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Pierce exibe troféu de campeã, em Hilton Head


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Quarta-feira, 26 de abril de 2000
Um esporte
para fortes

Thales de Menezes
     
Diego Medina


E o bravo Gustavo
Kuerten acabou indo para o estaleiro, como diria o velho cronista de futebol. A torcida fica agora pela gravidade da contusão, que todos esperam ser mínima. Afinal, cada semana longe da temporada de saibro na Europa é fatal para as pretensões do brasileiro nesta temporada.

Problema físico nas costas tem sido o calvário recente de muitos astros da raquete. As inúmeras contusões de Steffi Graf anteciparam a aposentadoria da jogadora alemã, mas nenhuma delas (ombro direito, joelho esquerdo, coxa esquerda, os dois tornozelos etc.) foi tão cruel quanto as dores nas costas que a atleta sofria a cada retorno às quadras.

O holandês Richard Krajicek, campeão de Wimbledon em 1996, interrompeu uma boa fase por problemas na coluna e nunca mais recuperou a esplêndida forma. O mesmo pode ser dito do croata Goran Ivanisevic. E o australiano Mark Philippoussis, apesar de seus 20 e poucos anos, já parou alguns meses com dores lombares.

Não por coincidência, Krajicek, Ivanisevic e Philippoussis são três dos mais poderosos sacadores do circuito. O tênis atual depende muito de um saque-canhão, é notório, e também é óbvio que, dependendo do movimento que o jogador executa no golpe, as costas sentem o esforço. Mas não é de hoje que o tênis machuca.

Um dos problemas mais comuns é contusão de joelho que o jogador acostumado ao saibro pode sofrer jogando em quadra dura. O saibro, além de mais fofo, permite que o jogador escorregue o pé na preparação do golpe. No piso duro, além do impacto maior, o jogador tende a "prender" o pé no chão e colocar mais esforço de rotação nos pobres joelhos.

O espanhol Manoel Orantes, um dos gigantes dos anos 70, teve uma contusão parecida com a de Ronaldo ao jogar numa quadra de cimento. Segundo o próprio tenista, na hora de executar o golpe ele teve o reflexo de um jogador no saibro, querendo girar o joelho e pé no mesmo sentido, rapidamente, mas a sola de seu tênis não deslizou suavemente como acontece no saibro, e Orantes sentiu "uma dolorosa travada".

Apesar de a medicina esportiva evoluir sem parar, o tênis apresenta ainda alguns traumas sem solução. Não existe preparação física específica que consiga eliminar totalmente a diferença de musculatura de um braço para o outro do jogador. Com o maior desenvolvimento do braço com o qual pega a raquete, o tenista tem um desequilíbrio muscular que sempre vai forçar a coluna.

Que isso não seja um alerta para pais. Não há razão para temer esses problemas físicos. Todos os esportes têm, cada um, seus esforços e exageros.

O alerta tem de ser para os organizadores dos torneios. Reclamar do calendário virou lugar-comum em entrevista de tenista, e não é por falta de assunto. Se Kuerten mantiver a média do primeiro trimestre, vai fazer uns 120 jogos no ano. Passou da conta, não?


NOTAS

Batalha dura
A equipe feminina do Brasil disputa esta semana, em Florianópolis, o grupo zonal da Copa Federação, a "Davis delas", como diz John McEnroe. Esta coluna acha a Fed Cup tão sem graça quanto a Davis, mas o estágio incipiente do tênis feminino no Brasil obriga o aproveitamento de qualquer competição para manter as meninas em forma. Mas a tarefa do Brasil, sem Vanessa Menga, doente, deve ser difícil. Dez países disputam uma vaga no Grupo Mundial. Boa sorte à equipe da capitã Andréa Vieira.

Casal francês
A torcida da França não teve do que reclamar na semana passada. Show de Cedric Pioline em Mônaco. Show de Mary Pierce em Hilton Head. São dois tenistas com anos de estrada, sem o grande estouro em suas carreiras. Vamos ver se esses títulos servem para empurrar os dois até Roland Garros, onde a torcida local clama por um campeão.


E-mail: thalesmenezes@uol.com.br


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