Diego
Medina
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Bom, perder as cinco partidas para a Austrália não foi nada bonito, mas
faz
parte do jogo, são resultados normais. Não é para esquentar a cabeça.
Talvez
a ducha de água fria sirva para a imprensa brasileira baixar um pouco a
bola
da Davis, que, definitivamente, não é a "pátria de raquetes".
Mas, já que o assunto é esse torneio de seleções, é possível usá-lo como
pretexto para uma reflexão sobre o atual momento do tênis dos EUA. Nesse
caso, sim, trata-se do país do tênis. Americano adora jogar tênis, mais de
40 milhões deles já pegaram numa raquete pelo menos uma vez na vida. Lá
tem
de tudo: iniciativa governamental, investimento privado, tênis nas
escolas,
quadras públicas, as mais completas academias particulares, muita ação na
mídia... Bem, não falta nada.
Não é por acaso que o país tem dois dos três melhores tenistas do
circuito,
Pete Sampras e Andre Agassi. O terceiro da lista é uma exceção, porque,
apesar do sobrenome alemão, é um garotão com cara de surfista que vem de
um
país sem tradição e sem a mínima infra-estrutura para o tênis.
No entanto, os EUA estão sem Sampras e Agassi para a disputa da semifinal
da
Davis contra a Espanha, no próximo fim-de-semana. Com isso, a equipe fica
com Todd Martin, Jan-Michael Gambill, Chris Woodruff e... John McEnroe! E,
no saibro, a Espanha é mais favorita do que nunca.
Deixando de lado o inusitado da coisa, a inclusão do capitão e quarentão
McEnroe como "jogador de emergência" é o maior atestado da crise americana
nas raquetes. Depois de décadas com o maior número de representantes no
grupo de elite do esporte, os EUA não conseguem substitutos para Sampras e
Agassi, já veteranos em um esporte tão precoce como o tênis.
É bom lembrar que a crise é masculina, já que Lindsay Davenport e as
incríveis irmãs Williams estão por aí, cheias de amor para dar. Mas, do
lado
dos homens, parece que a fonte secou.
Desde 1968, início do circuito profissional, a linhagem de craques ianques
não deixou a peteca cair. Stan Smith e Arthur Ashe reinaram por pouco
tempo,
logo ofuscados pelo "all-american boy" Jimmy Connors, que surgiu para
ficar
duas décadas entre os "top ten". Os anos 80 viram o domínio do fenômeno
John
McEnroe. Quando uma decadência americana parecia próximo, isso lá por
1988,
1989, veio uma nova geração vencedora: Michael Chang, Andre Agassi, Jim
Courier e... Pete Sampras, curiosamente o que demorou mais para engrenar.
Agora, Chang e Courier já entregaram os pontos, e Sampras e Agassi estão
virando "balzaquianos". Quem surge para ocupar o lugar deles? Ninguém.
Ninguém mesmo. Basta olhar a equipe da Davis. Todd Martin também é
veterano,
já não está cumprindo todo o circuito, preferindo um ritmo light,
pré-aposentadoria. Jan-Michael Gambill, Chris Woodruff, Paul Goldstein,
Justin Gimelstob, Vincet Spadea, Bob Bryan... Nossa! Pode somar todos
esses
que não dá um Jim Courier.
Como foi dito no início deste texto, os EUA fazem tudo certo. Os recursos
conhecidos hoje para o desenvolvimento de tenistas de ponta estão
disponíveis. O número de garotos que começa a praticar o esporte continua
crescendo. Resta, para explicar a situação, o fator difícil de ser medido,
que é o surgimento daquele jogador com algo mais, aquela carga de talento
capaz de transformar o sujeito no melhor do mundo.
Os dirigentes do tênis americano sabem o que fazem. Só precisam de uma
mãozinha do destino.
Notas
Neura
E já começou a ladainha. Gustavo Kuerten perdeu o primeiro lugar na
Corrida
dos Campeões. De novo, a imprensa vai bater o bumbo e entupir o fã de
tênis
com contas e mais contas. Coisas do tipo "Se Kuerten ganhar o torneio
desta
semana e chegar às quartas na semana que vem, e Norman não passar das
semifinais nos dois, o brasileiro recupera a liderança...". Barbaridade!
Isso é muito chato. Pior: os tenistas não dão a mínima. Eles querem os
títulos. E o público também. Ranking é circunstância, só isso.
Ainda a Davis
Não dá para não registrar. Jaime Oncins jogou muita bola contra os
australianos. Carregou Kuerten nas costas em vários momentos da partida. É
incrível como Oncins, depois até de uma anunciada aposentadoria, encontrou
seu lugar no mundo das duplas. É isso aí..
E-mail: thalesmenezes@uol.com.br
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