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Sábado, 21 de outubro de 2000

Palavra de professor

José Henrique Mariante
     

Diego Medina

No último fim-de-semana, Alain Prost, tetracampão mundial de F-1, resolveu falar de Michael Schumacher, o mais novo tricampeão da categoria. Disse pouco, mas disse tudo.

"Foi um risco para a Ferrari introduzir o sistema Schumacher.

Claro, você pode ser crítico em relação ao fato de tudo ter sido feito apenas para um homem. Mas para a Ferrari era a única alternativa. Para serem bem-sucedidos, eles precisavam de disciplina."

Sim, é fato. Schumacher e o clubinho que ele exigiu que Jean Todt e Luca Montezemolo trouxessem da Benetton instalaram uma ordem germânica na escuderia. A receita era antiga, bastava seguir e ter um pouco de paciência para ver o bolo crescer _foi criada por Niki Lauda nos 70, tempos da genial "Transversale", com grande sucesso.

Ross Brawn, Rory Byrne e mais uma meia dúzia de técnicos e engenheiros que ninguém nunca ouviu falar (e que o próprio piloto não incluiu na sua "lista de magníficos") foram os responsáveis por transformar a Ferrari em um carro vencedor. Aos italianos coube fazer o que melhor sabem, os motores e o dinheiro, sem ter que carregar o fardo de um chassi ineficiente, a grande mácula técnica da escuderia nestes 21 anos.

"Sem um piloto do calibre de Schumacher, a Ferrari dificilmente sobreviveria sem um título.

Sem Michael, a escuderia seria politicamente destruída."

Prost sabe tudo. Sabe o que é ser entregue aos leões, no caso os jornalistas italianos, por dizer apenas a verdade _que o carro era uma porcaria no final de 1991.

Sabe também que muitas decisões puramente políticas dilataram o jejum de títulos da escuderia, que Montezemolo teve que dar um jeito primeiro na indústria de automóveis Ferrari antes de fazer o mesmo com a escuderia. E que, quando fez isso, escolheu para o trabalho o único homem que seguraria essa barra por tantas temporadas avesso ao tiroteio: o melhor e o mais caro.

Sim, o mais caro. Mas o melhor? Prost assina embaixo.

"Nunca fui capaz de pilotar qualquer carro no máximo da velocidade e por todo o percurso.

Nisso, ele é melhor do que eu."

*
Nesta semana, Ecclestone também resolveu colocar os pingos nos is. Em uma entrevista à "F1 Racing", publicação na qual tem participação, aliás, afirmou que o controle da categoria pertence à SLEC, a holding suíça presidida por sua mulher, Slavica.

Na verdade, ao chefe-executivo da empresa, no caso, ele próprio.

"A EM.TV tem 50% das ações.

Mas é como se tivesse apenas 5%.

Quem manda é o chefe-executivo.

E este, você sabe, sou eu."

A bravata tem recado certo. A empresa alemã que comprou metade dos direitos comerciais da F- 1 em março passado estuda oferta de um grupo formado pelas principais montadoras instaladas na Europa, a maioria delas com envolvimento na categoria.

Ecclestone sabe obviamente que a intenção das fábricas é verticalizar o processo, e que isso seria o fim dos times. Todo seu poder de negociar com a FIA e com as TVs foi dados pelos times.

O fim dos times é o fim de Ecclestone. Enfim, o fim da F-1.


Notas

Na primeira curva
Gil de Ferran passou a semana sob feroz tiroteio por causa da batida logo depois da largada na Austrália. O piloto, na verdade, estava preocupado com Paul Tracy, que vinha pelo lado de dentro da curva. Enfim, se merece crítica, a leva por ter esquecido que a Indy, com regras baseadas na artificialidade, premia quem se mantém na pista, não quem abusa dela. Dramático será perder o título para Adrian Fernandez.

Na berlinda
Aumentam as especulações de que Pedro Paulo Diniz vai se tornar sócio _sim, sócio_ de Alain Prost, adquirindo ações da equipe e garantindo uma vaga para 2001.

Na contramão
Antonio Pizzonia vai fazer um teste na Indy. Só para experimentar. E, para tanto, vai perder o GP de Macau de F-3.


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mariante@uol.com.br



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