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Segunda-Feira, 1º de maio de 2000
Tradição mineira

Cida Santos
     
A conquista do título da Superliga pelo Telemig/Minas tem um significado especial: traz de volta ao topo um clube com tradição no vôlei. E isso não é pouco para um esporte sem memória no país e acostumado com equipes que são feitas e desfeitas de acordo com os departamentos de marketing dos patrocinadores.

O Minas é o único que conta com uma história de diferentes gerações de jogadores, que vão se sucedendo. No primeiro título, em 64, o time tinha Sérgio Bruno. No tricampeonato nos anos 80, Hélder. Neste última conquista, Henrique. Em comum, os três têm o mesmo sobrenome e são da mesma família.

Os jogadores da velha geração também permanecem no clube. Sérgio Bruno é o atual presidente do Minas. O vice, Urbano Brochado, foi seu colega na conquista do título nacional de 64 e também é pai de Urbaninho, um dos levantadores do time nos anos 80.
Tradição significa história, algo raro no vôlei. Vendo a camisa 7 nas costas de Giba é impossível não lembrar de Pelé, o maior atacante do time nos anos 80. Naquela época, o Minas conquistou corações pelo país por ganhar três títulos brasileiros seguidos de Pirelli e Bradesco, times que tinham as feras da seleção.

Tanta tradição também formou uma torcida com comportamento e paixão mais semelhantes a do futebol. Torcedor do Minas entende de vôlei, crítica jogadores, conhece a história do clube e lota ginásios.
O Minas é o time brasileiro que mais se assemelha ao modelo italiano: os patrocinadores vão se alternando ao longo do tempo, ora com mais ou menos verbas, mas o clube permanece com sua estrutura, seu nome e sua história.

O mineiro Cebola, atual técnico do time, fez parte da geração tricampeã brasileira nos anos 80. E a ousadia dele, de colocar na quadra a nova geração de jogadores formada pelo clube, foi uma das responsáveis pela conquista do título.

No último sábado, ele surpreendeu a Unisul duas vezes. O esperado era que o canhoto André Nascimento substituísse Carlão, que cumpria suspensão por uma partida. Mas quem começou jogando foi outro novato: Bruno. A maior ousadia foi deixar o levantador Maurício no banco. Em seu lugar, entrou Rafa.

O fator surpresa acabou desestruturando o adversário. Cebola tem outro mérito: conseguiu que Maurício voltasse a jogar tudo o que sabe. Ele fez partidas primorosas na Superliga e foi um dos responsáveis pela campanha do time.

Para encerrar, vale lembrar o quanto é difícil no país manter um time de vôlei por tantos anos como o Minas. Um exemplo: o Suzano ainda não tem a sua continuidade confirmada. O time procura um novo patrocinador majoritário.

Nas últimas dez temporadas, a equipe conquistou a cidade de Suzano e formou uma torcida. É o time mais vitorioso do país nos anos 90 com três títulos brasileiros e sete paulistas. Uma história dessas está ameaçada de ser interrompida. E assim caminha o vôlei brasileiro.

NOTAS:

Italiano
*O Modena, da atacante brasileira Ana Flávia, precisa de apenas mais uma vitória para conquistar o título do Campeonato Italiano. Na rodada do final de semana, o time venceu o Reggio Calabria, do trio cubano Yumilka Ruiz, Ana Ivis Fernandes e Marlenis Costa, por 3 sets a 1. Foi a segunda vitória do Modena, que é dirigido pela chinesa Lang Ping, na série de cinco partidas da fase final. O próximo jogo será quinta-feira.

Italiano 2
*O Palermo, do brasileiro Marcelinho, foi derrotado ontem pelo Roma por 3 sets a 1, na quarta rodada das semifinais do Campeonato Italiano. Em quatro jogos, o Palermo soma três derrotas e uma vitória. O líder é o Modena, que venceu ontem o Cuneo por 3 sets a 1 e completou quatro vitórias. O Roma está com três vitórias e o Cuneo quatro derrotas. Os dois primeiros colocados se classificam para a final.

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