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Wayne Arthurs


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Quarta-feira, 30 de agosto de 2000

Quem ele pensa que é?

Régis Andaku
     
Diego Medina


Gustavo Kuerten, o moço que conquistou o bicampeonato de Roland Garros, em Paris, neste ano, caiu na primeira rodada do Aberto dos Estados Unidos, em Nova York, ontem.

Muita gente ficou chocado, é claro; surpreso mesmo, pois Kuerten havia nos convencido de que é, de fato, um dos melhores tenistas de todos os tempos.

Havia dito também que aprendera a tomar vantagem de ser o favorito Que o fato de ser considerado favorito não era mais algo que o pressionava, mas que fazia com que intimidasse os adversários.

Nas fotos, na TV, ele sempre mostra que está se divertindo em quadra. E diz isso, que é uma diversão entrar em quadra e dar o melhor de si.

No ranking desta temporada, ele é o número um. Ganhou, finalmente, um título em uma quadra de piso rápido, que não era sua especialidade.

Então como ele perdeu ontem?

Mais: perdeu para um sujeito que é o número 97 do ranking mundial. Um tenista que precisou passar pelo torneio qualificatório ficar entre os 128 da chave masculina de simples.

O técnico Larri Passos já havia dito várias vezes que seu pupilo havia superado a instabilidade emocional. Que a falta de concentração já não atingia mais Kuerten nos seus momentos mais difícieis.

Então, como ele perdeu?

O problema, caro amigo, a confusão, o choque sofrido diante da notícia da derrota de Kuerten, não se deve ao que você pensa (ou pensava) dele. Mas sobre o que ele pensa dele próprio.

Contra Arthurs, que jogou muito bem contra Kuerten e de maneira inteligente, o brasileiro não foi nada daquilo que ele mesmo diz e mostra ser.

Não se divertiu, não mostrou empolgação, não mostrou todo o seu talento, não mostrou que o fato de ser cabeça-de-chave número dois não o atrapalha.

"Não pude me concentrar. Estive o tempo todo pensando em outras coisas", revelou o número um depois da eliminação no último Grand Slam do ano.

Por que ele perdeu? Arthurs jogou bem, mesmo, pressionando o brasileiro nos momentos em que estava por cima. E Kuerten não jogou nada do que está acostumado a jogar, do que sabe jogar.

Um dia, um Kuerten "Arthurs" bateu Yevegeny Kafelnikov, Thomas Muster, Sergi Bruguera e ganhou Roland Garros. Ontem, oras, um Wayne Arthurs bateu Gustavo Kuerten.

*

Kuerten não está mais dando suas raquetadas, mas muita gente boa e que merece nossa atenção continua movimentando o Arthur Ashe Stadium e as quadras adjacentes.

Os norte-americanos são os personagens mais interessantes daqui para a frente.

No feminino, Serena Williams é a pessoa a ser vista. Campeã na edição do ano passado, a tenista mais nova da família Williams tem sofrido com contusões, mas, sem dores, é um show à parte em Nova York, onde adora jogar.

No masculino, entre um refrigerante americano e um hot dog, vale uma olhada em Andre Agassi e em Pete Sampras.

Em casa, os norte-americanos crescem (Todd Martin foi finalista no ano passado, lembre-se). Mas, se Nova York é a cidade mais mundial do mundo, os suecos, Thomas Enqvist e Magnus Norman à frente, podem fazer da cidade a sua casa.



Notas


André Sá estreou bem com uma vitória de virada sobre o suíço Michel Kratochvil. Foi sua primeira vitória em Grand Slams nesta temporada. Pela frente, o holandês Richard Krajicek. Como convém a um bom jogador, mostra esperança: "É acreditar e jogar o que sabe", afirmou seu técnico, Fernando Roese.

ONCINS, PRIETO
Na chave de duplas, Jaime Oncins e Antonio Prieto estão na briga do Aberto dos EUA. Oncins joga com seu parceiro habitual, o argentino Daniel Orsanic. Prieto faz dupla com o sul-africano Marcos Ondruska.

MELIGENI
Falando em técnico, Ricardo Acioly, de Fernando Meligeni, já prepara o roteiro do tenista para o fim da temporada. Meligeni vai para a Europa disputar três torneios. Depois, volta ao Brasil e se dedica a algumas etapas da Copa Ericsson.



E-mail: reandaku@uol.com.br



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