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Sábado, 6 de maio de 2000

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José Henrique Mariante
     
Diego Medina

À mídia brasileira em Montmeló, Barrichello resolveu "esclarecer" algumas dúvidas que estão surgindo em torno de sua performance, considerada por muitos não mais do que regular.

O principal foco do piloto, naturalmente, foram as críticas sobre sua capacidade de preservar o carro. Para muitos, pura matemática: em quatro corridas, duas quebras, enquanto o alemão cruzou quatro linhas de chegada.

Barrichello usou um argumento razoável em sua defesa, o de que a Ferrari deseja muito um bom desempenho seu na pista para poder confirmar as qualidades do modelo desta temporada.

Por enquanto, e nisso o piloto tem razão, boa parte do crédito está sendo dada ao alemão.

O que conta a favor de Barrichello é a pole de Silverstone, obtida em circunstâncias adversas, com 22 carros na pista, comprovando, em tese, que o problema não é habilidade e não é mesmo.

Também do lado do brasileiro está o fato de que Schumacher sofreu panes hidráulicas nesta temporada, notadamente em Interlagos, onde só não perdeu a vitória porque o engenheiro responsável por sua telemetria teve a brilhante idéia de sugerir frequentes mudanças de traçado para manter o sistema em funcionamento.

Aqui, porém, entra um detalhe interessante, fundamental para entender como a escuderia pode tratar seus pilotos de forma igual e, ao mesmo tempo, diferente.

Naquele dia em São Paulo, Brawn (ele próprio admitiu isso depois) chegou a acreditar que a corrida estava perdida. Pouco antes, Barrichello abandonara, e o problema parecia crônico.

Mas, então, veio a idéia do técnico. E ela só foi colocada em prática porque o chefe acreditou que seu piloto era capaz de cumprir tamanha maluquice com sucesso.

Barrichello mereceria esse voto de confiança? Eis a dúvida que o piloto está tentando dirimir desde que chegou a Maranello.

Não interessa à Ferrari manter Barrichello distante de Schumacher com um campeonato difícil pela frente. Nem ao alemão, que obviamente prefere o companheiro de equipe no seu espelho do que algum rival da McLaren.

Portanto, Barrichello precisa fugir dos argumentos fáceis, favorecimento e falácias do gênero, pois eles não se sustentam e, como aconteceu em Imola, causarão choque com a cúpula ferrarista.

Barrichello só poderá reclamar alguma coisa no momento em que reconhecidamente tiver condições de ameaçar o alemão.

Por enquanto, o negócio é comer pelas beiradas e ficar quieto. Ir bem nas classificações, por exemplo, já é um bom início, pois Schumacher não é de privilegiar treinos, os números de sua carreira na F-1 mostram bem isso.

E se, como gostam de dizer os pilotos, corrida é outra história, que ela seja contada depois.

Enfim, seria mais sensato Barrichello deixar o imediatismo para o público. A Ferrari reconhece suas qualidades, tanto que o contratou. No momento, isso basta.




NOTAS


Interlagos
Reportagem publicada no último domingo por "O Estado de São Paulo" escancarou a fábrica de dinheiro que são as instalações temporárias no autódromo paulistano. Com o dinheiro gasto todos esses anos, seria possível construir outro autódromo, e em melhores condições. O MP investiga os contratos, mas o problema, todos sabem, não está só em Interlagos. É de toda a cidade.

Pizzonia
O "Jungle Boy" da F-3 inglesa ganhou teste na Benetton, e a mídia britânica já especula que ele possa seguir os passos de Button, tirando a vaga de Wurz ainda neste semestre. O piloto nega já ter assinado qualquer contrato, mas Briatore é conhecido por mudanças repentinas fez isso com Schumacher, é bom lembrar. A boataria é tamanha que os brasileiros e empresários envolvidos com a F-3000 já torcem o nariz ao comentar tal possibilidade.




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