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O brasileiro Luciano Burti


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Sábado, 15 de julho de 2000

Crise no bananal

José Henrique Mariante
     
Diego Medina


Estranha coincidência. No mesmo fim-de-semana em que mais um piloto brasileiro faz sua estréia na F-1, o país vive difícil momento na categoria.
Graças a uma dor de barriga de Eddie Irvine, Luciano Burti foi alçado de uma hora para outra a um dos postos de titular da Jaguar em plena fogueira.
Não lhe falta familiaridade com o carro, claro, mas com o circuito austríaco e com os ritos de treino e corrida, algo nada fácil de se apreender _sem contar com o fato de Irvine ter lhe roubado duas importantes sessões de treinos livres para adaptação.
Enfim, Burti ou faz história ou será apenas mais um, como estão sendo os outros representantes do país nesta temporada.
Zonta, por exemplo, encabeça a lista dos que estarão a pé no próximo ano, e Diniz, sem nenhum ponto até aqui, vem sendo "cotado" para ocupar uma das vagas da Minardi, o mais triste crepúsculo de um piloto na F-1.
Barrichello, fora todo o carnaval que mereceu desde o ano passado, só voltará a causar suspiros quando vencer uma corrida.
Pior, o próprio piloto só espera o feito para quando Michael Schumacher tiver o título assegurado _se isso acontecer_, quando a proeza não valerá tanto para um público quase sempre implacável.
O leitor pode recorrer ao futuro, onde se encontram o próprio Burti e algumas outras promessas, como Enrique Bernoldi, Bruno Junqueira e Antonio Pizzonia. Mas, com um mercado agitado como o de agora, nada é certo, a não ser as lúdicas promessas de empresários e assessores de imprensa.
A essa altura do campeonato, no ano passado, a quase certeza da contratação de Barrichello pela Ferrari e seu bom momento na Stewart projetavam um novo boom brasileiro na F-1.
Acreditava-se que as cotas de patrocínio aumentariam, que as audiências cresceriam e que novos talentos oxigenariam a presença nacional na categoria.
Passado um ano, Barrichello, aquele que no GP Brasil afirmava que iria correr pelo título, afirma ao colega Fábio Seixas, nesta Folha, que "é essa minha paciência, é essa minha vontade que vai me trazer um dia uma vitória".
Tudo bem que ele seja paciente. Mas cobrar isso da torcida e da mídia já é pedir demais. A paciência do público, que já não é grande, está no limite.
Barrichello, basicamente, precisa mostrar a que veio. E já está ficando tarde para tanto.

*

Dizem que David Coulthard e Schumacher bateram boca ontem em uma reunião dos pilotos, em Zeltweg. E que Jacques Villeneuve, durante o entrevero, tomou as dores do escocês, um de seus poucos amigos no grid.
O episódio faz lembrar a polêmica decisão de 1997, quando o canadense, após escapar do desespero do alemão e assegurar o título, abriu passagem para a dupla da McLaren vencer a corrida.
A rivalidade de Coulthard e Schumacher, que não é nenhuma novidade, deve ser o combustível da segunda metade do campeonato, que se inicia agora. Aliás, que promete ser bem mais interessante que a primeira.
Para quem consegue prescindir do nacionalismo, a F-1 promete.


NOTAS


Novo
A Ferrari estréia na Áustria seu novo aparato de pit wall, aquela tenda onde os engenheiros e técnicos acompanham treinos e corridas. Exagerado, como tudo no time, com absurdos 28 monitores.

Velho
A quebra do motor de Schumacher na França ressuscitou a aspereza da mídia italiana com a escuderia. Foto do alemão pulando de pára-quedas, a última de suas estripulias fora da pista, mereceu a seguinte legenda de jornal: "Ferrari em queda livre?".

Frase
Indagado sobre Barrichello, Schumacher, durante entrevista coletiva, afirmou: "Acho que ele está se saindo bem. Não sei o que esperam dele, mas ele nunca disse que rivalizaria comigo. Tem coisas para melhorar, claro, mas está se saindo bem".
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