O personagem


France Presse
Jacques Villeneuve


A pergunta de hoje

O colunista responde

Aconteceu na semana
Esporte em números
Veja na TV


PENSATA

Sábado, 20 de maio de 2000

Sobre meteoros

José Henrique Mariante
     
Diego Medina

Causou furor, há alguns anos, uma reportagem da revista "Time" sobre bebês. Em poucas palavras, afirmava que várias ligações nervosas do cérebro estão em plena formação durante os primeiros anos de vida, tornando os mesmos vitais para a formação física e psicológica do indivíduo, ou algo assim.

Dessa conclusão derivaram-se outras, algumas sérias, como
o fato de uma criança mal
estimulada ou maltratada na infância ter enormes chances de se tornar um adulto criminoso, outras controversas, como a de que uma criança de dois anos irá aprender uma língua estrangeira mais facilmente que uma mais velha.

A partir disso, elaborei certa vez uma tese estapafúrdia, a de que um piloto de F-1, se não devidamente estimulado em seu início de carreira, tenderia a perecer, se tornar um pária no grid.

Óbvio, não há o mínimo fundamento científico em tal teoria, apenas a conveniência de explicar alguma coisa com outra.

Lembro que, à época, meu grande exemplo era Schumacher e, contra-exemplo, Frentzen, dois pilotos que surgiram juntos, do mesmo ambiente, das mesmas categorias de base.

O primeiro era bicampeão, o segundo, típico frequentador de segundo pelotão, que ganhava a condescendência da mídia mais pela sua solicitude e simpatia do que pelo talento na pista.

No final das contas, abandonei a tese e esqueci do assunto.

Há alguns dias, porém, um experiente piloto brasileiro me escreveu para descrever sua tese pessoal sobre Barrichello. Segundo ele, o atual ferrarista passou muitos anos a bordo de carros ruins, o que, ao contrário do que diz o senso comum, não o obrigavam a andar no limite _afinal, por que arriscar o pescoço para chegar em 11º e não em 13º?

Agora, em um dos melhores carros do grid, andar no limite seria uma obrigação para o piloto, já que a concorrência é muito mais forte. Anos de, digamos, letargia teriam que ser apagados.

A tese se completa com a constatação de que Barrichello tem ou terá plenas condições de se adaptar à nova situação rapidamente, bastando somente um pouco mais de tranquilidade nas próximas corridas.

Imediatamente me lembrei de minha teoria dos bebês, indagando se tanto tempo de filas intermediárias não havia calcificado a habilidade do piloto brasileiro.

Apenas Barrichello pode responder essa pergunta, e tem mais uma dezena de corridas para comprovar a boa forma que o levou meteoricamente à F-1.

E, sobre meteoros, eles surgem aos montes na categoria. Poucos, no entanto, se firmam. Jenson Button, o novo garoto-sensação dos ingleses, é o mais recente exemplar da espécie. De novo, o tempo dará a resposta.

Montoya é outro, e a diferença dele para o resto da Indy está no que faz na pista. Ano passado, com o melhor carro do grid, foi campeão inconteste. Neste, pena com um equipamento nitidamente inferior, mas fazendo pole e liderando corridas.

Barrichello, por diversas razões, perdeu sua primeira chance, claro, sempre a mais viável.

Ganhou outra agora, mas dificilmente terá uma terceira.


NOTAS

Prudência
A Ferrari decidiu ontem não utilizar a nova evolução do 049 em corrida. O propulsor continuará restrito a classificações, o que, em contraste com a evolução demonstrada pela McLaren nas últimas provas, denuncia uma certa falta de confiança no time.

Aposentadoria
Como a boataria cresceu, Hakkinen foi obrigado a desmentir que estaria pensando em pendurar o capacete no final do ano. Nos bastidores, o finlandês está recebendo uma proposta por semana. E não de uma única escuderia.

Previsão
Ensaio da TV alemã para cerimônia do pódio realizado em Nurburgring mostra a expectativa local para a temporada: hasteadas, pela ordem, bandeiras de Alemanha, Reino Unido e Finlândia.




E-mail:
mariante@uol.com.br



Leia mais: