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Sábado, 18 de novembro de 2000

De volta para futuro - 2

José Henrique Mariante
     

Diego Medina

No próximo dia 7 de dezembro, os barões da F-1 decidem se reabilitam ou não o até então famigerado controle de tração, abrindo um flanco importante na barreira imposta pela FIA a partir de 1994.

Desde aquela temporada, qualquer tipo de ajuda eletrônica ao piloto é proibida _ou, pelo menos, evitada. Junto com o controle de tração foram banidos dispositivos como controle de largada, suspensão ativa e as versões totalmente eletrônicas de freio, acelerador e câmbio, além da telemetria de mão dupla, que permitia a regulagem do carro em prova.

Mais tarde também foram segregados o diferencial eletrônico e aquele divertido sistema de freios da McLaren, que fazia às vezes de diferencial e controle de tração, simultaneamente.

A lista é enorme, tão grande como a lista de polêmicas que tudo isso provocou. Lembro certa vez que Jean Todt saiu em defesa do controle de tração, e o título da coluna saiu no automático: de volta para o futuro.

A verdade é uma só. O banimento da eletrônica _ou do doping eletrônico, como gostava de pregar a FIA_, foi uma barganha de Max Mosley, que colocou os times contra a parede na temporada de 1993, sob a alegação de que a categoria precisava de um pouco mais de "humanidade" para voltar a ser emocionante "como nos velhos tempos".

Agora, o discurso é acabar com a "hipocrisia", como bradaram alguns analistas nos últimos dias. Esquecem-se, porém, que Mosley, em Imola, tentou algo semelhante, divulgando levianamente que houve marmelada no campeonato do ano passado e que a FIA, em nome da moralidade, iria fazer uma blitz sem precedentes nos softwares de cada carro que alinhasse no grid.

A bravata, porém, não deu em nada, e Mosley, agora, posa de paladino derrotado da Justiça, propagando a falsa idéia de que a decisão da Comissão de F-1, que dará veredicto sobre o controle de tração em dezembro, é soberana.

Mas não foi apenas a incapacidade técnica da FIA de detectar segredos em softwares que fez Mosley capitular. Mais letal foi sua incapacidade política, evidente desde aquele encontro em Heathrow, quando foi obrigado a inquirir figuras como Frank Williams e Ron Dennis, entre outros, que pediram sua cabeça a Bernie Ecclestone um dia antes.

Mosley está entregando os anéis. Depois de uma mortífera temporada de 1994, com carros sem eletrônica e sem segurança _culpa não apenas dele, mas também das equipes_, o advogado inglês não resistiu aos factóides em busca da tal "emoção". O maior fiasco foram os tais pneus com sulcos, que só não voltaram ainda a ser lisos por culpa da Bridgestone _que, coberta de razão, não permitiu mudanças em 2001, algo que facilitaria o trabalho da concorrente Michelin.

Enfim, Mosley perdeu força, os times ganharam muita (com as montadoras) e a tal da emoção é história para boi dormir.

Corrida é corrida, seja ela de fusca ou de avião. O único problema, o que priva o público da tão almejada emoção, é colocar dois aviões contra 20 fuscas.

Assim é a F-1. E isso não se muda com bravatas ou decretos.


Notas

Minardi
Os boatos sobre a falência da escuderia italiana pululam na Internet. Segundo alguns, a PSN já teria até comunicado a Gabriele Rumi que não vai mais comprar 70% das ações do time. Sem dinheiro do HMTF e da Telefónica, fica sem motor e sem piloto. Sem motor e sem piloto, não sai da garagem. Salvo reviravoltas, a Minardi será o primeiro time da F-1 a capitular na nova era das montadoras. E, tudo indica, não será o último.

Indy
Goiânia é forte candidata a receber o Rio 200 a partir de 2002. Existe vontade política e outras vontades. A principal, evitar a renovação de contrato da corrida, que é de Emerson, com o autódromo, que é de Piquet. A pendenga entre os dois campeões foi mesmo feia. Na hora que a mudança for oficializada, a coisa vai feder ainda mais.




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