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Quarta-feira, 1º de novembro de 2000

Eu sei o que vocês fizeram...

Régis Andaku
     

Diego Medina
Eu sabia: só poderia ser mesmo uma mulher.

Bridgette Wilson, 27, norte-americana, loira, atriz, linda, é quem está afastando cada vez mais Pete Sampras das quadras de tênis.

O namoro de pouco mais de um ano virou casamento em setembro último, e agora Sampras mostra não estar nada disposto a trocar sua lua-de-mel pelas quadras, mesmo as de carpete na Europa, onde costuma jogar com satisfação e ir bem.

Sampras anunciou que só volta às quadras neste ano para disputar a Copa do Mundo em Lisboa. E, até lá, segue passando os dias (e as noites) com a atriz, cujo papel de maior destaque para a platéia brasileira foi uma ponta no juvenil "Eu sei o que vocês fizeram no verão passado".

Primeiro afastado supostamente por contusão, depois por "razões pessoais", "Pistol" Sampras parece ter definitivamente sucumbido à vida de casado e descoberto coisas que antes não lhe tomava tanto tempo.

Mudou de casa, colocou aliança, mostra mais interesse pelo cinema (influência de sua mulher) e pelo Los Angeles Lakers (sim, Sampras vai tirar parte de sua lua-de-mel para ver os primeiros jogos da equipe na temporada da NBA).

Não é a primeira vez que o melhor tenistas dos últimos tempos diz estar apaixonado, é bem verdade. De fato, atrizes hollywoodianas parecem ser a sua predileção (antes de Wilson, Kimberly Williams e Lauren Holly já desfilaram com o tenista, mas isso é outra história...).

O negócio é que desta vez Sampras está encarando mesmo o papel de casado e dedicando-se mais à vida particular do que ao tênis, o que jamais havia acontecido até hoje.

Sampras diz que estará em forma para a Copa em Portugal. Afirma que está louco para defender seu título em Lisboa e ansioso pela temporada de 2001.

Não duvido.

Mas tenho uma ponta de medo, um temor. Medo dez vezes maior do que o da personagem da senhora Sampras em "Eu sei o que vocês fizeram...". Um medo de que Sampras tenha decidido, em algum dia no último verão, trocar uma paixão por outra.

O jovem Marat Safin abriu o bico na semana passada para dizer que até já pensou na possibilidade de parar de jogar tênis. Justamente ao fim de sua melhor temporada?

Por que, tão jovem, vencedor, famoso, Safin já imagina outras coisas além do tênis em sua vida?

A afirmação da semana passada só pode ter sido cansaço. E um pouco de desânimo também (Safin falou que pensa em parar porque se sente desmotivado ao perder alguns jogos). Duvido que Safin pare depois de Lisboa.

Mas é inegável que, cada vez ricos mais jovens, os tenistas vejam diversões à parte de seu trabalho e queiram gastar mais tempo nelas.

Como eu, como você, Sampras e Safin têm o direito de parar de trabalhar ou trocar de emprego quando bem entenderem. E eles podem.

Seria muita pretensão nossa imaginar que aqueles que gostamos de apreciar sejam eternos, ou que pelo menos joguem enquanto queremos vê-los em ação.

Eles param, outros começam. É assim.


Notas

Um dia, Bjorn Borg e John McEnroe anunciaram que estavam parando. Na semana passada, porém, disputaram um jogo especial. Uma exibição, ok, mas 20 anos depois do histórico embate que disputaram na final de Wimbledon. Essa final, conhecida por muitos como "Jogo do século", teve Borg vencedor após cinco sets e quase quatro horas. Em Cingapura, deu McEnroe, em dois sets. Foi provavelmente o último jogo entre ambos, já que Borg disse que não joga mais nem exibição no ano que vem.

Parada
Maria Esther Bueno, o maior nome do tênis feminino brasileiro, ganhou uma estátua em São Paulo. Iniciativa da Federação Paulista. É também homenageada pela Confederação Brasileira. Estamos aprendendo.



E-mail: reandaku@uol.com.br



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