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Michael Schumacher


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PENSATA

Sábado, 22 de abril de 2000
Chefe

José Henrique Mariante
     
 

Schumacher obteve duas vitórias importantes para sua categoria, nas últimas semanas.

Primeiro, conseguiu reverter o veto aos limitadores de velocidade utilizados no pit lane durante treinos e corridas alegando que a segurança no setor iria se deteriorar demais _os pilotos seriam obrigados a dividir sua atenção entre o painel do carro e a intensa movimentação dos boxes.

Depois, fez os organizadores do GP da Inglaterra reconhecerem publicamente a falta de segurança do circuito de Silverstone.

Nenhuma grande conquista, é claro. Mas Schumacher demonstrou que está disposto a falar. E, pior, quem está em roda parece estar com vontade de ouvir.

Talvez pelo fato de ter vencido na abertura do campeonato e liderar de verdade um Mundial pela primeira vez após cinco anos meia-boca de Ferrari, Schumacher está adquirindo estatura, enfim ganhando respeito.

Não do grande público ou da mídia, que o trata como a todos os ídolos, de modo maniqueísta e, por vezes, pueril _desde que Barrichello se tornou seu companheiro, por exemplo, ninguém por aqui fez questão de lembrar das polêmicas decisões de 1994 e 1997, apenas de sua invejável habilidade de piloto de corrida.

Mas Schumacher está, aos poucos, obtendo algo que almejava desde que se tornou bicampeão mundial, em 1995, conseguir se impor dentro da própria F-1. Pode parecer piada tal constatação, mas pouca gente atura o alemão, sua propalada arrogância e seu queixo medonho.

Todos sabem, por exemplo, que Villeneuve detesta seu maior rival na temporada de 1997, a ponto de o canadense não participar da GPDA, a entidade que reúne e defende os interesses dos pilotos.

Poucos sabem, porém, que Schumacher pouco se dá com qualquer piloto do grid, exceção feita, é claro, a seu irmão, Ralf.

Quando do primeiro título, em 1994, foram tantas a polêmicas que envolveram a Benetton que Schumacher só abriu a boca para afirmar, na Austrália, que o título deveria ser de Senna. Um ano depois, já com o segundo título, percebeu que respeito é algo que se vende caro na F-1. Apesar de ter dado um show em Hill durante boa parte da temporada, o filho de Graham era mais ouvido do que ele em questões, digamos, ambientais, por força do lobby da mídia britânica, que precisava fabricar um ídolo, mesmo que ele fosse de araque.

Schumacher só foi merecer um pouco de simpatia do público a partir de 1996, quando da transferência para a Ferrari.

E, agora, com pinta de vencedor, Schumacher começa a perceber essa simpatia se transformar em respeito, admiração. Mas para incrementar isso, o alemão precisa vencer. E vencer bem.

Sem rivais à altura, precisa dar show. Qualquer coisa menos que isso não será suficiente.


NOTAS

Silverstone
A Ferrari responde hoje se vai conseguir atingir seu objetivo primordial na Inglaterra, que é obter a pole. Antes mesmo de Imola, Ross Brawn já afirmava que a escuderia italiana só se daria por satisfeita quando tirasse os McLarens totalmente da primeira fila. Schumacher já invadiu esse terreno na corrida passada. A missão, lógico, inclui Barrichello, que obteve três quartos lugares nas classificações deste ano. Mas, como diz um colega, se só existem quatro carros de verdade no grid, o brasileiro está no último.

Jacarepaguá
Como sempre faz, Emerson Fittipaldi está apelando para tudo e para todos na promoção de sua etapa da Indy, que acontece no próximo final de semana, no Rio. De preços populares a propaganda de TV recheada de traseiros passando por leilões de Internet, está valendo qualquer coisa. Nada, porém, substitui o apoio da TV. Enquanto não resolver essa questão, Emerson pode fazer qualquer coisa, até voltar a pilotar, mas é líquido e certo que a Indy, assim, não vai decolar.

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