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Diego
Medina
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Na
história do Campeonato Paulista, o grande campeão é o saudoso time
do Pirelli, do então levantador William, com oito títulos estaduais
na década de 80. Nesta temporada, o Suzano pode igualar essa façanha:
a equipe inicia no próximo sábado a luta por mais um título com
o Banespa.
Os números impressionam: será a nona final consecutiva disputada
pelo Suzano. Nesse período, só perdeu na decisão de 1996 para o
Olympikus, de Bebeto de Freitas. Em todos os torneios, o time foi
comandado por Ricardo Navajas, um dos candidatos a técnico da seleção
brasileira masculina.
*
Na última semana, um assunto movimentou o mundo do vôlei: as declarações
do levantador Maurício, publicadas em um jornal de Minas Gerais
("O Tempo") e em outro do Rio de Janeiro ("Jornal do Brasil"), criticando
a falta de comando do técnico Radamés Lattari na seleção brasileira.
Diferente do futebol, o vôlei é um esporte com pouca tradição de
crítica. A lei é o silêncio geral. Qualquer crítica pública é qualificada
como um prejuízo à imagem do chamado "produto vôlei". Em torno de
atletas e técnicos, gira sempre o temor de falar demais, de se "queimar"
e não ter mais chances na seleção.
Pode-se até questionar se seria ético o jogador fazer críticas apenas
depois dos Jogos Olímpicos ou de não ter se manifestado diretamente
ao técnico durante a preparação da seleção. Mas há um fato novo
que não pode ser desconsiderado: alguém falou e, dentro da estrutura
do vôlei, é algo saudável e até corajoso.
É verdade que depois de publicadas as declarações de Maurício, a
assessoria da Confederação Brasileira (CBV) divulgou nota informando
que tanto a entidade como Lattari não iriam fazer comentários porque
"o próprio jogador telefonou ao técnico desmentindo o que foi publicado,
dizendo ser tudo invenção".
Ou seja, esse é o tradicional mundo do vôlei. Talvez se houvesse
mais a prática de se questionar, criticar, falar, o esporte estaria
em melhor situação. Os clubes, atletas, ex-atletas e técnicos teriam
de ser mais ouvidos pelos dirigentes.
Um exemplo é a própria indicação do último técnico.
Radamés Lattari foi escolhido pelo presidente da CBV, Ary Graça,
sem ter currículo e experiência para dirigir uma seleção brasileira.
O resultado final foi um sexto lugar nos Jogos de Sydney, pior colocação
do Brasil em Olimpíadas desde Montreal, em 1976.
O certo é que o vôlei é comandado por dirigentes que centralizam
o poder e se eternizam em seus cargos. Para se ter uma idéia, Renato
Pera está no comando da Federação Paulista desde 1978. Nesses 22
anos, só no período de 1986 a 1989 não exerceu a presidência, mas
ficou como vice.
Na Confederação Brasileira, Carlos Arthur Nuzman também foi presidente
por cerca de 20 anos. O atual, Ary Graça, assumiu em 97, mas em
uma assembléia, no início deste ano, já foi reeleito pelos presidentes
das federações para mais um período de quatro anos.
NOTAS:
Retorno
*Aos 37 anos, o atacante Hugo Conte mostra que idade não é problema.
Depois de integrar o time titular da Argentina em Sydney, Conte
recebeu convite e aceitou: irá defender o Parma, na Itália. Vai
substituir o russo Serguei Tetioukhine, que sofreu fraturas na bacia
e cotovelo em um acidente de carro e não tem previsão de voltar
às quadras. Tetioukhine foi titular da Rússia, vice-campeã olímpica
em Sydney.
Italiano
*O Spezzano, time da brasileira Hilma, estreou com derrota no Campeonato
Italiano: perdeu por 3 sets a 1 para o Perugia. Hilma foi o destaque
do time com 24 pontos assinalados. Mas a sensação da rodada foi
a búlgara Antonina Toni Zetova: marcou 40 pontos na vitória por
3 sets a 1 do Bergamo sobre o Ravenna. Já o Macerata, do atacante
Nalbert, conseguiu a segunda vitória: venceu o Forli por 3 sets
a 1.
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Leia
mais:
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23/10/00 - Momento especial
16/10/00 - O vôlei que merecemos
09/10/00 - Novo ciclo
02/10/00 - A era Lattari
25/09/00 - Trilha do ouro
18/09/00 - A era do saque
11/09/00 - Sorte em Sydney
04/09/00
- Síndrome olímpica
28/08/00 - Reinado cubano
21/08/00 - Festa cubana
14/08/00 - Aprendizado
07/08/00 - Hora da decisão
31/07/00 - Teste final
24/07/00 - Corrida contra o tempo
17/07/00 - Dificuldades e traumas
10/07/00 - Descompassos
03/07/00 - Alívio
e Classificação
26/06/00 - Avanços
19/06/00 - Sofrimento
12/06/00 - A força do saque
05/06/00 - Contusões e soluções
29/05/00 - Estréia com derrota
22/05/00 - Teste de forças
15/05/00 - O Enigma
08/05/00 - Pesos e medidas
01/05/00 - Tradição
mineira
24/04/00 - Jogo de erros
17/04/00 - Duelo de defesas
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