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Sexta-feira, 13 de outubro de 2000

Grand Slam

Eduardo Ohata
     

Diego Medina

Quem é Leo Gamez? Nesta semana, o venezuelano se tornou o primeiro sul-americano a conquistar o ''Grand Slam'' do pugilismo (o termo foi cunhado pelo norte-americano Ron Scott Stevens, ex-editor da extinta publicação ''Boxing Beat''), ou seja, a conquistar cinturões em quatro categorias de peso (palha, a mais leve do boxe profissional, mosca-ligeiro, mosca e supermosca).

Assim, aos 37 anos, Gamez é o segundo boxeador latino a realizar tal feito (o legendário pana menho Roberto ''Manos de Piedra'' Durán foi o primeiro, tendo sido campeão dos leves, meio-médios, médios-ligeiros e médios).

E, em toda a história, além de Gamez e Durán, só três pugilistas, todos com certeza futuros membros do Hall da Fama, ganharam títulos em quatro ou mais categorias de peso: os norte-americanos Pernell Whitaker (leves, meio-médios-ligeiros, meio-médios e médios-ligeiros), Thomas Hearns e ''Sugar'' Ray Leonard.

Os dois últimos, aliás, foram campeões em cinco categorias (meio-médios, médios-ligeiros, médios, supermédios e meio-pe sados), mas seus feitos deveriam vir marcados com asteriscos, pois tiveram suas tarefas facilitadas.

Leonard contou com o apoio do CMB (Conselho Mundial de Boxe), que sancionou seu combate contra o canadense Donny ''Golden Boy'' Lalonde, em 1988, como sendo válido por dois títulos de uma vez só (o dos supermédios e o dos meio-pesados), para se tornar o primeiro pentacampeão.

Hearns, por sua vez, para cole cionar cinco títulos, contou com a dúbia distinção de ter sido o pri meiro campeão da OMB (Organização Mundial de Boxe), quando esta contava com ainda menos prestígio do que hoje (a OMB tem crescido na Europa, mas não é le vada muito a sério dentro dos EUA, a capital do pugilismo).

Bateu o ordinário James Kin chen, em decisão discutível.

Considerando que Gamez al cançou um feito tão complicado, mesmo atualmente, quando há múltiplas divisões de peso e entidades controlando o boxe, é curioso notar que, com exceção de pequenas notas em jornais ou em sites especializados, o feito do venezuelano passou despercebido pela imprensa internacional.

Quando os ''nomes'' ganharam seus quartos títulos, tiveram di reito a ampla exposição na mídia.

A explicação mais plausível pa ra isso é o fato de Gamez ter sido campeão nas quatro categorias mais leves do pugilismo (outro caso semelhante é o do mexicano Ricardo Lopez, campeão dos moscas-ligeiros: é um dos melho res do mundo há tempos, mas poucos ouviram falar dele).

Mas quem quiser conhecer um pouco mais do ''esquecido'' Gamez, incluindo sua última vitória, sobre o japonês campeão Hideki Todaka, no sétimo assalto, na casa do adversário, pode acessar o cartel profissional completo nesta coluna.

E lembrar que os boxeadores deveriam ser medidos por suas realizações sobre o tablado, e não julgados por sua massa corporal (vide o caso do brasileiro bicampeão mundial Eder Jofre, um dos maiores pugilistas da história).


NOTA

Aqui
O invicto leve Edson do Nascimento, o Xuxa, embarca hoje para o México para retomar os treinamentos com o treinador Romulo Quirarte.


Logo, os jurados não serão mais necessários. É que virou moda os dirigentes desconsiderarem as papeletas dos jurados para impor suas decisões. No sábado, Paulie Ayala bateu o eterno favorito desta coluna, Johnny Tapia, por decisão dos jurados. O presidente da inexpressiva IBA (Associação Internacional de Boxe), Dean Chance, porém, presenteou o perdedor com o cinturão. No início do ano, o presidente da Organização Mundial de Boxe, Francisco Valcarcel, ‘‘deu’’ o cinturão para Marco Antonio Barrera, perdedor para Erik Morales. E depois essas entidades recentes ainda reclamam por não ter credibilidade...



E-mail: eohata@folhasp.com.br


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