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Quarta-feira, 26 de julho de 2000

Carta aos pais

Thales de Menezes
     
Diego Medina


A consagração de Gustavo Kuerten fez o interesse pelo esporte crescer a um patamar impossível de ser imaginado há três anos. Surgir outro jogador como ele é algo difícil de prever e pode ser muito demorado, mas a gente pode afirmar que o passo inicial desse processo, que é a molecada aprender a jogar, está a pleno vapor. Nunca as academias receberam tantos pequenos interessados.
E esta coluna nunca recebeu tanto pedido de ajuda de pais de potenciais campeões. As perguntas são muitas. Qual a melhor idade para que meu filho comece a praticar? O que é melhor: aula individual ou em grupo? Qual o número ideal de aulas semanais? E por aí vai.
Bem, vamos por etapas.
A idade ideal para começar? Simples: quando a criança tiver vontade. Sim, porque tênis é um esporte que carrega certa complexidade de movimentos e exige muita repetição nos treinos. Se o garoto não estiver mesmo disposto, não vai querer seguir em frente. Se a criança manifestar interesse antes de ter corpo para manejar uma raquete de adulto, o que acontece lá pelos 10 ou 11 anos, a solução está nas raquetes menores. Quase todas as grandes marcas do mercado mundial têm sua linha "junior", com modelos menores e mais leves.
A aula individual permite, sem dúvida, resultados mais eficazes. Afinal, o professor pode dar toda a atenção a apenas uma criança. No entanto, a aula em grupo pode ser útil. Às vezes, o aluno que tem aula sozinho pode ter períodos de desânimo, e a presença de colegas na quadra serve de motivação.
É evidente que a situação tem seu outro lado. Há casos de alunos menos sociáveis, mais individualistas, que rendem mais sem outros por perto.
Quanto ao número de aulas, a regra é clara: o máximo possível. Não há razão para temor dos pais. O tênis é um esporte de movimentos quase naturais, que permitem sempre uma compensação no equilíbrio do corpo (como o ato de balançar os braços ao andar), para não forçar demais musculatura e articulações. É só notar os grandes campeões e perceber que, exceto por ter o braço que executa o golpe um pouco mais engrossado do que o outro, o corpo do tenista é harmonioso.
E, uma ótima qualidade, o tênis não é um esporte de contato físico com o oponente. Assim, não há risco de impactos no corpo e consequentes traumatismos (a não ser que um dos garotos jogando seja uma versão infantil e mais enfurecida de John McEnroe, mas isso não acontece sempre).
Dessa forma, o garoto pode praticar o quanto quiser, basta ter fôlego.
Agora, é bom repetir: antes de mais nada, a criança precisa ter vontade de jogar. A vida da gente está cheia de histórias de amigos que contam como praticaram um ou outro esporte por imposição dos pais. Acontece com natação, judô, tênis, até futebol. Mas, com sua exigência de muito treino repetitivo, alguma complexidade de regras e muita pressão psicológica, o tênis é recomendável mesmo para a garotada que estiver com vontade. Aí a coisa rola e vira paixão.


Notas

Dicas

Dá para entender o pai que não queira gastar muito numa coisa que pode não passar de fogo de palha para o filho, mas é bom não economizar em dois itens: tênis e raquete. Procure comprar um calçado com solado adequado para tênis, indicado pelo fabricante. Jogar tênis com calçado para basquete, por exemplo, é estar pedindo uma contusão de tornozelo. E a raquete tem de ser boa, há muita coisa ruim no mercado. De qual marca comprar? Olhar aquelas usadas pelos grandes profissionais é a melhor referência.

Paredão
Última dica: se possível, arrume um lugar para seu filho bater paredão. No começo, até aprender a bater direito, a criança erra muito e pode sofrer com as gozações dos amigos. Treinar sozinho às vezes é o melhor caminho até ganhar confiança na batida.



E-mail: thalesmenezes@uol.com.br



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