Diego
Medina
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Quem
é Leo Gamez? Nesta semana, o venezuelano se tornou o primeiro
sul-americano a conquistar o ''Grand Slam'' do pugilismo (o
termo foi cunhado pelo norte-americano Ron Scott Stevens,
ex-editor da extinta publicação ''Boxing Beat''), ou seja,
a conquistar cinturões em quatro categorias de peso (palha,
a mais leve do boxe profissional, mosca-ligeiro, mosca e supermosca).
Assim, aos 37 anos, Gamez é o segundo boxeador latino a realizar
tal feito (o legendário pana menho Roberto ''Manos de Piedra''
Durán foi o primeiro, tendo sido campeão dos leves, meio-médios,
médios-ligeiros e médios).
E, em toda a história, além de Gamez e Durán, só três pugilistas,
todos com certeza futuros membros do Hall da Fama, ganharam
títulos em quatro ou mais categorias de peso: os norte-americanos
Pernell Whitaker (leves, meio-médios-ligeiros, meio-médios
e médios-ligeiros), Thomas Hearns e ''Sugar'' Ray Leonard.
Os dois últimos, aliás, foram campeões em cinco categorias
(meio-médios, médios-ligeiros, médios, supermédios e meio-pe
sados), mas seus feitos deveriam vir marcados com asteriscos,
pois tiveram suas tarefas facilitadas.
Leonard contou com o apoio do CMB (Conselho Mundial de Boxe),
que sancionou seu combate contra o canadense Donny ''Golden
Boy'' Lalonde, em 1988, como sendo válido por dois títulos
de uma vez só (o dos supermédios e o dos meio-pesados), para
se tornar o primeiro pentacampeão.
Hearns, por sua vez, para cole cionar cinco títulos, contou
com a dúbia distinção de ter sido o pri meiro campeão da OMB
(Organização Mundial de Boxe), quando esta contava com ainda
menos prestígio do que hoje (a OMB tem crescido na Europa,
mas não é le vada muito a sério dentro dos EUA, a capital
do pugilismo).
Bateu o ordinário James Kin chen, em decisão discutível.
Considerando que Gamez al cançou um feito tão complicado,
mesmo atualmente, quando há múltiplas divisões de peso e entidades
controlando o boxe, é curioso notar que, com exceção de pequenas
notas em jornais ou em sites especializados, o feito do venezuelano
passou despercebido pela imprensa internacional.
Quando os ''nomes'' ganharam seus quartos títulos, tiveram
di reito a ampla exposição na mídia.
A explicação mais plausível pa ra isso é o fato de Gamez ter
sido campeão nas quatro categorias mais leves do pugilismo
(outro caso semelhante é o do mexicano Ricardo Lopez, campeão
dos moscas-ligeiros: é um dos melho res do mundo há tempos,
mas poucos ouviram falar dele).
Mas quem quiser conhecer um pouco mais do ''esquecido'' Gamez,
incluindo sua última vitória, sobre o japonês campeão Hideki
Todaka, no sétimo assalto, na casa do adversário, pode acessar
o cartel profissional completo nesta coluna.
E lembrar que os boxeadores deveriam ser medidos por suas
realizações sobre o tablado, e não julgados por sua massa
corporal (vide o caso do brasileiro bicampeão mundial Eder
Jofre, um dos maiores pugilistas da história).
NOTA
Aqui
O invicto leve Edson do Nascimento, o Xuxa, embarca hoje
para o México para retomar os treinamentos com o treinador
Romulo Quirarte.
Lá
Logo, os jurados não serão mais necessários. É que virou moda
os dirigentes desconsiderarem as papeletas dos jurados para
impor suas decisões. No sábado, Paulie Ayala bateu o eterno
favorito desta coluna, Johnny Tapia, por decisão dos jurados.
O presidente da inexpressiva IBA (Associação Internacional
de Boxe), Dean Chance, porém, presenteou o perdedor com o
cinturão. No início do ano, o presidente da Organização Mundial
de Boxe, Francisco Valcarcel, ‘‘deu’’ o cinturão para Marco
Antonio Barrera, perdedor para Erik Morales. E depois essas
entidades recentes ainda reclamam por não ter credibilidade...
E-mail: eohata@folhasp.com.br
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