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Segunda-Feira, 18 de setembro de 2000

A era do saque

Cida Santos
     

Nos primeiros jogos já deu para perceber: a Olimpíada de Sydney, a primeira com as novas regras do vôlei em vigor, consolida a era da força do saque. No masculino, esse fundamento tornou-se decisivo e não há mais mistérios: o campeão olímpico será certamente o time que sacar melhor.

Quem viu a estréia da Rússia contra a Iugoslávia pôde perceber a potência dos saques. Os do atacante russo, Roman Iakovlev, chegaram a 122 km/h. Verdadeiros foguetes. Em Sydney, a maioria dos saques forçados têm superado a velocidade de 100 km/h. O brasileiro Nalbert, contra a Austrália, foi o mais eficiente nesse fundamento e chegou a registrar 116 km/h.

Para se ter uma idéia, no último Campeonato Italiano, que reúne as maiores estrelas do vôlei mundial, o saque mais poderoso foi do russo Stanislav Dineikine com 122,3 km/h. Ou seja, nas primeiras partidas em Sydney, a turma já desceu a mão.

Resultado: com um saque forte, o jogo está ficando mais feio. Com dificuldades na recepção, os times estão atuando com mais bolas altas pelas pontas e algumas de velocidade pelo meio. O levantador mexe pouco os atacantes. Há poucas jogadas com os atletas trocando de posições.

O certo é que a mistura de alguns ingredientes provocaram surpresas nos primeiros jogos do torneio masculino. O equilíbrio das equipes, o nervosismo da estréia e o saque como um fator decisivo geraram tropeções inesperados como o de Cuba, que perdeu por 3 sets a 0 para a Holanda, e o dos Estados Unidos, que sofreram uma derrota para a Argentina por 3 sets a 1.

Esses dois resultados foram um presente para o Brasil. Mesmo que não ganhe dos cubanos no confronto direto, a seleção tem chance de ficar em primeiro lugar da chave no desempate por sets. Mais: no jogo eliminatório das quartas-de-final, o Brasil pode pegar a Argentina, que com a vitória sobre os norte-americanos deu um passo para ficar no quarto lugar da outra chave.

No quesito sorte, o técnico Radamés Lattari não pode reclamar. Além de ser beneficiado com esses resultados, caiu na melhor chave do torneio e na estréia, quando os nervos podem trair um time, enfrentou o adversário ideal. Pegou a Austrália, uma equipe tecnicamente bem inferior. O time brasileiro pôde errar, consertar as falhas e ficar nervoso porque não corria riscos de surpresas.

Difícil fazer algum prognóstico, mas Itália e Rússia parecem os times mais consistentes para chegar à uma final. Iugoslávia e Cuba são irregulares e emocionalmente instáveis. Já o Brasil é um enigma. Pode ser o inferno ou o céu.

No feminino, o que eu, você e todos nós temíamos aconteceu: a levantadora Fofão, a única que não poderia mesmo ficar fora da quadra, está machucada. Luta contra uma inflamação no tendão do tornozelo esquerdo. Para sorte do Brasil, na estréia o adversário foi o frágil time do Quênia. E no segundo jogo, a Austrália, uma seleção sem tradição no vôlei.

O que resta é torcer para que Fofão se recupere logo. Sem ela, o caminho para o Brasil chegar à uma final olímpica fica complicado. No feminino, a previsão é que não haja surpresas. Se tudo correr conforme a lógica dos últimos torneios, as medalhas já têm dono: Cuba, Rússia e Brasil. Só falta definir a ordem.


NOTAS:

Dono da bola
*O Japão não conseguiu se classificar para os torneios de vôlei em Sydney, mas fora das quadras é o dono da bola. O país continuará sendo a sede da Copa do Mundo. Pelo menos, já acertou com a Federação Internacional de Vôlei a organização das três próximas edições do torneio masculino e feminino em 2003, 2007 e 2011. O Japão também já lançou candidatura para organizar o Campeonato Mundial de 2006.



Estrangeiro
*O atacante Robert Czdula já está treinando em Suzano, mas só deve estrear no final do mês. O novo reforço do time do técnico Ricardo Navajas é um atacante de meio romeno, naturalizado austríaco. Tem 31 anos, 2,05 m e passagens pela seleção da Romênia e pelo Ferrara, time italiano. Ele será o terceiro estrangeiro a atuar no Brasil nesta temporada. Os outros dois são o argentino Javier Weber, da Unisa, e o russo Rouslan Olikhver, do Vasco.




E-mail: cidasan@uol.com.br



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