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Segunda-Feira, 30 de outubro de 2000

Lei do silêncio

Cida Santos
     

Diego Medina
Na história do Campeonato Paulista, o grande campeão é o saudoso time do Pirelli, do então levantador William, com oito títulos estaduais na década de 80. Nesta temporada, o Suzano pode igualar essa façanha: a equipe inicia no próximo sábado a luta por mais um título com o Banespa.

Os números impressionam: será a nona final consecutiva disputada pelo Suzano. Nesse período, só perdeu na decisão de 1996 para o Olympikus, de Bebeto de Freitas. Em todos os torneios, o time foi comandado por Ricardo Navajas, um dos candidatos a técnico da seleção brasileira masculina.

*

Na última semana, um assunto movimentou o mundo do vôlei: as declarações do levantador Maurício, publicadas em um jornal de Minas Gerais ("O Tempo") e em outro do Rio de Janeiro ("Jornal do Brasil"), criticando a falta de comando do técnico Radamés Lattari na seleção brasileira.

Diferente do futebol, o vôlei é um esporte com pouca tradição de crítica. A lei é o silêncio geral. Qualquer crítica pública é qualificada como um prejuízo à imagem do chamado "produto vôlei". Em torno de atletas e técnicos, gira sempre o temor de falar demais, de se "queimar" e não ter mais chances na seleção.

Pode-se até questionar se seria ético o jogador fazer críticas apenas depois dos Jogos Olímpicos ou de não ter se manifestado diretamente ao técnico durante a preparação da seleção. Mas há um fato novo que não pode ser desconsiderado: alguém falou e, dentro da estrutura do vôlei, é algo saudável e até corajoso.

É verdade que depois de publicadas as declarações de Maurício, a assessoria da Confederação Brasileira (CBV) divulgou nota informando que tanto a entidade como Lattari não iriam fazer comentários porque "o próprio jogador telefonou ao técnico desmentindo o que foi publicado, dizendo ser tudo invenção".

Ou seja, esse é o tradicional mundo do vôlei. Talvez se houvesse mais a prática de se questionar, criticar, falar, o esporte estaria em melhor situação. Os clubes, atletas, ex-atletas e técnicos teriam de ser mais ouvidos pelos dirigentes.

Um exemplo é a própria indicação do último técnico.

Radamés Lattari foi escolhido pelo presidente da CBV, Ary Graça, sem ter currículo e experiência para dirigir uma seleção brasileira. O resultado final foi um sexto lugar nos Jogos de Sydney, pior colocação do Brasil em Olimpíadas desde Montreal, em 1976.

O certo é que o vôlei é comandado por dirigentes que centralizam o poder e se eternizam em seus cargos. Para se ter uma idéia, Renato Pera está no comando da Federação Paulista desde 1978. Nesses 22 anos, só no período de 1986 a 1989 não exerceu a presidência, mas ficou como vice.

Na Confederação Brasileira, Carlos Arthur Nuzman também foi presidente por cerca de 20 anos. O atual, Ary Graça, assumiu em 97, mas em uma assembléia, no início deste ano, já foi reeleito pelos presidentes das federações para mais um período de quatro anos.


NOTAS:

Retorno
*Aos 37 anos, o atacante Hugo Conte mostra que idade não é problema. Depois de integrar o time titular da Argentina em Sydney, Conte recebeu convite e aceitou: irá defender o Parma, na Itália. Vai substituir o russo Serguei Tetioukhine, que sofreu fraturas na bacia e cotovelo em um acidente de carro e não tem previsão de voltar às quadras. Tetioukhine foi titular da Rússia, vice-campeã olímpica em Sydney.

Italiano
*O Spezzano, time da brasileira Hilma, estreou com derrota no Campeonato Italiano: perdeu por 3 sets a 1 para o Perugia. Hilma foi o destaque do time com 24 pontos assinalados. Mas a sensação da rodada foi a búlgara Antonina Toni Zetova: marcou 40 pontos na vitória por 3 sets a 1 do Bergamo sobre o Ravenna. Já o Macerata, do atacante Nalbert, conseguiu a segunda vitória: venceu o Forli por 3 sets a 1.



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