Barrichello
classificou os brasileiros de cruéis em entrevista
ao "LÉquipe" nesta semana. Sendo mais
específico, a crítica recaiu sobre a mídia
do país, resumida, no discurso do piloto, ao "Casseta
& Planeta".
Barrichello se queixou, basicamente, das piadas, dos apelidos
maldosos e da falta de "seriedade" na análise
de seu trabalho na escuderia italiana.
Aos jornalistas brasileiros que cobrem a F-1, Barrichello
foi seco ao ser indagado qual teria sido a reação
do público em sua mais recente passagem pelo país:
"Contrária à que percebo nos jornais".
E o piloto faz uma afirmação dessa no mesmo
momento em que a Ferrari se vê obrigada a censurar o
piloto, fazendo-o cumprir uma carência, após
treinos e corridas, para só então liberá-lo
para a mídia.
A explicação da Ferrari: depois do que aconteceu
em Nurburgring, Barrichello deve "esfriar a cabeça",
como disse um membro da escuderia, antes de começar
a falar. Em suma, um artifício para que o piloto evite
falar bobagens.
Barrichello deve ter lá suas razões para esquentar
a cabeça, mas nada justifica a postura adolescente
que adota sempre quando enfrenta dificuldades.
Pior, o momento pode até ser de dificuldade, mas uma
atitude séria e inteligente (ou adulta, como preferir),
traria mais resultados.
Bussunda e a mídia podem ser cruéis com Barrichello.
Mas o piloto é ainda mais cruel consigo mesmo ao se
expor publicamente, levantando suspeitas e fazendo acusações,
que poderiam até ser verdadeiras, mas que caem em descrédito
logo em seguida por absoluta falta de argumentação.
Sem falar que, no dia em que tiver razão, Barrichello
não a merecerá, pela insana repetição
de justificativas a que se submete.
E sem falar também que, há alguns anos, em um
GP Brasil, o piloto participou alegremente do mesmo "Casseta",
sendo ridicularizado de ponta a ponta _medonho, o piloto e
seu staff consideraram "saudável" o resultado
do programa levado ao ar.
Acompanhando Barrichello todos esses anos, até certo
ponto considerei esse tipo de atitude como ingenuidade. Depois,
teimosia. Que o leitor classifique a postura do piloto agora,
pois só vejo uma, nada elogiosa.
Pior, ao contrário do que acontece no Brasil, sua imagem
na Europa é muito boa _está na capa da última
"F1 Racing". Mas, se continuar se comportando dessa
forma (boa parte dos mais de 300 jornalistas que acompanham
a F-1 já sabem, a esta altura, o que significa "Pé
de Chinelo"), seu futuro será ainda mais complicado.
*
Montoya deu um grande passo em sua carreira no último
fim-de-semana. Alijado pela emissora que tinha os direitos
da corrida no país, o público brasileiro perdeu
uma corrida espetacular do colombiano, o primeiro estreante
a vencer as 500 Milhas de Indianápolis desde o lendário
Graham Hill, em 1966.
Liderou 167 das 200 voltas, o melhor desempenho desde 1987
(Mario Andretti, 170), o terceiro de toda a história
_o recordista de todos os tempos é Al Unser, em 1970,
com 190 voltas.
Montoya já está na Williams.
NOTAS
Lapso
Ao comentar suas chances de vitória em Mônaco,
Schumacher foi excepcionalmente modesto: "Claro que espero
uma dura batalha contra Hakkinen, mas, nesta pista, vários
outros pilotos têm chance de vencer. Coulthard, Frentzen,
Fisichella e meu irmão podem também sair vitoriosos."
Schumacher esqueceu de alguém?
Lógica
Briatore descartou a contratação de Villeneuve
para o próximo ano. Segundo o dirigente, a Benetton,
antes de ter um piloto de ponta, precisa voltar a ser uma
escuderia de ponta. O caminho continua livre para Antonio
Pizzonia.
Indy x IRL
Se a participação da Ganassi nas 500 já
parecia suficiente, Montoya pavimentou de vez o caminho para
a reaproximação das duas categorias.
E-mail: mariante@uol.com.br
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