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Quarta-feira, 20 de setembro de 2000

O importante é estar lá

Régis Andaku
     


Gustavo Kuerten, Patrick Rafter e Michael Chang são os que,
aparentemente, mais estão gostando do clima de Sydney, onde disputam o torneio olímpico de tênis.

O brasileiro registra com sua câmera a Vila Olímpica, o restaurante, os atletas, de todos os países, acompanha provas e troca autógrafos e cumprimentos. O australiano anda com seus óculos escuros e ar de pop star, brincando com todos e posando para fotos. O norte-americano, mais tímido, passeia e tenta se virar como um "atleta comum".

Andre Agassi, campeão em Atlanta-96, afirmou após os Jogos que nunca havia se divertido tanto durante uma competição. Sua namorada, a alemã Steffi Graf, campeã em Seul-88. também passou por uma Olimpíada e, obviamente, gostou.

A chave em Sydney-2000 teve até um tenista beninense. Christophe Tognon, classificado por muitos como "o pior jogador do mundo" (um exagero sem tamanho), caiu diante de Kuerten, mas mostrou seu espírito olímpico: entrou contra um dos maiores tenistas do mundo para jogar com muita honra e como se pudesse ganhar.

Sydney é, de fato, o lugar onde se deve estar. Mas e quem não está lá?

Fernando Meligeni estava lá em Atlanta-96. Fez uma campanha empolgante, chegando à disputa da medalha de bronze e levantando o país. Foi quando tornou-se conhecido para grande parte do público brasileiro não acostumado às raquetadas.

Em um período do ano em que Olimpíadas é, para os meios de comunicação e torcedores, tudo, Meligeni, deixado de lado apenas uma Olimpíada depois, poderia muito bem acompanhar pelas TVs pagas, nas madrugadas, os Jogos deste ano.

Mas, enquanto torcedores, jornalistas e fãs se voltam para Sydney, Meligeni está na pequena Biella, interior da Itália, disputando um torneio menor, o chamado challenger. Pouco importa se a competição não passa na TV, faz diferença nenhuma na Corrida dos Campeões ou não dá medalhas de ouro, prata e bronze.

Meligeni, honrosamente, faz aquilo que sabe e que tomou como seu trabalho: joga tênis. Participa da chave de simples e de duplas em Biella. E, fora dos holofotes, distante de Sydney, longe da badalação olímpica que já teve, faz o que sempre fez: corre atrás e rebate as bolinhas. A quadra é o seu lugar, mesmo que a rede desta vez não ostente os cinco anéis olímpicos.

*

Lisboa é a cidade onde os grandes tenistas devem estar ao fim desta temporada. Pete Sampras, Marat Safin e Gustavo Kuerten já garantiram a participação na Copa do Mundo em novembro, na capital portuguesa. A confirmação é da ATP.

Em disputa direta, quatro vagas na Corrida dos Campeões. A oitava vaga será do oitavo colocado na Corrida ou de um campeão de Grand Slam que não esteja entre os oito primeiros.

Para os grandes tenistas, o importante é estar lá também.

*

Esta coluna está sendo publicada apenas em sua versão online. A próxima também assim será. No jornal papel, continuo espaço para a cobertura primorosa da Folha de S.Paulo em Sydney.



E-mail: reandaku@uol.com.br



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