O
surfe nacional correu um sério risco de ter seu primeiro campeão
nacional póstumo. Decepcionado com a derrota para o amigo
Teco Padaratz na bateria de oitavas-de-final da decisiva etapa
do Super Surf disputada em Imbituba (SC), Peterson Rosa saiu
da água cabisbaixo, entrou no carro e só foi parar em Curitiba
(PR).
Cumpriu o trajeto em pouco mais de quatro horas - o que para
a perigosa BR 101, também conhecida como "Estrada da Morte",
deve ser marca para disputar a primeira fila no grid.
Fosse há alguns anos, teria xingado juízes ou, no mínimo,
quebrado a prancha ao meio. Mais experiente, depois de dois
títulos nacionais e de ficar no sexto lugar no ranking mundial
em 98, se conteve e se limitou a evitar o cumprimento de Teco,
responsável pela virtual perda do título brasileiro.
Já na capital paranaense foi surpreendido com a notícia de
que conquistará o tricampeonato. O marrudo campeão deve ter
ficado de cara. Não esperava que nenhum de seus dois rivais
àquela altura da competição, não passariam mais uma única
fase, o suficiente para arrebatar seu tão sonhado título.
Atualmente em 16º no ranking mundial, Rosa chegou a preterir
uma prova do Tour, em Trestles, EUA, para disputar a quinta
etapa do Super Surf no Rio. Ele que já havia sido o mais jovem
campeão brasileiro de surfe aos 20 anos em 94, queria muito
o inédito tricampeonato. Há de se entender a sua ira contida.
Seu algoz e amigo Teco entendeu. Ao subir no pódio como campeão
da etapa, deixou um abraço para o campeão, a quem teve a "infelicidade"
de vencer.
Assim como Teco, outro velho parceiro de WCT, Fábio Gouveia,
teve participação decisiva no título de Rosa, ao derrotar
Joca Jr na última bateria das quartas-de-final. Três baterias
mais cedo, tinha sido a vez de Tadeu Pereira deixar escapar
o título do circuito que liderou a maior parte do ano.
Os resultados conspiraram a favor de Bronco - apelido de Rosa
aqui plenamente justificado. Ele perdeu a festa de premiação,
apesar dos esforços da organização em levá-lo de volta de
helicóptero, mas não os R$ 30 mil, prêmio pelo título.
No feminino Tita Tavares perdeu, pela primeira vez este ano,
para Jacqueline Silva, mas já havia garantido seu primeiro
título brasileiro quando chegou às semi-finais. Atualmente
quarta colocada no Mundial, Tita terá a companhia de Jac no
WCT em 2001. Ambas ainda disputam o título do WQS (a divisão
de acesso) nas próximas semanas no Havaí.
Esses resultados evidenciam que temos no WCT realmente os
melhores competidores nacionais. E, ainda, que é importante
conciliar os calendários para aqueles que disputam o Mundial
tenham a oportunidade de brigar pelo título brasileiro. Tecnicamente
o nível da competição sobe e o interesse do público aumenta.
Em assembléia da ABRASP na semana passada, a maioria dos itens
em discussão para a realização do Super Surf 2001 foi aprovado
inclusive o calendário ajustado. Esta semana a Abril Eventos
anunciou a parceria com a MTV e oficializou o circuito para
o próximo ano.
O surfe nacional, dentro e fora do país, vive sua melhor fase.
Notas
Abrasp
Campeão brasileiro de 1989 e respeitado pelos colegas Pedro
Muller será o presidente da Abrasp (Associação Brasileira
de Surf Profissional) em 2001. A notícia foi divulgada oficialmente
na terça-feira quando o surfista aceitou a proposta, feita
durante a etapa do Super Surfe, em Imbituba, SC.
Skate
Dois brasileiros são campeões mundiais do WCS (World Cup of
Skateboarding). Bob Burquinst já tinha garantido sua vitória
no vertical, e no último fim-de-semana, em SP, durante a etapa
brasileira, a última do circuito, Carlos de Andrade, o "Piolho",
apesar de ficar em 13º na etapa, garantiu o título mundial
de street.
Promessa
O ainda prefeito de São Paulo, Celso Pitta, prometeu, durante
a inauguração do complexo viário Roberto Issá, que vai construir
uma pista de skate no Parque do Ibirapuera até o dia 31 de
dezembro. No início deste ano, ele havia prometido construir
25 pistas na cidade.
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