Diego
Medina
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O
encontro entre os pesos pesados Mike Tyson e Andrew Golota
tem como principal atrativo o fato de ambos serem lutadores
notoriamente sujos. Mas o fato é que, embora faltosos, eles
não podem ser considerados ‘‘farinha do mesmo saco’’.
Sim, ‘‘Iron’’ Mike é mestre em usar procedimentos proibidos,
mas ele os utiliza em proveito próprio, buscando prejudicar,
enfraquecer, intimidar os rivais ao aplicar cotoveladas, desferindo
(e acertando) golpes após o gongo, torcendo braços, em busca
da vitória a todo e qualquer preço.
No caso das mordidas nas orelhas de Evander Holyfield, foi
uma forma de escapar de uma humilhante derrota, mantendo assim
a aura de ‘‘bad boy’’. Mas até agora Tyson nunca jogou uma
vitória certa no lixo por causa de golpes irregulares.
Já Golota, por sua vez, ganhou notoriedade por perder dois
combates que tinha nas mãos contra o ex-campeão Riddick Bowe
por causa de socos aplicados bem abaixo da linha de cintura.
Há quem acredite, e eu me incluo aí, que o polonês recorreu
aos golpes baixos ao perceber que seu adversário não iria
ser nocauteado, o que abriria a possibilidade de ele virar
a luta. E Golota te ria entrado em pânico.
Em sua derrota mais recente, para Michael Grant, Golota novamente
vinha ganhando aos pontos até que, ao ser derrubado no décimo
assalto, disse ao árbitro que preferia não prosseguir.
Contra o campeão Lennox Lewis, o polonês ficou paralisado
de medo, sendo nocauteado logo no assalto inicial. Depois,
justificou sua decepcionante atuação ao explicar que um medicamento
havia afetado sua performance.
‘‘Quando você vê a palavra covarde no dicionário, há ao lado
uma foto de Golota’’, disse Emanuel Steward, técnico de Lewis.
Na verdade, o polonês só confirma a crença de que, por melhor
que tenham sido suas atuações, não se pode confiar em lutadores
que ganharam fama em derrotas.
Ainda assim, existem aqueles que apostam em Golota. John Beyroot,
da Showtime, resumiu a situação ao conversar comigo nesta
semana. ‘‘Golota não é (fraco como Lou) Savarese (a última
vítima de Tyson). Pode haver surpresa.’’ Não acredito nessa
hipótese, mas o argumento é válido.
Uma última observação: é absurda a falta de consideração das
TVs brasileiras para com o público. Nenhuma exibirá a luta.
*
Mais um sinal de que Popó, 25, vem ganhando respeito no meio
pugilístico. Ao conversar (por telefone) com este colunista,
Frank Garza, o árbitro do combate de Tyson, disse, espontaneamente,
ao descobrir que falava com um brasileiro, que ‘‘seu país
tem um campeão do qual vocês podem se orgulhar, Acelino Freitas’’.
Com a ascensão de Diego Corrales para os leves, o baiano é
considerado por muitos o segundo melhor superpena do mundo.
Para ler a última edição do ranking independente feita por
jornalistas (atualizado mensalmente) e comprovar isso, basta
acessar a versão on line desta coluna.
NOTA
Vitor Belfort 1
Segundo Juanito Ibarra, novo técnico de boxe de Vitor Belfort
(o lutador brasileiro de vale-tudo), seu pupilo estreará como
boxeador profissional no início do próximo ano. Sua primeira
luta, prevista para quatro assaltos, seria promovida pelo
sul-africano Cedric Kushner, especialista em pesados (este
não confirma que o negócio esteja fechado, mas admite que
há negociações). Um ponto positivo para Belfort é sua nova
postura. Batido pelo amador Marcelino Novaes, admite que ‘‘está
aprendendo’’.
Vitor Belfort 2
O brasileiro não pretende abandonar o vale-tudo. Um dos compromissos
seria a primeira edição do World Fighting Championship, que,
promovido pelo brasileiro Sergio Batarelli, aconteceria na
Califórnia, nos EUA, em 2001, reunindo oito países.
E-mail: eohata@folhasp.com.br
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