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Segunda-Feira, 11 de setembro de 2000

Sorte em Sydney

Cida Santos
     

Chegou a hora da corrida em busca do principal objeto de desejo no mundo do esporte: a medalha de ouro olímpica. Beneficiado pelo sorteio das chaves, o vôlei brasileiro terá uma estréia tranquila. Nas duas primeiras rodadas, pegará pela frente adversários sem tradição. O feminino enfrentará Quênia e Austrália. O masculino, Austrália e o Egito.

Nesses jogos, as duas seleções terão condições de superar o inevitável nervosismo da estréia sem riscos de tropeços. O certo é que o vôlei brasileiro não pode reclamar da sorte nos Jogos de Sydney. Os times dos técnicos Radamés Lattari e Bernardinho pegaram o grupo mais fácil e têm condições de terminar a primeira fase em primeiro lugar.

No feminino, além de Quênia e Austrália, o Brasil terá frente China, Croácia e Estados Unidos. Equipes que as brasileiras têm superado nos últimos tempos. É importante a seleção ficar em primeiro ou segundo lugar para não correr o risco de enfrentar nas quartas-de-final, quando o jogo é eliminatório, os primeiros colocados do outro grupo, que deverão ser Cuba e Rússia.

Com uma boa campanha na primeira fase, o Brasil deverá pegar no jogo eliminatório Itália ou Coréia do Sul, duas seleções que têm crescido nos últimos tempos mas que não estão no mesmo patamar das brasileiras. Uma vitória nesse jogo, já valerá vaga nas semifinais.

No torneio feminino, não há mistérios. A própria história confirma pouca alternância de forças. Para se ter uma idéia, nas nove Olimpíadas em que o vôlei foi incluído no programa, apenas quatro países chegaram ao ouro no feminino: Japão, a então União Soviética, China e Cuba. E são quatro novamente em Sydney que têm as maiores chances de medalha: Rússia, Cuba, Brasil e China.
A boa notícia do final de semana foi a volta de Virna aos treinamentos. Principal atacante da seleção brasileira, ela é fundamental para o time tentar superar as russas e cubanas, as grandes candidatas ao ouro olímpico. Há mais de um mês sem jogar por causa de uma contusão no pé, resta saber se ela vai conseguir chegar a sua forma total.

O que também preocupa é a dependência do time em relação à levantadora Fofão. Não há uma reserva à altura dela na seleção. Uma eventual contusão de Fofão, pode colocar tudo a perder.

No masculino, a trajetória inicial é semelhante a do feminino. Além de Egito e Austrália, o time brasileiro pegará Espanha, Holanda e Cuba. Se prevalecer a lógica, brasileiros e cubanos devem decidir o primeiro lugar do grupo. Mas no cruzamento, nas quartas-de-final, a seleção brasileira terá um adversário duro: Rússia, Itália, Estados Unidos ou Iugoslávia.

Vale lembrar que nos Jogos de Atlanta, em 96, o Brasil terminou a primeira fase em segundo lugar, atrás de Cuba, e nas quartas-de-final foi eliminado pela Iugoslávia com uma derrota por 3 sets a 2. Resta torcer para que a história não se repita. Time o Brasil tem para conseguir um melhor resultado em Sydney do que o quinto lugar de Atlanta.


NOTAS:

Suspense
*A Itália, atual tricampeã mundial, começou mal sua trajetória em busca do primeiro título olímpico. Em um dos seus primeiros treinos na Austrália, o líbero Mirko Corsano bateu a cabeça e o pescoço em um pavimento do ginásio. O jogador foi levado ao hospital e agora está usando protetor no pescoço. Apenas na quinta-feira será possível saber se o jogador terá condições de atuar. Como precaução, Alessandro Farina foi convocado e já viajou para a Austrália.

Psicólogo
*A seleção masculina da Argentina contou com o auxílio de um psicólogo na sua preparação para os Jogos de Sydney. Ele se juntou ao grupo depois da derrota por 3 sets a 2 para o Brasil no Pré-olímpico, disputado em janeiro, em São Paulo. Os argentinos depois se recuperaram e conseguiram vaga para Sydney em outro Pré-olímpico, em Portugal, quando eliminaram o Japão, Venezuela e o time da casa.


Quatro Olimpíadas
*O levantador Maurício vai disputar em Sydney sua quarta Olimpíada seguida, marca só alcançada no vôlei brasileiro por três jogadores: Moreno (68, 72, 76 e 80), William (76, 80, 84 e 88) e Amauri (80, 84, 88 e 92). Na seleção italiana, três atacantes também estarão completando quatro participações em Jogos Olimpícos: Giani, Bracci e Gardini.

E-mail: cidasan@uol.com.br

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