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Sábado, 17 de junho de 2000

Canadá

José Henrique Mariante
     
Diego Medina

Durante a Copa dos EUA, em 1994, Luis Fernando Veríssimo escreveu um artigo interessante em que descrevia os jogadores brasileiros em campo como verdadeiros canadenses.

Todos se lembram, o time de Parreira avançava no torneio e chegaria ao título com um futebol sem brilho, mas muito eficaz. Na visão de Veríssimo, basicamente "neutro", algo que nos acostumamos a verificar como qualidade tipicamente canadense.

Um time canadense, de fato, soa como algo neutro. O curioso, porém, é que quem pisa no Canadá uma vez na vida guarda, quase sempre, uma idéia diferente.

Montreal, por exemplo, consegue promover uma das mais divertidas corridas do calendário. Nem tanto pelo circuito, mas pela atmosfera que cerca o GP.

A pista fica em um parque belíssimo, numa ilha, que herdou as instalações do remo erguidas para os Jogos Olímpicos de 1976.

Como é um circuito temporário, boa parte das arquibancadas são tubulares, semelhantes às de Interlagos. Mas a diferença fica por conta do espaço, amplo e verde, que permite ao cidadão circular livremente por verdadeiros bosques, fazer piquenique, comprar bobagens, tomar cerveja, enfim, se divertir. O público chega ao local de metrô. E os únicos carros que alcançam a ilha são os de serviço e os credenciados.

Enfim, o público, que é simpático e gosta de F-1, é bem tratado.

Invertendo a comparação de Veríssimo na Copa, os canadenses parecem brasileiros _ou, melhor dizendo, a imagem idílica que carregamos pelo mundo.

Enquanto isso, os milhares que comparecem a Interlagos todos os anos são obrigados a serem neutros, impassíveis diante das filas ciclópicas, dos sanitários e lanchonetes precários, do aperto das arquibancadas e dos preços exorbitantes pagos para suportar esse verdadeiro flagelo em troca de duas boas horas de corrida.

Interlagos sintetiza São Paulo e a horrível paisagem em que a cidade se transformou, a estupidez imobiliária, a incompetência lucrativa do poder público, a burrice coletiva de seus habitantes.

Montreal mostra que um evento decente não precisa de mundos e fundos, apenas inteligência nos gastos e respeito ao público.

Interlagos também poderia ser um belo parque, de utilidade pública e privada durante 365 dias por ano. No lugar de construir conjuntos habitacionais inumanos nas cercanias, estender seus domínios, criar os chamados espaços de admissão geral, a preços populares, aumentar a arrecadação, baixar os preços, trazer as filas das ruas para alamedas internas, enfim, criar espaço para as pessoas respirarem e se divertirem como legítimos canadenses.

Não é difícil.

*

No circuito que leva o nome de seu pai, Villeneuve voltou a liderar a boataria da F-1 com especulações que vão desde uma permanência milionária na BAR (leia-se Honda) até a uma mítica vaga futura na Ferrari (com o alemão se aposentando), passando pelo já surrado convite da Benetton.

Nem a sisuda "Autosport" inglesa escapou _o título da última capa é "O único piloto que Schumacher teme".



NOTAS

Le Mans
Como já indicavam as sessões de qualificação, a Audi colocou seus três R8 na frente no grid de largada das 24 Horas de Le Mans. As TVs brasileiras vão ignorar o evento, mas o aficionado poderá acompanhar a prova, que começa hoje, às 11h (de Brasília), pela Internet. A General Motors, que tem dois Corvettes e dois Caddilacs na corrida, promete inovar, disponibilizando até dados de telemetria enviados dos carros na pista, imagens de bordo (até com visão noturna _infravermelho), som do motor, narração dos pilotos etc. O endereço: www.gm.com.

F-3000
Haberfeld volta a pilotar um carro da categoria desde seu sério acidente em Barcelona, na próxima semana, durante testes em Zeltweg. Se for bem, volta ao campeonato em Magny-Cours, dia 1º de julho.



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mariante@uol.com.br



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