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Lennox Lewis


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Sexta-feira, 5 de maio de 2000

O médico e o monstro

Eduardo Ohata
     
Diego Medina


O amargo Larry Holmes. Rocky Marciano, o invicto. O falastrão Muhammad Ali. Todos os campeões pesos-pesados poderiam ser definidos em uma só palavra, menos o britânico Lennox Lewis.

Após a performance do último sábado, Lewis, que demoliu em dois assaltos o promissor Michael Grant, porém, pode vir a ser lembrado como ‘‘o errático’’. Ou, para quem preferir algo mais poético, ‘‘Dr. Jeckyll e Mr. Hyde’’.

O gigante Grant (2,01 m e 113,5 kg) não era nenhuma ‘‘galinha- morta’’. Ao contrário de outros boxeadores protegidos, venceu um bom nível de adversários antes do malfadado desafio ao britânico Lewis (1,96 e 112,1 kg): Andrew Golota, Lou Savarese, David Izon e Jorge Luís Gonzalez.

Anteriormente, Lewis-Hide já havia surpreendido ao demolir, em apenas um assalto, o forte polonês Golota, que foi para o combate com o moral de quase ter vencido Riddick Bowe em duas oportunidades seguidas.

Mas nem a lembrança dessas duas performances fulminantes apagam as imagens de suas apresentações como Dr. Jeckyll, contra Zeljko Mavrovic, Ray Mercer, Evander Holyfield (na revanche), Oliver McCall e Mike Weaver.

Mas ao menos Lewis sempre poderá apontar com orgulho os massacres sobre Grant e Golota. Agora, Lewis colocará os cinturões em jogo contra o sulafricano Frans Botha, no dia 15 de julho, em Londres, segundo o seu empresário, Panos Elíades.

Motivo de piada no passado, Botha vem ganhando respeito. Depois de ser nocauteado por Tyson após estar ganhando a luta por pontos, empatou com Shannon Briggs. Os fãs do boxe não vão dar bola para o fato de Lewis ter perdido o cinturão da AMB (Associação Mundial de Boxe) no tapetão, em uma manobra do infame promotor de lutas Don King.

Importante é que o britânico não perdeu o cinturão dentro do ringue. Convém também lembrar que Lewis tem a tradição a seu lado, pois é o campeão linear (bateu Shannon Briggs, que venceu George Foreman, que derrotou Michael Moorer, que havia toma­ do o cinturão de Holyfield).

Ou seja, pode-se traçar uma ‘‘árvore genealógica’’ até o pri­ meiro campeão mundial dos pesos-pesados, o americano John L. Sullivan, provando que o britânico é o seu ‘‘descendente’’.

Qual será a tradição do cinturão que o vencedor do combate entre Holyfield e John Ruiz, pelo título vago, em junho, levará para casa? Sua ‘‘árvore genealógica’’ começará e terminará naquela mesma luta, não terá história.

O inglês agora corre o risco de perder outro cinturão, o da Federação Internacional, que estipulou que Lewis deve enfrentar o primeiro do ranking David Tua, chamado de ‘‘o novo Tyson’’, até novembro. Representantes dos pugilistas já conversam.

A possibilidade não é grande, mas é possível que Lewis em breve fique só com o cinturão do Conselho Mundial de Boxe e faça juz a outro apelido: ‘‘a vítima’’.



NOTAS

Inglês 1
Por causa de um problema no punho, o meio-médio-ligeiro Kelson Carlos Santos, com vaga garantida em Sydney, será o desfalque no grupo de pugilistas olímpicos que disputam desafio contra a França, na terça-feira, no Baby Barioni, em São Paulo, com entrada franca. O substituto do baiano será Juliano Ramos. Também estarão enfrentando rivais franceses Valdemir Pereira, Emerson Marques, José Archak e Laudelino Barros, que, a exemplo de Santos, também já assegurou vaga em Sydney.

Brasil
No próximo dia 12, o baiano Reginaldo ‘‘Hollyfield’’ Andrade concede revanche a Jim Kelly, em Lauro de Freitas, na Grande Salvador, na Bahia, em programação que sofreu adiamento por causa das chuvas. Em outra apresentação, o irmão de Popó, Luís Claudio, enfrenta Antônio Soares, entre pesos-penas.


E-mail
: eohata@folhasp.com.br


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