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Sábado, 29 de julho de 2000

Inimigo público

José Henrique Mariante
     
Diego Medina


O prestigioso "Times" abre espaço nesta semana para Juan Pablo Montoya, o colombiano sensação da Indy que será piloto da Williams no próximo ano.
Não, o jornal inglês não descobriu Montoya ontem. É que apenas agora os britânicos resolveram desistir de anabolizar Jenson Button para glorificar o homem "que vem para desafiar Michael Schumacher e a F-1".
Sim, Schumacher parece ser o verdadeiro problema dos ingleses, que há anos são obrigados a engolir a arrogância do alemão e o desempenho regular dos súditos da rainha nas pistas da categoria.
E, se a ilha não produz talento suficiente, o negócio é apostar nas estrelas que os times britânicos selecionam para conduzir seus carros, caso de Montoya, em um pensamento puramente europeu, apenas mais um sul-americano cheio de dinheiro que resolveu brincar de automobilismo _esporte, é claro, essencialmente britânico, pelo menos para os ingleses, donos de 70% da tecnologia de competição no mundo.
Assim como já aconteceu com outros pilotos de ponta, Schumacher é a bola da vez, principalmente pelo fato de estar enfrentando um escocês. Contra Hakkinen, ele era apenas um postulante ao título. Contra Coulthard, ganha tons de facínora, talvez os mesmos que mereceu à época do duelo (pífio) com Hill.
Em casa em Hockenheim, onde por pouco ele e o escocês não perderam a compostura em plena entrevista coletiva, Schumacher foi enfático ao acusar os jornalistas ingleses, chegando a lembrar dos tempos de Senna, outro que teve sérios problemas com a mídia do país da McLaren.
No caso, porém, para recordar que nem o tricampeão mereceu tanta perseguição por uma única manobra, a fechada em MagnyCours, fato provocador e, ao mes­ mo tempo, combustível para toda essa polêmica, muito bem administrada por Coulthard.
O escocês, ao mesmo tempo que mantém o rival sob a mira do público na pista, ofusca aquele que talvez seja seu principal empecilho na luta pelo título, a clara preferência da McLaren pelo companheiro de equipe.
Na Alemanha, Schumacher se aproveitou disso, afirmando que Hakkinen era seu maior problema, "pelo simples fato de ser mais rápido" que Coulthard.
E, como acontece em toda discussão, Coulthard preferiu manter seu foco, sugerindo que o agressivo estilo de pilotagem do rival não condiz com a condição de principal dirigente da GPDA, a associação dos pilotos de F-1.
Schumacher normalmente se sai bem nessas disputas verbais. Mas, ao contrário do que aconteceu em outros anos, a atual temporada o coloca na berlinda jus­ tamente quando seu desempenho na pista despenca.
Uma nova situação para o ferrarista que, na Alemanha, pode, pela primeira vez no ano, perder a liderança do Mundial. Um momento delicado e tenso do campeonato, que se reflete na ironia e na maldade das entrevistas.
Resta saber se esse estado beligerante alcançará a pista, o que não é interessante para o alemão _a atual polêmica mostra que Schumacher, vilão em 1994 e 1997, será sempre o culpado, aconteça o que acontecer.


NOTAS


Identidade
Após a dor de barriga em Zeltweg, o irlandês Eddie Irvine apareceu com cabelos pintados de amarelo em Hockenheim, a exemplo do que o canadense Jacques Villeneuve já fez um dia. Virou piada entre os jornalistas: quem for contra Michael Schumacher, que pinte os cabelos.

Paternidade
Na Alemanha, o finlandês Mika Hakkinen finalmente confirmou que será pai em breve. Na verdade, com a barriga da mulher, Erja, cada vez maior, já estava ficando ridículo negar.

Honda
Em franca evolução, os motores japoneses estão cada vez melhores nas classificações. Para muitos, essa foi a única e preponderante razão para Villeneuve assinar novo contrato com a BAR _até a temporada de 2003.




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