As mudanças nos comandos das seleções mostram que a prioridade hoje da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) é a equipe masculina. O feminino, que nos últimos anos se firmou entre as três melhores seleções do mundo, perdeu o técnico Bernardinho para o masculino e nem tem o seu novo comandante definido.
Ou seja: mexe-se no que está dando certo para arrumar o que está errado. É a velha história do cobertor curto: cobre-se a cabeça e descobrem-se os pés.
Repare a diferença: Bernardinho só vai assumir em maio, mas já começa a se preparar para a tarefa. Designou Chico Santos, que foi um de seus auxiliares na seleção feminina, para observar os jogadores na Superliga para uma pré-convocação, em fevereiro, para a Liga Mundial. Ou seja, o trabalho já começou.
No feminino, o técnico só deverá ser indicado em maio. Difícil entender essa decisão da CBV. O melhor seria definir logo um nome. O novo comandante já poderia também fazer algumas observações na Superliga, conversar com jogadoras e se preparar aos poucos para assumir o posto.
Trabalho não vai faltar: a tarefa do novo técnico do feminino vai ser difícil. O parâmetro será sempre Bernardinho e os resultados dos últimos sete anos. É a velha história de entrar em time que está ganhando: a expectativa é alta. Qualquer torneio que o Brasil não seja pódio, já será considerado um mau resultado.
O novo técnico também terá de administrar uma renovação. Da equipe, bronze em Sydney, apenas quatro jogadoras podem ser consideradas da nova geração: Erika, Elisângela, Raquel e Waleswka. As outras oito já serão trintonas nos Jogos de Atenas.
Mais um problema: a nova geração feminina que vem por aí não é tão talentosa quanto às anteriores. Talvez um caminho para o futuro técnico seria formar uma comissão integrada com os treinadores das seleções brasileiras infanto-juvenil e juvenil. Juntos, poderiam administrar melhor essa renovação.
Já a seleção masculina naufragou na "era Radamés Lattari", mas agora há pelo menos um motivo para se esperar um futuro melhor: um técnico, que pelo seu trabalho e estilo, tem tudo para colocar a seleção nos trilhos novamente.
Vale lembrar que Bernardinho foi corajoso: trocou o certo pelo incerto. A CBV ficou em uma posição mais cômoda: colocou nas mãos dele a decisão. Com isso, a Confederação também deixou sobre técnico toda a pressão e responsabilidade pela escolha e pelo futuro das seleções.
Já no mundo dos clubes, o excesso de jogos continua sendo um problema no vôlei brasileiro. Nesta temporada, foram criadas duas competições: a Taça Premium e a Supercopa dos Campeões, que serão disputadas esta semana.
Para que desgastar os atletas com novos torneios se a Superliga Masculina já começa domingo? A maioria dos times paulistas, por exemplo, está vindo já de uma maratona no Campeonato Estadual e nos Jogos Abertos.
Para o feminino, esses dois novos torneios serão menos desgastantes já que a Superliga só começará no dia 2 de dezembro.
NOTAS
Livro de vôlei
*Afastado das quadras, o técnico Bebeto de Freitas volta a atacar. Ele está com um projeto de escrever um livro sobre a trajetória do vôlei no país. Ninguém melhor do que ele para contar essa história: ex-jogador e ex-técnico da seleção e de vários clubes, Bebeto viveu, viu e sabe tudo desse esporte. O livro vai deixar muita gente de orelha em pé.
Italiano
*O Macerata, do brasileiro Nalbert, conquista a quarta vitória no Campeonato Italiano. O time venceu o Parma, do russo Dineikine, por 3 sets a 0 (25/22, 25/23 e 25/20) na rodada do final de semana. A equipe, que também tem duas derrotas, está na vice-liderança. O líder é o Cuneo, do atacante Sartoretti. Nalbert continua com a segunda melhor recepção do torneio, atrás do holandês Bas Van de Goor. No feminino, o Spezzano, da atacante Hilma, perdeu do Firenze por 3 sets a 2. Foi a quinta derrota em seis jogos. O time está em nono lugar.