Diego
Medina
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O lutador com mais habilidade e potencial não
é, necessariamente, o melhor pugilista do mundo aos
olhos do público. Foi o que demonstrou uma pesquisa
realizada no último final de semana pela emissora norte-americana
de TV a cabo HBO.
Embora Roy Jones Jr. (que manteve o título unificado
dos meio-pesados com um show na última semana sobre
Richard Hall) seja considerado pelos especialistas (inclusive
por esta coluna) o melhor lutador do mundo atualmente, os
fãs discordam.
Os telespectadores que participaram da votação
promovida pela HBO optaram por conferir a honra ao campeão
dos meio-médios pelo CMB (Conselho Mundial de Boxe),
Oscar de la Hoya, que acabou ficando com 43% dos votos. Roy
Jones teve de engolir a segunda colocação, com
36%.
Na terceira posição ficou o ex-campeão
dos pesos-pesados Evander Holyfield, com 21%. À primeira vista, o público foi seduzido
pelo marketing que envolve a figura de De la Hoya, pois a
velocidade das mãos e a pegada de Roy Jones Jr. não
têm paralelo.
Só para lembrar, foi justamente Roy Jones
Jr. que unificou os cinturões dos meio-pesados pela
primeira vez em 14 anos. Fora isso, ele raramente perde assaltos,
tal a facilidade com que domina os adversários (a única
derrota aconteceu por desclassificação).
Mas, na realidade, são os adversários
de um campeão que definem o seu lugar na história. O fato é que De la Hoya foi beneficiado pela
existência de um rico elenco de coadjuvantes em todas
as categorias por que passou: Félix Trinidad, Júlio
César Chávez, Ike Quartey, John John Molina,
Hector Macho Camacho, Pernell Whitaker,
Jorge Paez e Rafael Ruelas, só para citar os campeões
em seu currículo.
Algo parecido ocorreu com Muhammad Ali, principalmente
nos anos 70. É improvável
que Ali fosse tão idolatrado hoje em dia se não
tivesse desenvolvido carreira no período
mais fértil entre os pesos-pesados, com rivais como
George Foreman, Joe Frazier, Ken Norton, Jerry Quarry, Sonny
Liston, Mac Foster, Oscar Bonavena, Floyd Patterson etc.
Somente enfrentando adversários com o potencial
para vencê-los os campeões podem mostrar uma
das maiores qualidades que um pugilista pode ter: coragem,
fibra, estômago, colhões.
E quais os maiores nomes no cartel de Roy Jones
Jr.? Um valente, mas indisciplinado James Toney, Bernard Hopkins,
um idoso Mike McCallum e Virgil Hill, que já estava
em fim de carreira.
Mas nenhum deles chegou nem perto de testar Roy
Jones Jr, tal a facilidade com que o boxeador domina todos
os seus adversários. Não é culpa de Roy Jones Jr. não
contar com rivais à altura, que exijam que ele demonstre
até onde vão os limites de sua habilidade.
Está
fora de seu poder ter nascido em um período mais rico
para suas categorias de peso, mas ele acaba sendo punido (assim
como ocorria com Whitaker, que no auge de sua carreira foi
imbatível) pela falta de desafios de peso.
E isso afeta também a maneira como os historiadores
analisarão sua carreira no futuro. Mas
isso não deveria ser razão para os fãs
não perceberem que estão presenciando o desenrolar
da carreira de um lutador muito especial.
Notas
Brasil 1
Roberto Messias, membro da equipe de Popó, anunciou a data em que Luís Cláudio, irmão do campeão dos superpenas pela Organização Mundial tentará o cinturão dos supergalos pela mesma entidade: dia 17 de junho, no México, contra Marco Antonio Barrera. Popó, aliás, é favorito na proporção de 6 para 1 nas bolsas de apostas para vencer Lemuel Nelson, em sua estréia na HBO.
Brasil 2
Laudelino Barros foi vítima de um erro durante o Desafio Brasil x França, na última semana. Descobriu-se que um jurado havia somado errado os pontos das papeletas, conferindo, equivocadamente, a vitória ao francês.
Brasil 3
Acontece na terça, no ginásio Baby Barioni, a final do torneio Forja de Campeões.
E-mail: eohata@folhasp.com.br
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