre outros recordes, estabeleceu um no ano passado
que não será batido: 276 semanas no topo do ranking mundial.
Este colunista chega hoje a uma marca que pode até ser superada,
mas vai demorar: 336 semanas de contato com os leitores fãs
de tênis. E esta, que pena, é a última.
Novos desafios profissionais fazem o colunista tomar outros
rumos, longe dos comentários sobre esse fascinante esporte
de raquetes. O que não vai dar é parar de acompanhar os jogos,
um hábito desde os anos 70, quando um jovem Bjorn Borg jogou
em São Paulo de camiseta vermelha e cabelos compridos, mostrando
para a garotada que tênis também podia ser "cool", embora
a gíria ainda não existisse na época.
Para continuar falando do passado, mas não tão passado assim,
vale lembrar o cenário do tênis quando a coluna começou, em
janeiro de 1994. Pete Sampras já era o melhor tenista do mundo,
mas ainda não era o melhor de todos os tempos. Naquela época,
o colunista defendia John McEnroe em qualquer votação. E o
"Big Mac" pode ser um Maradona do tênis, craque de talento
natural, mas a coleção de títulos de Sampras nesses seis anos
fez dele o Pelé desse esporte.
Nesse período, a coluna acompanhou a ascensão e queda do tênis
"porrada", imposto pelos reis do saque-canhão. Krajicek, Ivanisevic,
Philippoussis e o resto da patota. Mas a ditadura dos sacadores
a mais de 200 km/h foi respondida por uma nova geração de
trocadores de bola, gente que conseguiu criar um estilo agressivo
mesmo jogando do fundo, aceitando o duelo de rebatidas com
os adversários.
O público e o colunista, cansados do jogo definido rapidamente,
aplaudiram a volta do espectáculo com Sampras (tão bom que
passou da turma dos canhões para essa sem problemas), Agassi,
Kafelnikov, Enqvist, Ríos e, lógico, Kuerten.
O bicampeão de Roland Garros foi tema principal de 96 colunas.
A surpresa de 1997. O difícil aprendizado da nova vida de
fama nos meses seguintes. A má fase, não tão má assim, mas
alardeada injustamente pela imprensa. O longo processo de
adaptação às quadras rápidas. A espetacular vitória sobre
a Espanha na Davis, na casa do adversário (quando Kuerten
jogou uma barbaridade e deixou sem ação este colunista, que
previra vitória espanhola por 5 a 0). As críticas duras ao
péssimo início de temporada neste ano. A constatação de como
Kuerten melhorou em questão de meses. A afirmação de que ele
venceria Roland Garros e seria número um do mundo, seis semanas
antes disso ser fato concretizado. De vez em quando a gente
acerta, não?
Imaginar a situação de hoje do tênis no país em 1994 era uma
loucura. Nem a mais otimista das previsões vislumbrava as
transmissões de jogos de um tenista brasileiro parando o país.
Ou a existência de uma coluna sobre tênis neste jornal que
recebesse em um só dia 251 e-mails, como aconteceu na final
recente de Roland Garros.
Este colunista dá uma parada nesse contanto intenso com os
leitores com Kuerten novamente ocupando o primeiro posto na
Corrida dos Campeões, que, apesar das muitas críticas, é o
novo ranking mundial. Ver Kuerten por cima não deixa de dar
uma certa sensação de dever cumprido. Afinal, hoje é mais
fácil comentar o tênis, que está na boca do povo. Por mérito
único de Kuerten e Larri Passos, porque os dirigentes do esporte
no país nada fizeram para contribuir com essa popularização.
E, como Kuerten tem muitos anos de estrelato pela frente,
pode ser que a gente volte a se encontrar. Valeu.
Notas
Muitos amigos
O colunista conseguiu cadastrar mais de 600 leitores que enviaram
e-mails. O número real de correspondentes é muito maior, talvez
três ou quatro vezes isso, mas a falta de tempo e paciência
fez com que muitas e muitas mensagens fossem perdidas. O número
de elogios superou o de críticas. Alguns ataques pessoais
deram um tempero especial na correspondência, e não deixaram
nenhum rancor.
As últimas
O que ficou faltando falar: tênis é o maior barato, quem nunca
jogou não sabe o que perde; Gustavo Kuerten é mesmo bom e
vai ganhar por anos e anos; Steffi Graf é a mulher mais fascinante
que já jogou tênis; Pete Sampras é o máximo, mas eu queria
ter nascido o John McEnroe.
E-mail: thalesmenezes@uol.com.br
Leia
mais:
Colunas anteriores:
26/07/00 - Carta aos pais
19/07/00 - Crise Americana
12/07/00 - Made in USA
05/07/00 - Desprezo geral
28/06/00 - O rei da
grama
21/06/00 - Um outro
esporte
14/06/00 - Não
tem pra ninguém
07/06/00 - Simplesmente um
show
31/05/00 - Paris é
uma festa
24/05/00 - O melhor do mundo
17/05/00
- Atacar ou atacar
10/05/00 - A voz do povo
03/05/00
- A volta da matadora
26/04/00
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de pressão
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